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Alberto Mota Borges_1O Aeroporto de Faro terá «novidades» no próximo ano, cujos pormenores serão anunciados «mais tarde», nomeadamente novas rotas para França, Europa Central e de Leste. O anúncio foi feito pelo novo diretor da infraestrutura aeroportuária algarvia, Alberto Mota Borges, na sua primeira entrevista a um órgão de comunicação, desde que assumiu o novo cargo.

Para o sucesso do Aeroporto Internacional de Faro, que no ano passado recebeu 6.166.927 passageiros, segundo os dados do Relatório de Tráfego da ANA Aeroportos a que o Sul Informação teve acesso, também terão contribuído as «novas rotas no Verão IATA (Aberdeen, Barcelona, Cardiff, Madrid), as novas rotas no Inverno IATA (Memmingen, Cardiff, Zurich) e reforços de operação das companhias em rotas que já operam (Dusseldorf, Stockholm, Zurich, Cardiff, Londres, Paris)», acrescentou Alberto Mota Borges.

Quanto aos incentivos para a criação de novas ligações aéreas, a ANA Aeroportos de Portugal, antes da sua privatização, participava num fundo de desenvolvimento de rotas, conjuntamente com o Turismo de Portugal e com a Associação de Turismo do Algarve, com o objetivo de apoiar rotas turísticas. Também dispunha de um sistema autónomo que era elegível em determinadas circunstâncias. Os resultados destes incentivos foram, segundo o novo diretor do Aeroporto de Faro, «satisfatórios, tendo sido apoiadas cinco companhias aéreas e 33 destinos com o initiative.pt».

As medidas de apoio a novas rotas destinam-se a conseguir um crescimento sustentado nas operações. Tendo em conta que, no ano passado, Faro já tinha atingido quase 6,2 milhões de passageiros, quais são as expectativas para 2015?

«Prevemos um crescimento sustentado no número de passageiros processados para o ano de 2015, na linha do que acontece nos restantes aeroportos da ANA. Os novos investimentos que iremos realizar na infraestrutura poderão potenciar – ainda mais – esse mesmo crescimento nos próximos anos», respondeu Alberto Mota Borges.

Alberto Mota Borges quer «cooperar com os vários stakeholders do turismo do Algarve e nacionais  no desenvolvimento  de soluções que promovam uma tendência de atenuar a sazonalidade do turismo na região e por consequência do aeroporto também»

Alberto Mota Borges veio dos Açores, no início de Julho, para assumir a direção do Aeroporto Internacional de Faro, sucedendo no cargo a António Correia Mendes, que foi chamado a dirigir a nova concessão do Grupo Vinci Airports (proprietário da ANA Aeroportos de Portugal) do Aeroporto de Santiago do Chile, na América do Sul.

Na sua entrevista ao Sul Informação, o novo responsável pela infraestrutura aeroportuária algarvia revelou ter encarado o convite «com muito entusiasmo», tanto mais que se mostra apostado em reforçar a cooperação com os vários stakeholders do turismo algarvio e nacional, de modo a diminuir a sazonalidade do turismo na região e, com isso, a própria sazonalidade do aeroporto, que no Verão rebenta pelas costuras, mas no resto do ano tem muita capacidade subaproveitada.

«Como sabemos, o tráfego de inbound representa 95%. O turismo é o driver fundamental, pelo que é uma enorme satisfação poder cooperar com as várias entidades neste domínio para que o Aeroporto e o destino continuem uma referência».

Aeroporto de Faro_1Quanto aos seus principais desafios à frente do Aeroporto de Faro, Alberto Mota Borges salienta que o principal, «no imediato, é o arranque da obra de remodelação e ampliação do terminal».

«Um outro será o de cooperar com os vários stakeholders do turismo do Algarve e nacionais  no desenvolvimento  de soluções que promovam uma tendência de atenuar a sazonalidade do turismo na região e por consequência do aeroporto também», acrescentou.

Neste seu primeiro mês de Algarve, Mota Borges teve logo um momento de grande exposição, que foram as comemorações dos 50 anos da abertura do Aeroporto de Faro. Mas o novo diretor não se tem coibido de participar em diversos eventos regionais, em especial na cidade de Faro, para ficar a conhecer melhor o que se passa no Algarve.

Sempre com um sorriso na cara, o responsável afirma querer cultivar bom relacionamento com todos, nomeadamente com os responsáveis pela Câmara de Faro, mas nem assim deixa de responder de forma cautelosa quando interrogado pelo Sul Informação sobre a intenção, anunciada pela autarquia da capital, de criar uma taxa turística a aplicar aos aviões que aterrem no aeroporto algarvio, à semelhança do que fez o Município de Lisboa. «O presidente da ANA já se exprimiu publicamente sobre este assunto, pelo que me excuso de comentar», responde apenas.

