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Monografica_1Foi mais do que o lançamento de uma revista, muito mais do que uma tertúlia, foi quase um «mini congresso algarvio». A apresentação do segundo número da revista da série “Promontoria Monográfica – História do Algarve”, intitulado “Fragmentos para a História do Turismo no Algarve”, sábado à tarde, no Museu de Portimão, com casa cheia, acabou por ser uma reflexão sobre o que o turismo foi, é e será, na principal região turística do país.

Esta revista, que publica 15 artigos de 19 autores, cruza «a história do nosso Algarve e o que o turismo representou no passado, representa no presente e representará no futuro», como resumiu Alexandra Rodrigues Gonçalves, uma das coordenadoras da publicação e autora de um dos textos.

Pedro Ferré, vice-reitor da Universidade do Algarve, a quem coube apresentar a publicação, durante mais uma das tertúlias, a primeira deste ano, promovidas pelo Grupo dos Amigos do Museu de Portimão, partilhou reflexões sobre os temas abordados.

«A história do turismo no Algarve gira à volta do Congresso Regional Algarvio de 1915 e da inauguração do Aeroporto de Faro, em 1965», acontecimentos dos quais, no ano passado, se comemoraram datas redondas, o centenário e os 50 anos.

 

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Depois de se referir à evolução do turismo, desde os tempos em que os viajantes iam «refrescar-se a Monchique a a banhos à Praia da Rocha», o vice-reitor da UAlg salientou a «monocultura do Turismo e o papel arrasador para a região». «O Turismo secou outras áreas, que, ao contrário do que poderia ter acontecido, não foram potenciadas, mas arrasadas», concluiu.

Vítor Neto, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve, e um dos autores,  considerou que este número da revista “Promontoria Monográfica” «é o segundo Congresso Regional Algarvio», sendo quase «o balanço crítico destes 100 anos de turismo».

Falando sobre a atividade turística na região, Vítor Neto começou por salientar que, «quando dizemos que o Algarve é sol e é mar já estamos a espartilhar uma parte da nossa força». É que, frisou, «não existe o turista cultural, o turista de golfe, o turista de sol e praia. Existem é turistas, cada um deles diferente, que entre outras coisas vão também visitar o museu, a estação arqueológica, mas fazem isso de várias maneiras. O turista mono produto não existe, é uma abstração estatística».

Vítor Neto recordou que o Turismo, a nível mundial, é o 4º maior exportador, mas, em Portugal, é mesmo o 1º exportador, tendo representado, no ano passado, 15% das exportações de bens e serviços. Por isso, disse, «não temos Turismo a mais em Portugal e no Algarve! Temos é outros setores a menos».

 

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Sempre atento ao que se passa no Turismo e pondo o dedo nas feridas, Vítor Neto salientou o que tem mudado a nível mundial, chamando a atenção para fenómenos que, em Portugal, têm recebido pouca atenção.

«As companhias aéreas low cost abalaram os grandes operadores, que eram os donos do turismo», «as novas tecnologias alteraram a raiz do funcionamento do turismo, o turista com o seu smartphone faz tudo sem intermediação», «a economia partilhada, como a Uber, a Airbnb, está a modificar a natureza do transporte e do alojamento». Ora, fez questão de frisar Vítor Neto, «isto não está a ser bem acompanhado em Portugal».

Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, aproveitou para chamar a atenção para alguns problemas com que a região continua a debater-se, com o da mobilidade em primeiro lugar. «Ontem [sexta-feira] enviei para a senhora Secretária de Estado do Turismo uma foto com as filas de espanhóis na ponte do Guadiana, para pagarem as portagens na Via do Infante. É que esta semana, fomos a Sevilha fazer uma ação de promoção do Algarve, algumas daquelas pessoas se calhar estavam lá, mas depois têm quilómetro e meio e horas para passar a ponte do Guadiana… Com que imagem ficam? A senhora Secretária de Estado respondeu-me simpaticamente que já está a tratar disso com o colega dos Transportes…»

 

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Pegando na ideia de que a revista e a tertúlia tinham sido um «mini congresso algarvio», como resumiu José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão, o presidente do NERA Vítor Neto deixou três reivindicações e um desafio.

«Temos que lutar pelo reconhecimento político da importância do turismo na Economia», já que não basta apenas «falar do assunto quando o ano turístico é muito bom»; «precisamos de uma estratégia nacional de turismo que diga que o Algarve é diferente de Lisboa, que Lisboa é diferente da Madeira»; «tem que haver capacidade regional para gerir o turismo. As regiões de turismo foram esvaziadas nos últimos anos, têm menos autonomia que há dez anos». Estas foram as reivindicações.

O desafio: «temos falta de um novo Congresso Regional Algarvio». Mas um que, como salientou Margarida Tengarrinha durante a tertúlia, junte gente de todos os quadrantes políticos, como aconteceu há 100 anos, em que republicanos e monárquicos esqueceram as suas rivalidades para discutir e pensar o Algarve.

E se, em 2015, esse novo Congresso Regional Algarvio não conseguiu concretizar-se, parece que este ano será diferente. O presidente da RTA garantiu que «temos este ano condições para o reativar», enquanto o vice-reitor da UAlg manifestou o interesse da academia no projeto.

A promessa ficou feita, perante a centena de pessoas que assistiu ao lançamento da revista editada pela Universidade do Algarve. E perante os leitores do Sul Informação.

 

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