Chegaram a dominar quase toda a Península Ibérica, a partir de Córdoba, e foram uma das grandes dinastias de califas árabes da história.
Cerca de mil anos depois, o projeto de turismo cultural «Rota Omíada» pegou no legado da dinastia com o mesmo nome, dando a conhecer a história comum de regiões de sete países da bacia do Mediterrânico, entre as quais o Algarve, promovendo a divulgação do seu património material e imaterial.
Em Portugal, o projeto está a ser dinamizado, em conjunto, pela Região de Turismo do Algarve e pela Direção Regional de Cultura do Algarve, entidades que promoveram o Encontro Internacional de Turismo Cultural – Projeto Umayyad, esta quarta-feira, no Museu Municipal de Faro.
Esta foi uma oportunidade para juntar os parceiros internacionais do projeto, ao mesmo tempo que se deu a conhecer o trabalho realizado, até aqui.
No caso do Algarve, a iniciativa começou a ser implementada no final de 2013, altura a partir da qual foram «identificados os vestígios relativos a esse período e os municípios que se quiseram associar», que são 11 dos 16 existentes no Algarve.
«Há aqui uma herança cultural, que tem a ver com o património islâmico, cuja importância para o Algarve já foi reconhecida há muito e nos interessa dar a conhecer. Muito do que somos hoje deriva desta influência – quer na nossa toponímia, quer nos nossos hábitos -, que nós, muitas vezes, nos esquecemos de valorizar», ilustrou a diretora Regional de Cultura Alexandra Gonçalves, à margem do encontro.
«Vamos poder ver como os povos de então viviam, que jogos faziam, as suas tradições… tudo isso influenciou a nossa forma de estar, hoje. Por um lado, há um património material que perdurou até aos nossos dias e, por outro, património imaterial e muita história, que poderão contribuir para uma nova atratividade da região, em termos turísticos», acrescentou.
«Esta rota procurará juntar o património Omíada com outro, também existente no território. No fundo, trata-se de dar a conhecer um potencial que o Turismo do Algarve, nesta relação cada vez mais próxima com a Cultura, tem. Os turistas não querem passar o tempo todo deitados na areia ou a jogar golfe. Querem variar, querem outras ofertas», considerou, por outro lado, o presidente da Região de Turismo do Algarve Desidério Silva.
Esta Rota irá percorrer os concelhos de Alcoutim (Alcoutim e Martinlongo), Vila Real de Santo António (VRSA, Cacela Velha), Tavira, São Brás de Alportel, Faro (Faro e Estoi), Loulé (Vilamoura), Silves, Monchique, Portimão (Alvor), Aljezur e Vila do Bispo (Cabo de São Vicente).
2016 deverá ser ano «de grande desenvolvimento» para a Rota Omíada
Depois do trabalho preparatório, já realizado, os promotores do projeto «Rota Omíada», no Algarve, passaram a uma nova fase. «Agora, estamos a definir os outros parceiros para além das autarquias, que deverão ser, essencialmente, privados», revelou a diretora Regional de Cultura do Algarve. «Penso que 2016 será o ano de grande desenvolvimento deste projeto», acredita.
Outro dos trabalhos a desenvolver, até final de 2015, é a elaboração de um guia em papel, sobre a Rota Omíada e colocação de sinalética no terreno. Este guia, como Desidério Silva já havia salientado, não se focará apenas no legado Omíada, mas também assinalará riquezas patrimoniais não relacionadas existentes no território algarvio.
Também será desenvolvido «um plano de ação local», que será gerido por um grupo de ação local, estrutura que irá juntar «os parceiros que vão fazer a dinamização da rota, na região, e são os responsáveis pelas ações a ela associadas».
A existência deste grupo, que gere o projeto a nível local, «é uma das grandes novidades, em relação a outros projetos do mesmo tipo em que participámos, no passado», realçou Alexandra Gonçalves, que o considera uma vantagem.
Ao mesmo tempo, haverá «ações de formação para guias turísticos que já operam no território e para empresas que queiram aderir, no sentido de ficarem habilitados a promover este produto turístico».
A informação sobre esta rota também estará disponível nos sítios na Internet da DR de Cultura do Algarve e da RTA, bem como no site do projeto.
«Claro que terão de ser desenvolvidos esforços promocionais, do lado do Turismo do Algarve, para divulgar a rota junto dos operadores turísticos internacionais e dos agentes de viagens nacionais», disse Alexandra Gonçalves.
Um repto que Desidério Silva parece estar disposto a aceitar. «Este património está, em muitos casos, localizado no Barrocal e na Serra, onde nos interessa dar a conhecer e divulgar o que existe», garantiu.