A Universidade de Coimbra (UC), através do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), está a realizar os primeiros estudos paleoparasitológicos em Portugal.
A Paleoparasitologia é a ciência que estuda os vestígios de parasitas em populações antigas para fornecer informação que, além de explicar o surgimento e a evolução dos parasitas e dos seus hospedeiros humanos, pode ser útil para melhor entender e lidar com algumas patologias da atualidade.
A equipa da UC tem estado a analisar sedimentos recolhidos em esqueletos humanos adultos (homens e mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 70 anos), desde o Século VIII até ao Século XX, e os primeiros resultados sugerem que a população portuguesa, especialmente da região de Lisboa, tinha menos verminoses que outras populações da Europa.
O motivo para isto ainda é desconhecido, mas a explicação poderia ser inclusive uma alimentação diferenciada ou mais saudável.
Através de amostras retiradas da cavidade pélvica dos esqueletos, foram identificados e quantificados os parasitas intestinais existentes, tendo sido verificado que «o número de ovos presentes – entre 5 e 50 por grama de sedimento de cada indivíduo – é muito inferior ao de outros povos da Europa, em que alguns estudos indicam a presença de centenas ou milhares de ovos de parasitas por humano», afirma Luciana Sianto, investigadora principal do estudo intitulado “Paleoparasitologia em Portugal – os caminhos dos parasitos”, que possui 13 anos de experiência na área e vários artigos publicados.
Os parasitas identificados têm sido essencialmente «Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura (lombrigas), parasitas comuns que são transmitidos de humano para humano», observa a investigadora do CIAS.
Estes e outros dados obtidos no âmbito do estudo, com coordenação local da professora Ana Luísa Santos, serão associados a resultados de alguns países das Américas, Ásia, África e Europa.
Mas, para consolidar informação sobre os parasitas, as investigadoras pretendem analisar o maior número possível de amostras e, nesse sentido, solicitam a colaboração da comunidade científica nacional da área (arqueologia e antropologia) para o fornecimento de material.
Como a recolha de vestígios carece de alguns cuidados, a equipa elaborou um manual de procedimentos para garantir a colheita adequada, disponível clicando aqui.
O estudo é cofinanciado pelo Governo brasileiro (Ciência sem Fronteiras CNPq) e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Autora: Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa – Universidade de Coimbra)
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