Para ir a Monchique, qualquer pretexto serve. Mas o fim de semana algo cinzento, com o frio a começar, é uma boa desculpa para, este sábado e domingo, rumar à vila serrana para ir visitar o 1º Festival do Medronho de Monchique, onde estão presentes duas dezenas de produtores desta aguardente de renome, que dão a provar e vendem este seu ouro líquido.
O festival é diferente das habituais feiras dos enchidos e do presunto, que já têm tradições. Por aqui, o foco é mesmo no medronho, esse fruto cheio de açúcar que por estas alturas do ano se colhe nas encostas da Serra de Monchique e há-de ser destilado em alambiques de cobre, para dar origem a uma aguardente que está a caminho de ser certificada e ganhar uma IGP.
Mas, além da dezenas de produtores – dos 50 registados e legalizados que já existem no concelho de Monchique, com perto de 80 marcas -, a vender as suas aguardentes de medronho, melosas e licores, o Festival, que abre às 11h00 e fecha às 20h00, tem muito mais para oferecer: showcookings, conversas sobre o medronho e os seus múltiplos (e às vezes surpreendentes) usos, degustações de licores, compotas e chocolates, concursos de rótulos e de flair bartending, oficinas para aprender uma série de truques, entregas de prémios. A Associação de Produtores de Aguardente de Medronho, a Apagarbe, até vai ensinar a beber medronho.
Num dos showcookings, que assim uma espécie de aula de culinária ao vivo, Cátia Santos, que participou no concurso televisivo Chefs Academy, vai mostrar como se confeciona lombinhos de porco com medronho e batata doce. Será hoje às 12h30. Mas há muitas mais surpresas.
O destaque vai ainda para a exposição das marcas de Aguardente de Medronho engarrafadas em Monchique desde os anos 40 (coleção particular do presidente da Câmara Rui André), a mostra dos desenhos feitos pelos Urban Sketchers nas destilas do concelho, o concurso da melhor garrafa e melhor rótulo, demonstração do processo de destilação com um alambique a funcionar ao vivo, venda de medronheiros, uma exposição do país convidado, que este ano é Cabo Verde (com o seu grogue, uma aguardente de cana-de-açúcar, desta vez vinda da ilha de Santo Antão), e a exibição, nos ecrãs do certame, do documentário sobre a produção de Aguardente de Medronho, feito para a Casa do Medronho de Marmelete, e do programa de culinária com Medronhos, pelo Chefe Henrique Sá Pessoa.
A entrada no festival custa 3 euros, mas dá direito ao bonito copinho alusivo e a provas em todos os showcookings que por lá estiverem a decorrer e nas degustações de diversos produtos.
Fora do recinto, amanhã, domingo, está programada a caminhada da Rota das Destilas de Monchique, bem como a Mostra Gastronómica do Medronho nos restaurantes do concelho aderentes.
E é nessa Mostra, que quatro dos melhores restaurantes de Monchique oferecem uma ementa especial neste fim de semana. Obviamente que o medronho é o rei nesses pratos, que combinam tradição e modernidade.
Assim, o Jardim das Oliveiras apresenta bife de lombinho de novilho à Lameira, flambeado com medronho, molho de café, piri-piri, chocolate e natas e ainda, de sobremesa, crepe flambeado com medronho.
O Luar da Fóia apresenta perna de pato no forno com medronho, tamboril na frigideira com medronho e manjericão, borrego na frigideira com medronho, e finalmente tarte de batata doce…com medronho.
O Parque apresenta bochecha de porco com castanhas (e de certeza que há-de levar medronho…) e semifrio de medronho, enquanto a Teresinha apresenta lombinho de porco grelhado com molho de medronho e mousse de medronho.
E a pergunta fica: o que é que está à espera para rumar a Monchique neste fim de semana?
Para se inspirar, aqui ficam imagens do Festival de Medronho de Monchique (fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação):