O programa “365 Algarve”, que junta apoio às artes com a promoção de um forte programa cultural na época baixa do turismo para ajudar a esbater a sazonalidade, arranca este sábado, dia 1 de Outubro, em três cidades algarvias – Tavira, Faro e Lagoa.
O pontapé de saída para este programa «inovador e pioneiro» em Portugal, por juntar cultura e turismo, através das secretarias de Estado da Cultura e do Turismo, e estar dotado de 1,5 milhões de euros, será dado às 15h00 de sábado, na Biblioteca Álvaro de Campos, em Tavira.
Dália Paulo, comissária do novo programa “365 Algarve”, revelou, em entrevista ao programa «Impressões», produzido em conjunto pela Rádio Universitária do Algarve (RUA FM), e o Sul Informação, que se trata de uma iniciativa que «reuniu mais de duas dezenas de associações culturais da cidade de Tavira, o que é espetacular, pela capacidade de trabalhar em rede à volta de um tema que é a Festa de Anos de Álvaro de Campos».
Neste primeiro dia, a Biblioteca Municipal recebe a apresentação quer “365 Algarve”, quer da “Festa dos Anos de Álvaro de Campos”, organizada pelo coletivo Partilha Alternativa, que «tem uma programação que se estende por dois meses: começa a 1 de Outubro e prolonga-se até 30 de Novembro», incluindo mais de duas dezenas de atividades.
Mas nesse dia inaugural do “365 Algarve”, ainda em Tavira, na Casa Álvaro de Campos, na baixa da cidade, haverá «um pequeno apontamento de música e de poesia», e depois serão inauguradas «duas exposições na cidade, em duas pequenas galerias». Trata-se de «Pessoas de Pessoa», uma exposição de pintura de Fonseca Martins, na Tavira D’Artes, e «E se soubessem quem é, o que saberiam?», outra mostra de pintura, mas de Kinga Subicka, no Espaço A.
Este será o arranque para dois meses de intensa atividade, ligada a Álvaro de Campos, esse heterónimo de Fernando Pessoa que o poeta fez nascer na cidade do Gilão. «A ideia é que, quem chega, perceba que Álvaro de Campos é de Tavira e que se sinta Álvaro de Campos nestes dois meses», explicou a comissária.
Segue-se depois Faro, onde terá lugar a «inauguração de uma exposição, que reúne também duas entidades – o CIAC Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve e a P28, e que se centra nos jovens criadores algarvios». Será às 18h00, no Largo de São Francisco.
Dália Paulo salientou ser «muito interessante ter os jovens criadores algarvios logo no arranque do “365 Algarve”, com a exposição Outdoor, que leva a arte à rua», ou seja, uma exposição que «não nos convida a entrar no museu, convida-nos a ter a perceção da arte a partir da rua, do seu diálogo com as cidades, do seu diálogo com quem passa, e a partir daí também criar um olhar diferente para como se faz cidade e como a cidade interage com a arte. É uma proposta muito interessante, de acesso fácil ao que os jovens criadores estão a fazer neste momento, e que nos permite depois levar as pessoas aos museus, mas a partir da rua».
Este projeto, que começa em Faro com uma obra da autoria da jovem artista Vilma Correia, vai depois percorrer os concelhos de Alcoutim, Faro, Lagos e Loulé, até Maio do próximo ano.
E porque 1 de Outubro é também o Dia Mundial da Música, a abertura do “365 Algarve” culmina, às 21h30, com o concerto do pianista Adriano Jordão no Auditório Municipal de Lagoa, que Dália Paulo classifica como uma «belíssima proposta para finalizar este primeiro dia».
O concerto, promovido pela associação ArtedoSul com a Câmara Municipal de Lagoa, custa 8 euros e terá até um convidado de honra especial: o ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral.
Para a comissária do novo programa, as atividades escolhidas para sábado permitem, desde logo, «perceber uma das linhas estratégicas do programa, que é ser por todo o Algarve – aqui temos Barlavento, Centro e Sotavento». E dão a conhecer outras das suas linhas estratégicas, que é o facto de o programa ser dedicado a várias áreas da criação, como a música, as artes visuais e as artes performativas.
«Neste primeiro dia, já podemos ter um gostinho que dá para perceber como é que o “365 Algarve” se vai desenvolver ao longo dos restantes oito meses», garantiu Dália Paulo.
Para a comissária do programa, que é, ela própria, uma pessoa com grande experiência na área da gestão e programação cultura, a «grande novidade» do “365 Algarve” é ser «construído exclusivamente com associações culturais algarvias e municípios do Algarve», o que permitiu construir uma programação «participativa e identitária».
Dália Paulo revelou as contas finais deste primeiro ano: estão envolvidas 51 entidades, que apresentarão 63 projetos, em mais de mil apresentações ao longo destes oito meses, entre Outubro e Maio de 2017, de uma ponta à outra da região, ou seja, de Alcoutim a Aljezur.
«Podemos sentir neste programa o pulsar da região, o que ela quer oferecer, o que quer partilhar, as inquietações da região, mas também o que tem de melhor e quer proporcionar quer aos seus residentes, quer aos visitantes». E isso porque «é um programa que se baseia na identidade do território e na criação contemporânea, no espírito da Convenção de Faro».
E porque este “365 Algarve” é para continuar, quando está prestes a ir para o terreno a sua primeira edição, já se está a pensar na seguinte. Dália Paulo considera que, para a programação destinada ao período de Outubro de 2017 a Maio de 2018 o que está previsto é começar «a trabalhar nisso já a partir de final de Novembro/Dezembro, para que, em Janeiro, tivéssemos já o desenho completo da programação».
«Gostaríamos muito de, em Março, ter o programa já definido pelo menos nas sua linhas gerais, para podermos fazer aquilo que este ano não tivemos oportunidade de fazer, que é chegar aos mercados emissores [de turistas] com a antecedência necessária, para que o “365 Algarve” possa ser um dos motivos da inversão da sazonalidade na região» e possa estar na base da escolha da região para passar férias fora da época alta do turismo, ou seja, para além do Verão.
Mas porque o “365 Algarve” vai decorrer um pouco por toda a região, o convite fica já feito para que todos os algarvios sejam os primeiros a aproveitar de uma programação cultural feita e pensada na região, como nunca antes aconteceu. Dia 1 de Outubro, já sabe: Tavira, Faro e Lagoa são os locais onde ir.
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Oiça aqui, na íntegra, a entrevista de Dália Paulo ao «Impressões»