A obra de Miguel Reimão Costa, “Casas e Montes da Serra – entre as estremas do Alentejo e do Algarve” vai ser apresentada no Museu do Traje e das Tradições, em São Bartolomeu de Messines, no sábado, 27 de Fevereiro, às 16h30.
Segundo a Câmara de Silves, que promove a iniciativa, “Casas e Montes da Serra – entre as estremas do Alentejo e do Algarve” é um estudo sobre a habitação na serra algarvia, «nomeadamente sobre a evolução da casa na serra do Caldeirão (entre o Guadiana e a portela de São Marcos da Serra)».
A obra, publicada pela Edições Afrontamento, é a tese de doutoramento que Miguel Reimão Costa apresentou na Universidade do Porto, em 2009. Com 495 páginas, a investigação é dividida em três temas: “A serra e as serras”, que aborda a caracterização do espaço, “A casa e as casas”, com a análise da evolução, organização e composição das habitações e “O monte e os montes”, que relata a história e transformações dos montes da serra.
A autarquia silvense acrescenta que, nos anexos do livro, estão presentes alguns dos testemunhos mais relevantes para o estudo de habitantes de São Bartolomeu de Messines como os de Noémia Rodrigues, do Pereiro Alto, Hortense Maria Guerreiro, do Zebro de Baixo, José Palma Martins, do Zebro de Cima e Mário Rodrigues, de Vale da Velha.
O evento tem entrada livre.
Sobre Miguel Reimão Costa:
Miguel Reimão Costa nasceu em Faro em 1971. É arquiteto e professor auxiliar na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade do Algarve (UAlg). Coordenou o Gabinete Técnico de Apoio às Aldeias do Algarve – Sotavento (CCDR Algarve) entre 2001 e 2004 e foi o investigador responsável pelo projeto“Património Rural Construído do Baixo Guadiana”. Também foi o investigador responsável no projeto “Arquitetura tradicional da vila e do termo de Mértola”. É atualmente investigador integrado do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património / Campo Arqueológico de Mértola (CEAACP/CAM) e membro do Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção da Universidade do Algarve (CEPAC).
Excerto da obra:
«Na maior parte dos montes, desde o Baixo Guadiana a Vertente Ocidental, os seus habitantes justificam reiteradamente a génese destes vãos entaipados ao conturbado período da guerra civil de oitocentos quando a Serra serviu de retiro e quartel às guerrilhas miguelistas. Independentemente da veracidade desta narrativa que, como dissemos, se repete em inúmeros e distantes lugares da Serra, ela acaba por traduzir, em cada um destes testemunhos, a ideia de uma grande casa comum. Ainda que apareça associada a circunstâncias históricas muito adversas, esta ideia da grande casa comum constitui uma alegoria do monte entendido enquanto habitação de uma grande família alargada (no sentido genérico do termo) ou, pelo menos, como conjunto edificado inerente a uma comunidade marcada por intricadas relações de parentesco, permitindo-nos compreender, de uma outra forma, a organização característica destes assentamentos no período moderno, desde a escala dos conjuntos edificados até́ a escala do espaço maior do rossio».