Ainda não há acordo total sobre qual será o modelo de gestão que garantirá a continuidade da Via Algarviana, mas há «uma luz ao fundo do túnel», garante a responsável pela coordenação deste projeto da Almargem Anabela Santos.
As 11 Câmaras dos concelhos por onde passa esta infraestrutura de mais de 300 quilómetros «já pagaram quase todas» a sua quota parte da verba que permitirá manter o projeto mais seis meses e mostram-se dispostas a contribuir com mais dinheiro para uma entidade gestora, a criar.
Segundo revelou Anabela Santos, numa entrevista concedida ao Sul Informação e à Rádio Universitária do Algarve RUA FM no final de Setembro, a ideia é criar uma associação, que passe a ser responsável pela gestão da Via Algarviana, cujos sócios serão entidades públicas e privadas.
Um modelo que agrada aos municípios. «Nós já manifestámos que deve ser uma associação a gerir a Via Algarviana, com os menores custos possíveis e repartindo os encargos pelos diferentes municípios», revelou ao nosso jornal o presidente da AMAL Jorge Botelho.
Antes de atingir este ponto, foi preciso que os municípios chegassem a um entendimento, no âmbito da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, para garantir uma solução de financiamento de curto prazo. Recentemente, as Câmaras dos diferentes concelhos que são atravessados pela via aceitaram pagar, cada qual, uma verba de 1774 euros, que a Almargem usará para financiar o projeto durante seis meses.
A partir daqui, terá de haver um modelo que permita uma auto-gestão da infraestrutura, tarefa até agora a cargo da Almargem, que usufruiu de apoios comunitários, num projeto com duas fases e que atravessou dois períodos de financiamento distintos.
De resto, a elaboração e implementação de um modelo de gestão era «o principal objetivo» do projeto «Via Algarvia 2.0», apresentado ao Quadro Comunitário de Apoio que vigorou entre 2007 e 2013. Sem esta figura, a infraestrutura, que custou 1,2 milhões de euros e permitiu, ao longo dos anos, o florescimento de empresas ligadas ao Turismo de Natureza e o aparecimento de novas unidades de alojamento no interior, poderá ficar sem manutenção, por falta de verba.
«A ideia era que a Via Algarviana, quando acabasse o projeto, já andasse pelos próprios pés. Infelizmente, não conseguimos que assim fosse», ilustrou Anabela Santos.
Desidério Silva: “Aqui há uns meses, a situação era um pouco preocupante, mas há indicadores que tudo se esteja a compor”
Isto aconteceu, desde logo, porque a Via Algarviana «é um projeto atípico», sem paralelo em Portugal, já que atravessa mais de uma dezena de concelhos. E se, por um lado, «isso é bom», traz outro tipo de problemas. «Desde 2013 que tentamos chegar a acordo com as Câmaras, sobre um modelo de gestão, mas não se chegou a um consenso», segundo a coordenadora do projeto.
Nos últimos meses, admitiu Anabela Santos, houve evoluções no processo. A questão do financiamento a curto prazo foi resolvida e, mesmo as Câmaras que não pagaram, já receberam a fatura da Almargem e devem fazê-lo «em breve», disse a responsável pelo projeto em nova conversa com o Sul Informação, esta segunda-feira.
Também no que toca ao modelo de gestão poderá haver novidades, em breve. «Depois da última reunião da AMAL em que se abordou a questão da Via Algarviana e foi aprovado o financiamento ao projeto de 1774 euros, ficou acordado que, durante o mês de Novembro, nos iríamos reunir com o presidente do Conselho Intermunicipal Jorge Botelho e com os dois vice-presidentes [José Amarelinho e Rui André]», contou.
O presidente da AMAL Jorge Botelho confirmou que o objetivo «é que a reunião ocorra ainda neste mês de Novembro, para que tenhamos um modelo de gestão para a Via Algarviana acordado até final do ano». «Essa é a minha ideia e, estou certo, a dos meus dez colegas cujo território é atravessado pela Via Algarviana – eu sou o 11º- para que não haja descontinuidade», disse.
Da parte do presidente da Região de Turismo do Algarve também há a convicção que a implementação de um modelo de gestão que permita uma continuidade, sem sobressaltos, da Via Algarviana, ocorrerá em breve. «Há condições para que a Via Algarviana acabe por encontrar o seu caminho. Isso porque os municípios onde a via passa estão mais sensíveis em relação à necessidade de intervir», disse Desidério Silva.
«A Região de Turismo do Algarve também tem feito intervenções, junto do Turismo de Portugal, no sentido de haver uma maior abertura para que eles sejam uma entidade que nos ajude a gerir e nos dê apoio logístico para valorizar esta infraestrutura, para que, no terreno, as coisas tenham a qualidade necessária», acrescentou Desidério Silva.
O presidente do Turismo do Algarve admitiu que, «aqui há uns meses, a situação era um pouco preocupante», mas que, agora, «há indicadores que tudo se esteja a compor, o que é positivo, já que a Via Algarviana é muito importante para o turismo de natureza e de caminhadas e para a economia local».