Tudo começará com os agentes do SEPNA da GNR, no Algarve, que já começaram a receber formação para que possam combater crimes e atentados contra o património de forma mais eficaz.
Mas a ideia é, numa segunda fase, «replicar essa formação a todo o dispositivo da GNR», usando os militares já formados, revelou o Coronel Carlos Silva Gomes, Comandante Territorial de Faro da GNR.
A Direção Regional de Cultura do Algarve e a GNR assinaram um protocolo de colaboração que prevê que o SEPNA, divisão daquela autoridade afeta a crimes ambientais, passe também a ser uma parte ativa da missão de proteção do património cultural da região. A ideia é que os militares da GNR, no trabalho que desenvolvem dia-a-dia, identifiquem potenciais ameaças ou situações de desrespeito pelo património, para melhorar a missão de proteção destes bens.
Para isso, mais do que adicionar uma competência ao rol das que o SEPNA já detinha, foi considerado necessário formar estes elementos da GNR, para que fiquem habilitados a detetar situações ilícitas. É que, por vezes, as ameaças não são evidentes, para quem não está ligado à área cultural e do património.
Estes muitos pares de olhos extra darão uma grande ajuda à Direção Regional de Cultura, que não tem pessoal suficiente para acudir a todas as situações. «A equipa da Direção Regional de Cultura do Algarve é composta por 34 pessoas, o que torna totalmente impossível estar na proximidade todo este património e detetar o que se está a passar», disse ao Sul Informação a diretora Regional de Cultura do Algarve Alexandra Gonçalves, à margem da sessão de assinatura do protocolo.
Afinal, no Algarve «há cerca de 180 imóveis classificados ou em vias de classificação», a que se terão de juntar «os mais de 3 mil locais com potencial interesse» identificados. Boa parte destes locais ficam em zonas de baixa densidade, onde é ainda mais complicado proteger o património, por causa da desertificação.
«A ideia é prevenir problemas. Teremos equipas que estão no terreno, perto destes locais que estão classificados como património, bens comuns com valor histórico e cultural, muitas vezes camuflados no espaço rural», ilustrou.
Em causa estão crimes contra o património, como as estufas que estavam a ser construídas em cima das ruínas da cidade romana de Balsa, em Tavira, situação que deu a ideia para este protocolo, mas também o «risco de abandono» a que o património está sujeito.
Alexandra Gonçalves salientou, ainda, que este foi «um ato de política regional e dos mais relevantes, em termos de cooperação institucional e apoio mútuo».
Este foi, de resto, um processo que «nasceu de forma simples», mas que irá servir «para resolver situações concretas», segundo o Coronel Silva Gomes, que vê na assinatura deste protocolo «um ato de cidadania». Uma posição saudada por Alexandra Gonçalves, que fez questão de frisar que o Comandante Territorial de Faro da GNR «agarrou com entusiasmo no projeto desde a primeira hora».
Quem também deu um contributo precioso para o trabalho que passará a ser desenvolvido foram os municípios, que ajudaram a Direção Regional de Cultura a fazer um levantamento exaustivo do património existente no Algarve, permitindo que a região fosse pioneira, neste campo.
E a colaboração das autarquias não ficará por aqui. «Fizemos um contacto com todas as Câmaras do Algarve, dizendo que íamos assinar este protocolo e questionando se estavam interessados em colaborar em ações futuras e temos estado a receber respostas positivas de todas», concluiu Alexandra Gonçalves.