Há um novo vinho algarvio que está a ser lançado no Lagoa Wine Show, certame que decorre no Centro de Congressos do Arade (Parchal), com entrada livre, e termina esta noite.
Trata-se da marca «MarchaLégua», criada pelos irmãos Michael e Aníbal Neto, e que apresenta, por exemplo, o único blanc de noir atualmente a ser produzido no Algarve. E o que é um blanc de noir?, perguntará o leitor menos entendido. É um vinho branco feito a partir de uvas de castas tintas, no sistema de bica aberta.
Michael Neto dá a provar o blanc de noir MarchaLégua 2015, um vinho «feito com 50% de Aragonês e 50% de castelão, fora do habitual, branco cristalino, que, à primeira vista, quase parece água», mas que, no copo, «faz lágrima» e depois explode em aromas e sabores bem distintos, no nariz e na boca.
O produtor explica que a produção vitivinícola da empresa Agrolares, sediada em Faro e que também tem negócios numa área bem diferente, a da saúde (Michael Neto é enfermeiro da Urgência do hospital de Faro, e outra das sócias é a diretora de Anestesia dessa unidade hospitalar), é feita a partir de «castas antigas e vinhas velhas» situadas em Tavira, Paderne, Lagoa e Lagos.
No total, a Agrolares tem 27 hectares de vinha espalhados por esses pontos da região, produzindo 55 mil litros de vinho. A vinificação é feita sobretudo na Adega do Cantor, em Albufeira, e também na adega Única, em Lagoa. Os vinhos são depois estagiados em barricas de carvalho francês.
«Trata-se de um trabalho de três anos, que só agora chega ao mercado». Os enólogos responsáveis são Aníbal Neto, um dos proprietários da marca e responsável pela Rota dos Vinhos do Algarve, e João do Ó.
Michael Neto, que admite que a produção do vinho é uma forma de «limpar a cabeça» do seu exigente trabalho de enfermeiro na urgência, explica alguns dos truques: «tentamos apanhar as uvas com o menos sol possível, o que implica que tem de haver pessoas à espera de receber essas uvas à noite». É que o sol, explica, «oxida a uva» e diminui a sua qualidade.
Uma das apostas destes novos produtores é em «salvar variedades que estavam a cair em desuso, como a negra mole. É uma casta que tem de ser bem vinificada, e que, associada com outro tipo de uvas, dá vinhos de esplêndida qualidade».
Mas a Agrolares não pretende ficar apenas com os vinhos – branco, tinto e rosé – da marca MarchaLégua que está a lançar no Lagoa Wine Show. «Para colheitas de anos excecionais, iremos lançar uma outra marca e gama de vinhos, que será o Herdade Pés da Serra», acrescenta Michael Neto. «Serão vinhos das mesmas vinhas, mas que só produziremos em anos de qualidade excecional».
O jovem produtor fala com entusiasmo dos seus vinhos e do renascer da vitivinicultura algarvia em geral. «Houve muito abandono de vinhas, que foram substituídas pelo betão. Mas há até todo um património genético das castas antigas, que nós temos nas nossas vinhas velhas, que é preciso preservar e defender, se queremos ter vinhos com um carácter diferente, verdadeiramente algarvios».
Além da MarchaLégua, o Lagoa Wine Show apresenta quase três dezenas de produtores de vinho de Norte (Arcos de Valdevez) a Sul do país, com natural predomínio das marcas algarvias. Este domingo, dia 24 de Abril, é o último dia do certame, que abre às 17h00 e hoje se prolonga até às 3h00 da manhã, graças ao concerto dos Deolinda (21h30, bilhetes a 10 euros), a que se seguem os sets da DJ Raquel Loureiro.
Mas, antes disso há muito vinho para degustar, petiscos para provar, provas comentadas (das 19h00 às 21h00), um show cooking pelo chef Augusto Lima com sabores do Algarve (20h30). A entrada no Lagoa Wine Show é gratuita, mas quem quiser provar os vinhos terá de comprar um copo com o logotipo do certame, por 5 euros. E depois…é ir provando e provando.
No ano em que Lagoa foi eleita “Cidade do Vinho”, a Câmara Municipal está a promover pela segunda vez esta que é uma das maiores exposições/venda de vinhos do sul do país.
Na sexta-feira, na abertura do certame, Francisco Martins, presidente da autarquia, garantiu que este novo figurino do Lagoa Wine Show «vai deixar marca em Lagoa e na região».
O Lagoa Wine Show é organizado com a colaboração da Rota dos Vinhos do Algarve, da Associação de Municípios Portugueses do Vinho e da “Wine in Moderation – Art de Vivre (WIM) Aisbl”, associação sem fins lucrativos fundada em 2011 pelo setor vitivinícola europeu, para coordenar a implementação europeia e internacional e o desenvolvimento do Programa Vinho com Moderação, com vista a garantir padrões de consumo de vinho responsável e moderado como norma social e cultural através da difusão dessa mensagem dentro e fora da Europa.
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Contacto da marca MarchaLégua – Vinhos Regionais do Algarve: 916985666 ou rabiby@hotmail.com