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António Chainho_2Santiago do Cacém acolhe no sábado, 9 de Maio, “o programa mais original, mas também o mais arriscado do Terras sem Sombra em 2015, ao incorporar oito obras do século XXI no seu repertório”, assegura Juan Ángel Vela del Campo, diretor artístico do Festival.

Numa experiência única na abordagem da música religiosa, o Festival Terras sem Sombra promove um diálogo entre guitarras, celebrando meio século de carreira deste grande intérprete alentejano.

O concerto conta com a presença de um dos génios da guitarra dos nossos dias, o alemão Jürgen Ruck, e com um diversificado programa, que inclui duas estreias mundiais.

A 9 de Maio, pelas 21h30, Santiago do Cacém traz, pela primeira vez, António Chainho à sua notável Igreja Matriz.

Intitulado O Tempo e o Modo: Diálogos entre Guitarras, este concerto, marcado pelo facto do popular e do erudito conviverem lado a lado, insere-se na programação da 11ª edição do Festival, iniciativa do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, neste caso em parceria com o Município de Santiago do Cacém.

Lagoa de Santo André_1

No domingo, como de costume, uma ação em prol da biodiversidade destacará a ocupação humana e a consequente evolução do ecossistema lagunar de Santo André.

Todos os concertos e atividades do Terras sem Sombra – que decorrerão até 4 de Julho – são de entrada gratuita, oferecendo oportunidades únicas para se conhecer um Sul diferente.

Com a estreia mundial de “Si amanece, nos vamos”, de uma compositora portuguesa da nova geração que triunfa na Alemanha, Rita Torres, esta noite ficará marcada com a “força de novas criações e com a eternidade das de sempre”, destaca o diretor artístico do festival.

Rita Torres está a terminar um doutoramento em Ciência e Tecnologia das Artes na Universidade Católica Portuguesa, tendo já diplomas em Engenharia Química, Guitarra, Musicologia/Informática Musical e Composição.

Escolhendo o Capricho que faz jus ao seu nome, tendo como pano de fundo a fusão do divino e do humano que brota das composições de Goya, esta peça “interpretará a silhueta negra como o símbolo do Diabo prestes a chegar”.

Mas haverá ainda outra estreia, “Esto sí que es leer”, do uruguaio Eduardo Fernández, outra figura de referência da música internacional.

“É desta forma, trazendo até ao Alentejo experiências inéditas, de certo modo irrepetíveis, que o Terras sem Sombra”, salienta o seu diretor-geral José António Falcão, “põe em diálogo as grandes páginas do passado e a criação contemporânea; invocamos para tal uma visionária tradição de mecenato artístico da Igreja, como promotora das artes”.

António ChainhoAntónio Chainho, alentejano de 76 anos, “vai evocar neste concerto, na sede do concelho onde nasceu, o sentimento interior de um país e dos seus habitantes: o fado, a melancolia, as emoções à flor da pele”, explica Vela del Campo.

Com uma já longa carreira de 50 anos, iniciada na célebre Severa, em Lisboa, é um conhecedor profundo das potencialidades da guitarra portuguesa. É também um criador, que ajudou a divulgar as potencialidades deste instrumento a um nível global, trazendo-o à ribalta em grandes palcos do mundo e promovendo o interesse de jovens compositores e intérpretes por ele.

José António Falcão vai ainda mais longe: “Mestre António Chainho tentou e conseguiu libertar a Guitarra Portuguesa das amarras do Fado”. “Deu-lhe uma nova dimensão, casando-a com outros instrumentos, outras vozes, outras culturas e formas de viver a música, como muito bem atesta o sucesso da sua discografia”, acrescenta.

Jürgen RuckA par de Chainho, a noite será acompanhada pela guitarra clássica de Jürgen Ruck, o mais notável guitarrista alemão da atualidade, e que, por ocasião de um concerto na Staatsgalerie, de Stuttgard, lançou um desafio a vários compositores: escreverem peças curtas, mas incisivas, em que o ponto de partida fosse um dos Caprichos, de Francisco de Goya.

“Os autores de Caprichos Goyescos são alguns dos mais destacados representantes da Nova Música”, frisa Jürgen Ruck, “e as suas peças musicais constituem obras de arte muito próprias, que seguem determinadas regras intramusicais, sendo fascinante observar como cada um dos convidados reagiu ao «seu» Capricho”, confessa o artista.

O repertório que vai ser interpretado em Santiago do Cacém sobressai pela ousada amplitude internacional, com diferentes composições de Portugal, Espanha, Uruguai, Austrália, Itália e Alemanha.

Juan Ángel Vela del Campo destaca ainda, neste estudado programa, o “Breviario de espejismos”, da compositora sevilhana Elena Mendoza, atualmente catedrática de Composição na Universität der Künste, de Berlim. “Mendoza, que assistirá ao concerto, causou uma profunda comoção no setor lírico-teatral com a sua última ópera, «Niebla», baseada num texto de Unamuno, de forte ressonância espiritual”, afirma Vela del Campo.

Fazem também parte desta programação obras do espanhol José María Sánchez Verdú, da australiana Cathy Milliken, dos italianos Bruno Dozza e Maurizio Pisati e do alemão Bernd Franke. “O século XXI reclama o seu protagonismo”, acrescenta Juan Ángel Vela del Campo, “e fá-lo com a novidade de novas criações e com a eternidade das de sempre”. A experiência promete ser emocionante.

 

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Destacar a pegada humana no ecossistema lagunar de Santo André

Manhã cedo de domingo, 10 de Maio, decorrerá uma nova ação orientada para a salvaguarda da biodiversidade, sob o mote “Zonas Húmidas: Sistemas Biodiversos e Frágeis”.

A iniciativa conta com o apoio da Reserva Natural das Lagoas de Santo André e Sancha, do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, e trará a Santiago do Cacém vários especialistas.

Segundo Pedro Rocha, diretor regional da Conservação e da Natureza e das Florestas do Alentejo, “as zonas húmidas são sistemas extremamente ricos, mas, simultaneamente, muito vulneráveis”.

E sublinha: “fornecem inúmeros e valiosos serviços de ecossistemas, entre eles os do controlo de cheias, da recarga de aquíferos e da mitigação das alterações climáticas”.

José António Falcão, diretor-geral do Terras sem Sombra, corrobora essa ideia: “trata-se de um setor-chave do litoral alentejano, muito sensível à pressão da atividade humana, e que requer, por isso mesmo, uma atenção redobrada por parte da sociedade civil”.

Esta ação convida, para se juntarem a ela como voluntários, artistas, público e membros das comunidades locais, sem esquecer os responsáveis políticos, com o firme propósito de caminharem juntos pela costa da Lagoa de Santo André e espaços adjacentes.

Aí serão observados os vários elementos naturais que caracterizam uma paisagem de marcado cariz atlântico e os seus relacionamentos com a presença humana, sensibilizando os participantes (e, através deles, a “aldeia global”) para a necessidade de compatibilização dos usos antrópicos dos recursos naturais existentes – nesta húmida zona de maternidade de inúmeras espécies, ponto de abrigo privilegiados para muitas delas.

Ao longo de um percurso pedestre, temas candentes, como a poluição, o assoreamento, a pesca intensiva e a pressão turística serão evidenciados, havendo ainda espaço para salientar a riqueza faunística desta Reserva Natural, com a observação de aves aquáticas.

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