A candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura em 2027 ainda está por formalizar, mas a ideia já está a gerar «entusiasmo» fora de portas, garantiu este terça-feira Guilherme d’Oliveira Martins.
O homem escolhido para ser o representante da Comissão de Honra da candidatura liderada pela capital algarvia disse, numa conferência que está a decorrer no Teatro das Figuras, que já recebeu feedback positivo de personalidades europeias, que se mostraram entusiasmadas com a perspetiva da candidatura «de Faro e do Algarve, dada a sua abrangência», e por partir de uma região «do Mediterrâneo».
Guilherme d’Oliveira Martins esteve em Faro na condição de presidente do Centro Nacional de Cultura para participar na conferência internacional «Património Cultural, Conhecimento e Cidadania», um evento de comemoração dos dez anos da assinatura da Convenção de Faro, intimamente ligada a esta temática, e que serviu, igualmente, para reafirmar a intenção de Faro em apresentar uma candidatura a Capital da Cultura, como havia sido anunciado em Setembro.
O processo de candidatura ainda está numa fase inicial, embora «a ideia venha a amadurecer há praticamente um ano», revelou ao Sul Informação o presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau, à margem da conferência. A capital algarvia quer apresentar uma proposta vencedora e, para isso, já fez da Universidade do Algarve «um parceiro fundamental». Agora, procura envolver o máximo de atores regionais possível.
«O objetivo é envolver o maior número possível de instituições, de todo o Algarve, para que isto não seja uma candidatura de Faro, apenas, até porque nós temos uma dimensão bastante reduzida. Queremos envolver todos os agentes da região que queiram participar neste grande evento, sejam culturais ou institucionais. Estamos abertos a todas as iniciativas para dar ainda mais notoriedade ao Algarve e mostrar que não somos apenas Sol e Mar, mas que temos uma identidade e cultura própria, que é preciso preservar e divulgar», disse o edil farense.
Além de se voltar para a região, em busca de parceiros e para ganhar massa crítica, de modo a convencer o júri da Capital Europeia da Cultura, Faro também tem vindo a procurar apoios fora da região e até além fronteiras.
«Temos vindo a falar com diversas pessoas que já estiveram ligadas a Capitais Europeias da Cultura . Hoje vamos ter aqui um painel com oradores que tiveram um papel muito ativo em capitais anteriores e que hoje vêm aqui dar o seu contributo [ Ulrich Fuchs (Linz e Marselha), Robert Palmer (Glasgow e Bruxelas) e Carlos Martins (Guimarães)] . Estamos, inclusivamente, a trabalhar com alguns deles na nossa candidatura», revelou.
Parcerias que irão ajudar a alinhavar uma estratégia, algo que terá de ser feito nos próximos dois anos, já que o período de entrega de candidaturas deverá terminar «em 2017 ou 2018». Mas, para que seja possível apresentar propostas concretas, há que perceber primeiro o que já há, no terreno.
«Ainda não estamos na fase de decisão das propostas. Estamos ainda a recolher dados, a fazer um levantamento sistemático dos equipamentos e das estruturas culturais que existem no Algarve, para depois podermos criar um projeto. Há um caminho longo. Temos dois anos para amadurecer as ideias», ilustrou.
Há um caminho a percorrer até à apresentação da candidatura, e um ainda mais longo até à realização do evento, caso a proposta de Faro venha a ser a eleita. Isso leva a que a «Universidade do Algarve seja um parceiro-chave».
«Esta é a entidade que garante uma estabilidade e continuidade do apoio, ao longo do tempo. Esta é uma candidatura para 12 anos e muitos dos que estão hoje na Câmara dificilmente lá estarão em 2027. A UAlg é, ao fim e ao cabo, o nosso suporte, a instituição que pode ajudar a levar a candidatura a bom porto», disse Rogério Bacalhau.
Nos próximos dois anos também deverão surgir outras candidaturas, provenientes de outras cidades portuguesas, uma vez que as regras das Capitais Europeias da Cultura ditam que esta distinção vá rodando por todos os países da União Europeia, em diferentes anos. Em 2027, os países escolhidos são Portugal, a Letónia e uma cidade de um país candidato à entrada na União Europeia, uma modalidade que irá ser testada já em 2021. A decisão do colégio de peritos da União Europeia deverá ser anunciada em 2019.