Setembro é agora o novo prazo dado para a reposição da vacina BCG (antituberculose) pelo laboratório de Estado dinamarquês que fornece Portugal.
Por isso, pelo menos até lá, as mães dos bebés nascidos desde Maio no Algarve e no resto do país, terão de esperar mais umas semanas até conseguirem dar aos seus filhos essa vacina incluída no Plano Nacional de Vacinação.
A Direção-Geral de Saúde (DGS), em comunicado publicado no seu site, explica que «em 2015, a vacina BCG não está disponível nos hospitais e centros de saúde desde Maio».
Aquela entidade assegura que «esta situação não constitui um risco para a saúde pública, pois a prevenção e o controlo da tuberculose baseia-se em várias medidas, além da vacinação dos recém-nascidos», tanto mais que «a incidência da tuberculose em Portugal tem vindo a diminuir, sendo que o risco de transmissão da doença na comunidade é baixo».
A DGS acrescenta que, «em colaboração com o INFARMED e com o apoio da Comissão Técnica de Vacinação, está a analisar a possibilidade de utilização de outra vacina BCG», uma vez que «a única vacina BCG que está autorizada em Portugal, e na maioria dos países europeus, é produzida por um laboratório público da Dinamarca», cujo fornecimento, «nos últimos anos», tem «sofrido interrupções imprevistas e de duração variável».
Quando a situação estiver resolvida, ou seja, «aquando do restabelecimento do fornecimento da vacina», «os cuidadores dos bebés ainda não vacinados serão contactados pelo respetivo Centro de Saúde», diz ainda a DGS.
Todas estas garantias dadas por aquele organismo oficial não tranquilizam as mães do Algarve. Ana Ouro Cruz, de Faro, mãe de um menino de 2 meses, está à espera desde que ele nasceu, a 9 de Junho, pela vacina BCG, que até deveria ter sido dada ainda no hospital.
«Desde Maio que ando preocupada com a vacinação. Ainda ele não tinha nascido e as indicações eram sempre: “no fim do mês”, “no início do mês que vem”… Até hoje esperamos um contacto, nem que fosse para nos dar alguma explicação», acrescentou Ana Cruz.
Esta mãe salienta que a saúde do seu bebé «está bem, até porque ele tem contacto com poucas pessoas, mas a irmã de 4 anos frequenta o jardim de infância, com tantas outras crianças que não sabemos com quem se dão na sua vida familiar».
Teresa Silva, mãe da Carlota, de dois meses e meio, lamenta que, sempre que pergunta no Centro de Saúde de Loulé quando poderá dar a vacina BCG à sua filha, a resposta seja apenas: «não sabemos, daqui a umas semanas, daqui a uns dias».
De uma das vezes, garante, responderam-lhe que «a BCG já não é importante, não faz falta». Mas, interroga a jovem mãe, «se não é importante, porque é que se mantém no Plano Nacional de Vacinação? Para mais agora, que se voltou a ouvir falar tanto de casos de tuberculose, até aqui no Algarve».
A Administração Regional de Saúde do Algarve, contactada pelo Sul Informação, disse estar «atenta a esta questão, que não é apenas algarvia, mas afeta todo o país e não só. A falta dessa vacina é um problema de todo o país e tem origem em dificuldades no laboratório que a produz, na Dinamarca».
De qualquer modo, tranquilizou a porta voz da ARS Algarve, «todas as mães e crianças que estão à espera de ser vacinadas serão contactadas logo que a vacina chegar».