Mota Borges herda diversas questões quentes da anterior direção, como a das novas regras para a atividade das empresas de Rent-a-car sem instalações no Aeroporto de Faro, que tanta polémica têm causado. Mas o responsável garante que essas «normas de utilização» da infraestrutura «irão ser mantidas», até porque «estão reguladas legalmente, pelo não encontramos motivos para qualquer alteração».

O diretor admite que, «de início, as mudanças provocam alguma incompreensão, no entanto, com o tempo a situação vai-se normalizando, pois o que nos move é a organização dos espaços e a qualidade e segurança nos serviços ao passageiro».

Alberto Mota Borges: novas regras para as rent-a-car trouxeram «uma disciplina na utilização da infraestrutura e o passageiro ficou com a informação clara sobre onde levantar as viaturas não licenciadas»

Garante mesmo que as novas regras trouxeram «uma disciplina na utilização da infraestrutura e o passageiro ficou com a informação clara sobre onde levantar as viaturas não licenciadas».

«Estamos a falar de empresas que não se encontram licenciadas no Aeroporto e que, portanto, não têm instalações próprias na infraestrutura. A ANA o que fez foi organizar o espaço disponível, garantir a operação destas empresas e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de serviço aos passageiros que utilizam os seus serviços», acrescentou.

Outra batata quente herdada é a das também novas regras de acesso automóvel e estacionamento temporário, para tomada e larga de passageiros, no Aeroporto de Faro.

Mota Borges explica: «estamos a introduzir no Aeroporto de Faro um conceito já muito utilizado em outros aeroportos da Europa e do mundo, o Kiss & Fly.  Entre outros, este sistema é utilizado em Helsínquia, Praga, Marselha, Basel-Mulhouse International Airport, Paris-Orly, Genéve, Paris CDG, Chicago O’Hare, JFK, Brussels, Wroclaw, Charlotte-Douglas, Bologna, Tallin, Dortmun, Gatwick, San Francisco,  Nice ou Heathrow».

Alberto Mota Borges_2As novas regras estabelecem que «o acesso a este parque por parte de viaturas não comerciais é gratuito nas duas primeiras utilizações de 10 minutos. No entanto, como o objetivo é desincentivar o uso intensivo do curbside, a terceira utilização, num período de 24 horas, será cobrada. Se vier ao aeroporto duas vezes por dia para trazer ou levar passageiros, não paga nada, se não exceder os 10 minutos para deixar ou apanhar os passageiros».

A quem se queixa dos preços, o diretor garante que «os preços praticados no aeroporto de Faro são, regra geral, inferiores aos praticados nos aeroportos com os quais nos comparamos».

O objetivo é «racionalizar acessibilidades» e «reorganizar os acessos aos terminais de passageiros, por forma a promover a eficiência operacional, a segurança e a sustentabilidade ambiental do seu uso. Também estamos a melhorar a experiência do utilizador, ao permitir que todos os particulares beneficiem de 10 minutos gratuitos mesmo à porta do terminal, para ir levar ou buscar passageiros», disse ainda.

Alberto Mota Borges diz desconhecer que haja, a este propósito, reclamações por parte de taxistas ou de operadores de transferes. No primeiro caso, salienta, «nos primeiros contactos, informaram-me de um excelente relacionamento com o Aeroporto».

«Em todos os aeroportos do mundo, as atividades comerciais que têm lugar nas instalações aeroportuárias são regulamentadas para garantir qualidade de serviço aos clientes, segurança e qualidade no atendimento. É isso que está em causa. Há uma determinada capacidade de oferta e regras para gerir essa capacidade», acrescentou.

«Repare que os autocarros públicos não pagam. Os táxis em largada de passageiros não pagam qualquer tarifa se utilizarem a faixa de Bus nas Partidas. Táxis em tomada de passageiros irão manter-se no espaço atualmente disponibilizado para o efeito, que irá ser de acesso reservado a portadores de avença válida. Aos táxis em tomada de passageiros, apenas será aplicada uma taxa se e quando for estabelecido um suplemento ou uma tarifa mínima de aeroporto. Os autocarros de turismo e shuttles dos hotéis terão espaços próprios adequados para aceder ao aeroporto (parques P5 e P6, respetivamente, ambos a uma distância muito próxima do Terminal). O seu acesso ao aeroporto é feito através de um regime de avença, com um valor de 270 euros por ano. Ora, se um shuttle visitar uma média de 5 vezes por dia o aeroporto, pagará 15 cêntimos por visita no estacionamento, e se a média for de apenas uma visita por dia, serão 75 cêntimos. Não existem restrições em número de avenças. Todos os operadores que desejem uma avença poderão solicitá-la ao aeroporto», explicou.

