O ciclo «Gente Singular. Conversas com escritores» terá como primeira convidada a escritora Lídia Jorge, que estará à conversa com João Ventura, na próxima sexta-feira, dia 24 de Junho, às 18h30, na Casa Manuel Teixeira Gomes, em Portimão.
Trata-se de um ciclo promovido pelo Instituto de Cultura Ibero-Atlântica (ICIA), que surge «pensando nos leitores que têm curiosidade em saber o que vai na cabeça de um autor quando escreve um livro, como se projeta na escrita a sua biografia ou que relação tem a matéria ficcional com a realidade».
Nascida em Boliqueime, Lídia Jorge, que é uma das vozes mais singulares da literatura portuguesa, já correu mundo, mas regressa sempre às imagens de um Algarve rural desaparecido. É cá que escreve, na casa da família, e aqui retorna, uma e outra vez, e desta vez para conversar em Portimão.
O mote da conversa será o seu novo livro, que pode ser a chave para revelar como se relaciona a sua escrita ficcional com a sua biografia.
Tanto mais que, segundo João Ventura, “em O Amor em Lobito Bay, cada um dos contos, percebe-se, desvenda uma ou outra passagem da sua vida, como se este livro também pudesse ser lido como um diário, como, aliás, a própria Lídia Jorge confessa”.
De acordo com a nota que acompanha o livro, “são contos de persistência, memória de momentos, breves momentos de relâmpago, durante os quais a luz ilumina demais, e algo se esclarece para sempre, ainda que a sombra nunca se esgote.
Contos que, como explica João Ventura, “são autoficções breves, iluminações efémeras, pontuadas por interpelações da vida quotidiana, encontros e desencontros, viagens. A proposta será, pois, escutarmos a voz de Lídia Jorge contando, também ela, o que ouviu e ouve no mundo à sua volta”.
Lídia Jorge nasceu em 1946, no Algarve. É autora de uma vasta obra amplamente reconhecida e traduzida em muitos idiomas, que conta com adaptações ao teatro e ao cinema. Destaca-se o filme A Costa dos Murmúrios (1988), um dos mais poderosos textos sobre a guerra colonial, adaptado ao cinema num filme de Margarida Cardoso.
Pelo conjunto da sua obra, foi vencedora do prestigiado prémio da Fundação Günter Grass, na Alemanha, ALBATROS (2006) e do Grande Prémio Sociedade Portuguesa de Autores – Millennium BCP.
Em 2011, foi distinguida com o Prémio da Latinidade João Neves da Fontoura; o júri, presidido por Eduardo Lourenço, premiou Lídia Jorge pela «consagração da sua obra, que muito tem contribuído para o enriquecimento do património cultural e literário do Portugal contemporâneo».
Em 2013, a revista Le Magazine Littéraire considerou-a uma das 10 grandes vozes da literatura estrangeira.
Foi ainda distinguida com o Prémio Luso-Espanhol de Arte Cultura, de 2014 e com o Prémio Virgílio Ferreira, em 2015.