Artes plásticas e jazz encontram-se no sábado, 22 de Agosto, na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, na Raposeira (Vila do Bispo), para mais uma atividade integrada no DiVaM, o programa de Dinamização e Valorização dos Monumentos do Algarve.
Assim, às 17h00 será inaugurada a exposição “No nosso rasto”, de Ernesto Ceriz, seguida, às 17h30, de um concerto de Jazz por Hilaria Kramer (trompete) e João Madeira (contrabaixo).
As duas iniciativas têm a chancela DiVaM, mas são organizadas pela Tertúlia- Associação Sócio Cultural de Aljezur, em parceria com a Direção Regional de Cultura do Algarve.
A exposição está integrada no ciclo de exposições de arte contemporânea «2 ou 3×7», a decorrer na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, de Abril a Outubro, no qual sete artistas plásticos – por meio de desenho, pintura, escultura e/ou instalação – são convidados a intervir de forma temporária neste espaço.
Ernesto Ceriz reconhece no processo de criação artística, desde sempre, o grande caminho de acesso a si mesmo e ao outro, numa linguagem que se constrói do que nos fica aquém e além daquilo que nos é consciente. E «é no trabalho de construção da imagem que, podendo exteriorizar aquilo que nos é pessoal e interior, abrimos vias de acesso ao diálogo com o outro», salienta a DR Cultura, em nota de imprensa.
Hilaria Kramer é uma trompetista muito conhecida nos circuitos do Jazz na Suíça e, de uma forma geral, nos países de língua germânica, mas pouco conhecida em Portugal.
Tem vindo a dar concertos em capelas e ermidas no Sul da Suíça. Em 2014, ganhou o prémio de melhor músico de Jazz na Suíça (Suiss Jazz Award).
João Madeira estudou contrabaixo desde muito jovem, iniciando os seus estudos de escola clássica e enveredando mais tarde pelo desenvolvimento da improvisação com este instrumento, através da prática do jazz e de diversas linguagens étnicas do mundo.
Compõe a sua própria música, interpreta a solo e também tem colaborado regularmente com teatro e cinema.
«No nosso rasto»
Ernesto Ceriz diz: «reconhecemos, no nosso processo de criação artística determinadas características que, repetindo-se na essência, se podem definir como estilo. Consiste ele num processo de construção da imagem ao sabor não da presença mas da ausência, não sendo, pois, seu objetivo a construção representacional mimética.
Partindo da premissa de que tudo o que é ausente esteve presente, isso deixou de si um rasto, um vestígio, um indício. Esse rasto passa a ser alvo de um trabalho conjetural no qual procuramos invocar esse corpo ausente. De onde pode resultar algo que é mais do domínio da aura do que do objeto, mais da alma do que do corpo.
Um pouco ao modo de, como no sudário, se tornaram visíveis apenas sinais, breves vestígios de uma entidade que não nos podendo ser revelada, se insinua ainda com mais força porque nos escapa na sua integridade».