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António Branco_1Em 2015/2016, a Universidade do Algarve tem 50 estudantes brasileiros que optaram por fazer a sua licenciatura completa na academia algarvia. Este número, considerado «bastante bom» pelo reitor António Branco, foi obtido um ano depois de ter sido celebrado um protocolo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o organismo que, no Brasil, regula o acesso ao ensino superior.

Este protocolo permite que os alunos brasileiros possam candidatar-se à UAlg com a nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM, equivalente ao exame nacional português de acesso ao ensino superior). A angariação de estudantes brasileiros para a Universidade do Algarve traz diversas vantagens, segundo explicou António Branco em entrevista ao programa Impressões da RUA FM, feito em parceria com o Sul Informação.

«Fizemos esta aposta por razões óbvias: a cultura é comum em muitos aspetos, a língua é a mesma. E a maior parte dos professores da UAlg estão preparados pedagogicamente para dar aulas em português. Também temos professores capazes de dar aulas numa língua estrangeira, nomeadamente em inglês, mas são uma minoria relativamente aos outros. Em segundo lugar, para nós podermos ter turmas com número significativo de alunos para que se possa dar aulas em inglês, tínhamos que ter um número de alunos que dominassem a língua inglesa suficiente para criar turmas dessa natureza. Isto podia sair muito mais caro à UAlg, se a nossa opção fosse pela internacionalização em inglês. Tínhamos que ter turmas com poucos alunos 5, 10 alunos em inglês, e a mesma disciplina, com outra turma, com 10 ou 20 alunos, em português», explicou o reitor.

Edificio onde funciona o CCMAR na Universidade do AlgarveA aposta nos alunos brasileiros permite «usar os meios que já cá temos. O que vêm fazer é reforçar as turmas que são lecionadas em língua portuguesa».

A situação económica do Brasil, um país em crescimento, faz de Portugal um país apetecível para os alunos brasileiros prosseguirem os estudos, mesmo a nível económico, segundo o reitor: «a classe média brasileira subiu imenso e o poder económico dessa classe também. Há cerca de 6 a 7 milhões de candidatos ao ensino superior, acumulados, nos últimos anos, que não entraram no ensino superior no Brasil. Em alguns casos, ao fazerem as contas, entre optarem pelo ensino privado no Brasil ou virem para uma universidade portuguesa, pode sair mais barato vir para a Universidade do Algarve. Com esta indicação que tínhamos, com este potencial à nossa disposição, intensificámos a nossa comunicação com o Brasil e obtivémos um resultado que me parece bastante bom, já este ano. São 50 alunos brasileiros que estão cá matriculados, a estudar. E candidatos foram muito mais, tivemos para cima de 300».

Segundo António Branco, apesar das vantagens para os alunos, «o que estamos a fazer é muito difícil. 50 parece pouco, mas é imenso. É muito bom! Há pouco tempo tive uma reunião com o secretário de Estado e disse-lhe humildemente que tínhamos conseguido 50 estudantes e ele ficou muito contente com esse número».

Apesar do bom resultado, o objetivo de António Branco é aumentar este número de alunos que atravessam o Atlântico para estudar no Algarve e, depois deste ano, isso poderá vir a ser mais fácil. «Vamos continuar a fazer este esforço, persistente e, provavelmente, esse número aumentará, porque os alunos que cá estão são os melhores embaixadores que podemos ter».

António Branco_3Depois do Brasil, a Universidade do Algarve pode vir a apostar em alunos de outros PALOP, como Angola, mas em relação a esta possibilidade, há mais entraves para angariar estudantes. «Poderá vir a ser uma hipótese, até porque já há uma classe média a crescer em Angola. No entanto, acontece que o número de estudantes que se candidatam ao ensino superior, em Angola, ainda não é muito elevado. E, naturalmente, uma parte das pessoas que têm condições de vida para se deslocar para Portugal para estudar ainda é muito atraída, e legitimamente, por universidades com longa história ou maior dimensão, como Porto, Lisboa e Coimbra».

Por isso, António Branco considera que, «nos próximos tempos, vai ser mais difícil nós atrairmos um número significativo de alunos angolanos para a UAlg, e é por isso que estamos a insistir tanto no Brasil, porque, aí sim – e este ano tivemos a prova – temos potencial de crescimento muito grande. Não estamos a abandonar esses territórios, compreendemos é que não vão dar o mesmo tipo de frutos, tão cedo, como o Brasil nos pode dar», concluiu.

Além dos alunos que vêm do Brasil, para fazer a licenciatura completa na UAlg, há também os estudantes de mobilidade, que continuam a chegar a Faro, sendo que, este ano, são cerca de 600.

 

Clique aqui para ouvir a entrevista na íntegra.

 

 

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