Futura aerogare
Futura aerogare

Mas o grande desafio futuro da nova direção do Aeroporto de Faro vão ser as obras de remodelação e ampliação do Terminal de passageiros, que custarão 32,8 milhões de euros, começarão «em Setembro próximo» e terão de ser feitas com o terminal em funcionamento, para estarem concluídas em «Março de 2017». Um quebra-cabeças que o novo responsável espera conseguir resolver através de uma cuidadosa planificação das obras, com a colaboração de todos os funcionários da infraestrutura, mas também da empresa construtora e dos outros operadores que aí trabalham.

O objetivo da intervenção não é substituir o atual terminal, uma vez que tal solução, apesar de ter sido estudada de início, «não era exequível espacial, nem financeiramente». A ideia é adaptar a aerogare ao novo perfil dos passageiros.

Alberto Mota Borges explica o enquadramento das obras na Aerogare, recordando que «a atual infraestrutura do Aeroporto de Faro (FAO) foi dimensionada para processar até 6 milhões de passageiros por ano, atendendo às características da procura e requisitos técnico-operacionais existentes à data (1982/85), para tráfego quase exclusivamente charter».

No entanto, desde 1999, «o tráfego regular Low Cost tem vindo a aumentar de forma significativa, valores que atingem hoje 74% do total, logo é necessário ajustar o layout do terminal ao perfil do novo passageiro, que tem necessidades diferentes».

«Também existem as limitações ambientais de ruído que não permitem a operação entre as 24h00 e as 06h00, logo temos que receber esse tráfego no horário das 18 horas que estamos abertos», disse.

Alberto Mota Borges: «No Inverno, reduzimos brutalmente as taxas de aterragem e oferecemos incentivos adicionais e não é por esse motivo que as Companhias aéreas aumentam a operação»

Entre os objetivos desta obra, que foi lançada oficialmente aquando do 50º aniversário do Aeroporto de Faro, estão a «resposta à alteração da tipologia de tráfego, a criação de mais áreas operacionais e de mais área pública, bem como a revitalização e ampliação da área de retalho (a área da aerogare passará de 81.200 metros quadrados para 93.120 metros quadrados), o incremento de segurança operacional, a modernização da imagem do terminal e a reformulação da integração com as acessibilidades terrestres. Em resumo, o que pretendemos é oferecer mais e melhor qualidade de serviço, e melhorar a experiência dos passageiros que passam pelo nosso Aeroporto, que é uma porta de entrada para Portugal e para o Algarve».

Alberto Mota Borges, na sua entrevista ao Sul Informação, a primeira que dá a um órgão de comunicação desde que assumiu as novas funções, revelou também que «o que vai ser feito será uma requalificação do terminal», que terá como objetivos, em primeiro lugar, «adequar a capacidade do terminal de passageiros à nova capacidade do sistema de pistas (30 movimentos por hora) e de estacionamento de aeronaves (30/37 stands), garantindo o movimento de 30 partidas/chegadas por hora».

Aeroporto de FaroPretende ainda «incrementar a capacidade de embarque/desembarque do terminal de 2.400 pessoas por hora para 3.000 pessoas/hora em cada sentido/fluxo», bem como «adequar a infraestrutura às exigências dos novos requisitos da operação dirigida a um tráfego maioritariamente regular, cujas companhias Low Cost já representam 74% do tráfego total, perspetivando a necessidade de operações que exigem elevada rotatividade».

Finalmente, as obras destinam-se a promover a «revitalização, reformulação e ampliação das áreas de comerciais, as quais apresentam uma configuração constante desde o final da década de 90, visando uma melhoria do serviço prestado».

Apesar de todos os investimentos previstos, há quem, ainda assim, não esteja contente com o Aeroporto de Faro. Recentemente, Michael O’Leary, CEO da Ryanair, criticou o valor das taxas aeroportuárias aí praticado, dizendo que dificultam a expansão da atividade e entrada de turistas nos meses de menor tráfego do aeroporto algarvio.

Mas o diretor Alberto Mota Borges não se mostra preocupado com essas críticas: «o Aeroporto de Faro é competitivo no contexto de Portugal e da União Europeia, e cumpre o que está previsto no Contrato de Concessão, relativamente às taxas. No corrente ano, a ANA devolveu taxas às várias companhias aéreas, o que demonstra as virtudes do sistema. No Inverno, reduzimos brutalmente as taxas de aterragem e oferecemos incentivos adicionais e não é por esse motivo que as Companhias aéreas aumentam a operação».

Com alguma ironia, conclui: «no caso da Ryanair, costumamos ouvir as mesmas afirmações em todos os aeroportos onde a companhia atua, pelo que não estranhamos as suas declarações».

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