A Quercus congratulou hoje, em comunicado, as 16 Câmaras do Algarve, que, através da Comunidade Intermunicipal (AMAL), entregaram, no Tribunal Administrativo de Loulé, duas providências cautelares contra a exploração de gás e petróleo offshore e onshore.
A Quercus afirma apoiar «a união de todos os Municípios da região» e reforça a «importância da luta pelos interesses dos cidadãos e por um Algarve Livre de Petróleo e Gás Natural».
Segundo a associação ecologista, «a perfuração exploratória tem como objetivo inequívoco a produção e comercialização de hidrocarbonetos; assim, apesar dos impactos efetivos da perfuração, deve-se ter em conta os impactos efetivos e potenciais na exploração, desde as descargas de águas residuais nocivas, até aos múltiplos acidentes que comprometem a vida dos trabalhadores, o ambiente, e, direta ou indiretamente, a população».
Em relação aos impactos diretos na região algarvia, a Quercus sublinha que, «do ponto de vista económico, o que se perspetiva é um desastre, não só porque a plataforma se localizará muito perto da Beirinha, o maior banco de pescada branca do Algarve, como também matará quantidades apreciáveis de peixe e os afastará para outras bandas».
Lembra ainda que o setor do turismo, uma das atividades de relevo da região, deverá «ressentir-se logo que for conhecida a exploração e possíveis focos de contaminação das águas, o que certamente convidará os turistas a procurarem outras paragens».
Além disso, a exploração de gás natural «poderá provocar um aumento da atividade sísmica na região».
No que respeita aos benefícios para os cidadãos, quanto à hipotética criação de postos de trabalhos, «o valor será residual, logo não justificável».
Por outro lado, a Quercus reafirma que «não foram cumpridas todas as normas de proteção ambiental, nomeadamente em sede de avaliação de impacto ambiental, e existe uma clara sub-avaliação dos riscos de catástrofe ambiental para o Algarve».
Em termos genéricos, a associação sublinha a «sua visão de que o caminho para Portugal deverá passar por investimentos mais sólidos em energias renováveis compatíveis com a conservação da natureza, assim como pela eficiência energética, e não pela aposta na exploração de hidrocarbonetos, que entra em contradição com os compromissos assumidos pelo Estado Português na cimeira COP21».
Considera ainda que um projeto desta natureza deve ser «muito bem justificado do ponto de vista económico», salientando que, «se os ganhos imediatos daí derivados são relevantes para o país, compensando potenciais riscos que podem existir, não só do ponto de vista económico, mas também ambiental e social, em caso de acidente».