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AJEPC deu-se a conhecer em Tavira_4Tentar entrar sozinho num mercado tão grande e com regras tão apertadas como o da China pode ser uma experiência impossível para uma empresa de menor dimensão ou para pequenos produtores. Mas, trabalhando em rede, as portas deste apetecível mercado podem abrir-se e proporcionar muito bons negócios.

Esta foi uma das mensagens que foi transmitida aos perto de 30 empresários que marcaram presença na sessão de apresentação da delegação do Sul da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC), que teve lugar na passada semana, no Hotel Rural Quinta do Marco, em Tavira.

A iniciativa foi uma primeira aproximação da AJEPC ao tecido empresarial da região, já que a delegação do Sul da associação só existe desde Dezembro passado. E foi, acima de tudo, um momento para fazer networking, uma vez que os organizadores do evento procuraram providenciar um ambiente descontraído, que estimulasse a troca de ideias e de contactos entre os presentes.

Houve, igualmente, a possibilidade de perceber melhor o que está em causa, quando se tenta partir para Oriente e entrar no mercado chinês. Para o esclarecimento sobre esta realidade, muito contribuiu a experiência pessoal do presidente da AJEPC, a nível nacional, que já faz negócios na China há muitos anos. Alberto Carvalho Neto, no dia anterior a dirigir-se a Tavira, estava em Hong Kong e passa boa parte do ano naquela zona do globo.

Alberto Neto
Alberto Carvalho Neto

O empresário de Mirandela, um produtor de azeite já com uma produção considerável, para os padrões portugueses, sentiu na pele a dificuldade de tentar entrar num mercado tão exigente como a China.

«Quantos mais formos, mais fortes somos. Mais produto conseguimos vender, mais investimentos conseguimos atrair e mais conseguimos trabalhar com chineses, quando somos olhados como um cluster de Portugal, que é no que estamos a trabalhar», disse.

No seu caso, quando tentou vender o seu azeite na China, depressa percebeu que não tinha a capacidade produtiva para satisfazer a procura. «Tive de me juntar com mais alguns empresários do setor olivícola. Agora, conseguimos ter uma presença forte e um cluster com a marca Portugal», apesar de cada qual manter a sua marca original, revelou.

«O que é importante, neste momento, é criar músculo, através da formação. Porque as empresas têm de ter a capacidade de organizar a informação e de perceber como podem ir para determinado mercado, em vez de irem sozinhas para tentar descobrir o que já está descoberto. Não queremos que os empresários que pretendem apostar neste mercado Macau/Hong Kong/China passem pelas mesmas dificuldades que nós tivemos há sete ou oito anos», refere Alberto Neto.

«O facto de trabalharmos em conjunto, como associação, permite-nos fazer ações muito baratas. Em Março, iremos estar presentes numa feira internacional e cada um dos nossos associados só terá de pagar cerca de 2400 euros para estar presente. Estamos a falar de voos, de alojamento, decoração do stand, do envio das amostras, de tradutores… tudo incluído. Se fôssemos a título individual, pagaríamos entre os 9 e os 12 mil euros», ilustrou.

A experiência dos que já há muito se voltaram para aquele país asiático é uma das mais valias que a AJEPC tem para oferecer e que a delegação do Sul, presidida por Jorge Passarinho, quer proporcionar a outros empresários.

«Queremos chegar a cada vez mais empresários. Convidámos todas as frentes possíveis, mas ainda estamos a começar. Estamos numa fase de sensibilização, para dar a perceber as vantagens que os nossos associados têm», referiu o presidente da AJEPC Sul.

Para aderir, os empresários algarvios podem dirigir-se à sede da delegação, no nº 14 do Largo do Trem, em Tavira, ou enviar email para o sul@ajepc.com.

AJEPC deu-se a conhecer em Tavira_2

Na reunião, estiveram representados produtores agrícolas, empresas que se dedicam a inovar, recorrendo às tradições, agentes do setor imobiliário e empresários da área do Turismo.

«Penso que este evento trará resultados muito em breve, até porque juntou empresários de muitos setores, desde o setor agroalimentar até às tecnologias, passando pelo da energia. Vi aqui projetos muito inovadores, à base de produtos típicos, como é o caso da cerveja Moura e da recuperação de alguns produtos alimentares típicos», considerou Alberto Neto.

«Estamos a falar de setores muito díspares, mas que se podem complementar, quando falamos em exportação, mas também quando falamos em captar investimento. É uma questão de sabermos vender com qualidade. No setor do turismo, os chineses não procuram muito o Sol, pelo que se pode trabalhar o mercado de Inverno, o que pode contribuir para combater a sazonalidade», exemplificou.

Os empresários que estiveram na sessão também puderam ficar a perceber melhor as dinâmicas de um mercado que tem características únicas, já que, apesar de a China ser muito zelosa e restritiva na hora de deixar entrar produtos vindos de fora, conta com duas “portas” bem abertas, Hong Kong e Macau, esta última com fortes ligações a Portugal.

Apesar de, na prática, estes dois territórios integrarem a China, foi estipulado um período de transição entre a anterior administração estrangeira e os atuais soberanos, de 50 anos, com os territórios a manter um Governo autónomo e regras próprias. No caso de Hong Kong, o período dura até 2047. No de Macau, até 2049.

Na sessão, Siegfried Verstappen, Senior Investment Promotion Executive da Hong Kong Economic & Trade Office Brussels, uma agência governamental local, explicou como é que funcionam as coisas, em Hong Kong, e deu alguns conselhos àqueles que queiram aventurar-se e partir para a China.

 

Veja as fotos do encontro de empresários:

(Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação)

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