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susana travassosA cantora algarvia Susana Travassos dá este sábado, 20 de Junho, um concerto em São Paulo, no Brasil, tendo como seu convidado Chico César, um dos nomes mais sonantes da música brasileira da atualidade.

O Sul Informação falou com a cantora, que está em São Paulo a preparar o espetáculo, para saber como é que uma artista portuguesa, para mais nascida no Algarve, faz carreira no Brasil e até canta ao lado de monstros da música desse país.

Como é que tal aconteceu? «Acredito que seja apenas uma das etapas, um momento… e considero natural que assim tenha sido até aqui», explica Susana Travassos.

«A nossa posição na vida depende também das escolhas que fazemos, dos passos que damos, das oportunidades que surgem. Em 2008, decidi ser cantora, gravei um CD de forma independente e, passados seis meses, estava em São Paulo, no teatro do SESC Pompeia, ao lado do Zeca Baleiro. Fui recebida com tanto carinho e entusiasmo pela comunidade artística e pelo público que foi um grande incentivo para continuar a busca de ser cantora», acrescenta a jovem nascida em Vila Real de Santo António e licenciada em Psicologia.

«Tenho muito respeito e carinho pelo modo como a minha vida tem acontecido. A verdade é uma grande preocupação para mim, tanto na vida como na arte que tento fazer, e eu acho que o meu caminho é verdadeiro e isso dá-me tanto prazer», diz ainda.

«Talvez o Brasil e também o estar longe me possibilitem ser essa cantora cheia de dúvidas, anseios e em construção. Mas eu amo Portugal, levo no meu canto, em cada voo, em cada suspiro…», garante Susana Travassos.

A jovem artista estreou-se em 2008, com o álbum «Oi Elis», onde misturava temas de Elis Regina com instrumentos tradicionais, mas sem sotaque abrasileirado. Será que hoje, depois de tanto tempo passado do outro lado do Atlântico, Susana Travassos ainda navega por essas mesmas águas musicais? Ou depois de tantos anos no Brasil, já ganhou sotaque, pelo menos a cantar?

«O meu primeiro CD foi de facto uma homenagem à Elis Regina» e acabou por ser quase «um esboço de tudo o que tem sido a minha carreira depois desse momento. Penso que eu já intuía algo nesse caminho do meio entre Brasil e Portugal. Algo maior… E que hoje sinto estar perto de ter descoberto».

No entanto, garante, «nunca deixei de cantar com o sotaque de Portugal, mesmo as canções brasileiras!».

«O grande desafio, o grande desejo quando conheço uma nova canção brasileira, é trazer, revelar o que de português existe nela, é criar esse lugar intermédio, mágico, criar essa confusão de já não saber se é de lá ou de cá…»

Desde cedo que Susana Travassos colabora com músicos e artistas consagrados brasileiros. Será que foi fácil, sendo portuguesa e algarvia, penetrar nesse meio? «As coisas aconteceram com tanta naturalidade, as colaborações surgiram sempre de encontros, de amizades verdadeiras», confessa.

Susana Travassos: «O grande desafio, o grande desejo quando conheço uma nova canção brasileira, é trazer, revelar o que de português existe nela, é criar esse lugar intermédio, mágico, criar essa confusão de já não saber se é de lá ou de cá…»

Dividida entre os dois lados do Atlântico, a cantora algarvia diz que fica temporadas em Portugal, temporadas no Brasil, mas que isso «depende sempre dos projetos, dos concertos». Rindo-se, comenta que «costumo repartir mais ou menos no meio para não criar ciúmes entre os países…»

No entanto, talvez por ser atualmente mais conhecida no outro lado do Atlântico do que na sua terra natal, Susana admite que «efetivamente está surgindo muito trabalho este ano no Brasil».

Neste país, já cantou em várias cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Cuiabá, Goiânia, Maceió, Vitória da Conquista, Divinopolis, João Pessoa, várias cidades de interior de São Paulo. «Também já viajei muito no estado de Santa Catarina, fiz uma tournée em seis cidades.. Enfim, posso dizer que já conheci bastante do Brasil..»

Ao longo da sua carreira que ainda só leva sete anos, Susana Travassos já editou dois discos. O segundo chama-se «Tejo-Tietê», nome dos rios que correm em Lisboa e em São Paulo, e foi feito em parceria com o compositor e guitarrista Chico Saraiva, tendo sido produzido por um dos maiores guitarristas brasileiros, Paulo Bellinati. Além desses seus trabalhos, já participou em seis discos de outros artistas e no DVD do poeta Murilo Antunes.

Mas Susana Travassos não pára: «estou neste momento em processo para o meu próximo CD», revelou ao Sul Informação.

Outra paixão sua é a Psicologia, na qual se licenciou, ainda em Portugal, ou agora a Psicanálise, na qual está a fazer agora uma formação, no Fórum Lacaniano, em São Paulo. «Apesar da música ocupar muito tempo, estou neste momento a fazer essa formação em psicanálise e desejo começar a atender dentro de algum tempo, pois é uma outra grande paixão».

susana travassos e chico césarO concerto desta noite, em São Paulo, vai ter lugar no SESC Carmo, um espaço que faz parte da rede Sesc – Serviço Social do Comércio, uma entidade privada que tem como objetivo proporcionar bem estar e qualidade de vida aos trabalhadores e suas famílias. Há várias unidades pelo país.

Susana Travassos explica que «o Sesc é responsável por democratizar o acesso dos cidadãos, ao teatro, cinema, concertos, museus, bibliotecas, etc. Tem uma programação cultural incrível regularmente e salas de espectáculo com condições extraordinárias». E será numa dessas que esta noite, a cantora algarvia vai subir ao palco, tendo como convidado Chico César.

«O que me liga ao Chico é uma enorme admiração pela obra e pela linda pessoa que ele é. Sinto-me muito feliz por ter o privilégio de ser sua amiga», conta ao Sul Informação.

«Há dois anos, o Chico César convidou-me para participar nos shows dele em Lisboa e em Espanha, então era natural repetirmos a dose em São Paulo. Estou muito feliz que tenha aceite e que possamos cantar novamente juntos».

E como vai ser o espetáculo desta noite? «Apresentarei o meu show mais recente. Poderia dizer até que é uma prévia do meu próximo CD. Estou há seis meses a experimentar repertório e acho que o show chegou já a um formato bastante satisfatório».

«A formação será violão de sete cordas, pelo austríaco Michi Ruzitschka, guitarra portuguesa pelo Ricardo Araújo e eu na voz, no violão e no acordeão. Irei cantar alguns fados, algumas canções brasileiras de compositores como Vinicius e Tom, Egberto Gismonti, Sueli Costa e Pixinguinha.
Com o Chico César farei um fado dele, inédito, que fez quando partia de Lisboa e fala sobre o Tejo, e mais duas canções dele que adoro, “Moer a Cana” e “Mealheiro”, do novo CD dele que acaba de ser lançado».

Apesar de não ter nada marcado ainda em Portugal, Susana Travassos espera que, «em breve», possa voltar a atuar no seu país natal. E quem sabe se não trará o show que esta noite apresenta em São Paulo…

sulinformacao

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