Foi um verdadeiro três em um: o primeiro ministro António Costa foi esta tarde recebido em Loulé por mais de uma centena de manifestantes em protesto contra os hidrocarbonetos, contra as demolições na Ria Formosa e contra as portagens.
Havia mesmo alguns manifestantes que iam saltando de uns protestos para os outros, ou quem conseguisse juntar tudo no mesmo figurino.
À chegada, António Costa, que ia participar numa iniciativa partidária, sempre com um sorriso, falou com representantes dos vários movimentos de protesto e depois acabou mesmo por se reunir com membros da luta contra as demolições nas ilhas-barreira da Ria Formosa e contra a prospeção e exploração de hidrocarbonetos em terra e mar no Algarve.
O primeiro ministro não prestou declarações aos jornalistas sobre o resultado das curtas reuniões que teve com os representantes dos movimentos de protesto, mas, à saída, Feliciano Júlio, presidente da Associação da Ilha do Farol de Santa Maria, manifestou a sua satisfação com a promessa que António Costa terá feito, de que vai promover negociações com as associações de moradores das ilhas e que, até ao Verão, não haverá mais demolições.
Por seu lado, José Lézinho, presidente da Associação de Moradores do Núcleo dos Hangares, revelou que o que foi pedido ao primeiro ministro «foi que houvesse diálogo com as pessoas, o que não existiu no anterior governo».
A Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP), que reúne associações algarvias e nacionais, entregou uma carta com argumentos contra a prospeção de petróleo e apelou para que os contratos de prospeção e exploração de hidrocarbonetos em terra e mar sejam «rasgados». Esta era, aliás, uma das muitas palavras de ordem dos cartazes empunhados pelos manifestantes.
João Eduardo Martins, membro da PALP, após a reunião com o chefe de Governo, disse querer que o poder político, que se tem mostrado a favor da recusa da exploração de petróleo e gás natural, passe das palavras para as ações.
«O primeiro ministro disse-nos que o Governo está a trabalhar junto da Procuradoria-Geral da República, mas sobretudo centrado nos contratos em terra, e nós estamos muito preocupados porque a prospeção no mar já vai começar em outubro, pelo concessionário Repsol/Partex».
Só depois de se reunir com os representantes dos protestos, António Costa, que foi a Loulé na sua condição de secretário-geral do PS, se dirigiu à sessão onde apresentou aos militantes a moção que há-de levar ao Congresso Nacional do partido.
Fotos: Gonçalo Gomes|Sul Informação