Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility

naturezaSíndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), gripe das aves, pneumonia atípica (ou síndrome respiratória aguda grave, SARS), rubéola, malária. São exemplos de doenças que afetam os seres humanos, mas nem sempre foi assim. Por exemplo, até cerca de 1920, a SIDA apenas afetava chimpanzés; a transmissão para humanos deveu-se à caça e ingestão de chimpanzés contaminados.

Hoje sabemos que muitas das doenças infetocontagiosas que afetam o Homem são zoonoses, ou seja, tiveram origem em animais, em muitos casos em espécies selvagens, e que a transmissão para humanos derivou de ações sobre a natureza, como a ocupação de espaços naturalmente ocupados por animais selvagens.

A diversidade biológica, designada por biodiversidade, engloba a diversidade que encontramos entre indivíduos de uma mesma espécie até à complexa interação que diferentes espécies estabelecem entre si em diferentes partes do globo, os ecossistemas.

Esta rede de contactos que carateriza a natureza depende de um equilíbrio que vem sendo ameaçado pelo uso não racional dos recursos naturais.

O crescimento populacional e as migrações são outros fatores que influenciam negativamente este equilíbrio e estão na origem de muitas doenças.

Na verdade, há muito se conhece o efeito das migrações sobre a saúde. Veja-se o exemplo da chegada dos portugueses e espanhóis à América do Sul durante os séculos XV e XVI: cerca de 50 milhões de mortes entre os nativos devido à introdução da varíola, tifo e rubéola pelos conquistadores.

Turismo de naturezaO que se passa atualmente é que a pressão sobre os ecossistemas e a perda de biodiversidade atingiu níveis sem precedentes na história da humanidade.

Estima-se que anualmente morram cerca de dois milhões de pessoas por doenças transmitidas ao Homem por animais domésticos e selvagens.

Numa parceria para unir esforços na prevenção da doença e proteção da biodiversidade, a Convenção para a Diversidade Biológica e a Organização Mundial de Saúde lançaram em Fevereiro passado o relatório “Ligando prioridades globais: biodiversidade e saúde humana”, no qual detalham a complexa mas extensa relação entre biodiversidade e saúde humana.

Para além do perigo do aparecimento, ou reaparecimento, de doenças infetocontagiosas, a perda da biodiversidade põe em causa a saúde humana porque é da biodiversidade que depende a qualidade do ar e da água, a nossa alimentação, a nossa medicina ou a prevenção de muitos desastres naturais.

E, claro, não nos podemos esquecer dos benefícios que uma bonita paisagem natural nos propicia. Quem nunca se sentiu mais relaxando quando rodeado por um espaço verde?

 

Quem é Rita Campos, a autora deste artigo?

Licenciada e doutorada em Biologia pela Universidade do Porto, é atualmente investigadora de pós-doutoramento no Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/InBIO).

O objetivo geral da sua investigação é tentar conhecer melhor a biodiversidade através da análise dos padrões da sua variabilidade genética.

Desde 2009 dedica uma parte do seu tempo a projetos de educação não-formal e comunicação de ciência.

Tem particular interesse pelos temas da evolução biológica e biodiversidade e por desenvolver projectos que envolvam a participação ativa do público.

É membro fundadora da Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva (APBE) e do seu Núcleo de Educação e Divulgação (NEDE-APBE).

sulinformacao

Também poderá gostar

Sul Informação

Há novos dados sobre o Jurássico de Peniche

Um estudo internacional em que participou Luís Vítor Duarte, docente e investigador da Faculdade

Sul Informação

O sexo importa? Para os morcegos, sim

Um novo estudo demonstra que, para os morcegos, o sexo importa: machos e fêmeas

Sul Informação

Julho, o mês em que a Terra está mais afastada do Sol

O mês de Junho irá contar com dois quartos crescentes, uma das melhores fases