«Traidor ou Patriota? – José Diogo Mascarenhas Neto (Um notável algarvio no lado errado da história)» é o mais recente trabalho do escritor e investigador algarvio João Nuno Aurélio Marcos, que vai ser apresentada no «Hotel Capela das Artes», em Alcantarilha, no próximo sábado, 25 de Junho, às 16 horas.
Curiosamente, o atual hotel situa-se na casa onde José Diogo Mascarenhas Neto nasceu, em 1752, a Quinta da Cruz. O espaço escolhido para a apresentação foi o Lagar de Azeite da antiga quinta, o primeiro a funcionar a vapor em Portugal.
A apresentação da obra, editada pela Arandis, estará a cargo da investigadora Maria João Raminhos Duarte.
João Nuno Aurélio Marcos, advogado de profissão, é autor de obras como «Os Viscondes de Lagoa» e «A caridade e as Instituições de Assistência Pública no Concelho de Lagoa», entre outras.
Nesta sua nova obra, de cariz histórico e biográfico, o investigador dá a conhecer a vida e obra de um dos mais notáveis algarvios de sempre, natural de Alcantarilha.
Nascido no seio de uma destacada família algarvia, José Diogo Mascarenhas Neto foi inaugurar o Colégio dos Nobres, em Lisboa, onde estabelece ligações de amizade com vários membros da nobreza nacional. Frequentou a Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito.
Ingressou na Magistratura, tornando-se Juiz-de-Fora de Leiria, onde viria a casar (desse casamento descende, entre outros, Mouzinho de Albuquerque), foi igualmente corregedor de Amarante e de Guimarães e Desembargador da Casa da Suplicação.
No entanto, não é enquanto magistrado que José Diogo adquire o seu maior prestígio e dimensão histórica. Em 1791, foi Superintendente Geral das Calçadas e Estradas, tendo dirigido a construção da primeira estrada Lisboa/Porto.
Foi, igualmente, Superintendente Geral dos Correios e Postas do Reino, sendo por muitos considerado como o fundador dos correios em Portugal, tamanha a reforma que fez nesse serviço público.
Foi por iniciativa sua que foram colocadas nas ruas as primeiras placas de toponímia e atribuído um número de polícia a cada casa, facilitando a distribuição postal.
Liberal, com ligações à Maçonaria, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa e sócio correspondente da Sociedade do Museu de Paris, foi preso em 1810, sendo exilado em Inglaterra e na França, onde se manteve até 1821.
A apresentação da obra é uma oportunidade para os participantes conhecerem a Quinta da Cruz, atual Hotel Capela das Artes, podendo maravilhar-se com a riqueza arquitetónica de uma casa senhorial cujas origens remontam ao século XV, que integra uma capela consagrada no século XVIII pelo Bispo Avelar.
A rodear a casa, além de um vasto património histórico, como o poço medieval que abasteceu de água Alcantarilha até meados do século XX, encontram-se peças do lagar de azeite e inúmeras oliveiras, a mais antiga das quais com 1.500 anos de idade.
Em Outubro de 2013, o solar com capela e lagar de azeite da Quinta da Cruz foi classificado como Monumento de Interesse Público.