Um grande túnel que vai servir para desviar o caudal da ribeira de Albufeira da baixa da cidade em direção ao mar é a obra de maior envergadura e a que tem maior prioridade no Plano de Drenagem de Albufeira, que foi hoje apresentado. Esta infraestrutura, que deve ficar pronta dentro de dois anos, e que pretende evitar que situações de cheia como a de 1 de Novembro de 2015 se repitam, vai custar cerca de 15 milhões de euros.
Segundo José Saldanha Matos, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, que desenvolveu este plano, se o túnel for feito, numa situação de chuva intensa como a que ocorreu há um ano, «não existem prejuízos para aquela zona [da Baixa de Albufeira]».
Para o especialista, este túnel «tem que ser feito imediatamente» e faz parte de um conjunto de intervenções consideradas prioritárias como «coletores de meia encosta, uma estação de bombagem na Rua Cândido dos Reis, porque a zona da baixa vai ter sempre alguns problemas. Isso resolve-se “à holandesa”, que tem metade do território abaixo da linha da água do mar, e não tem grandes problemas com cheias. Aqui tem de ser a mesma coisa, com um sistema tipo bomba que reage imediatamente e permite retirar a água que se acumula. Não estamos a eliminar a causa, mas a eliminar os efeitos».
Este conjunto de intervenções prioritárias representam, segundo Saldanha Matos, «quase dois terços do investimento, e devem ser feitas nos cinco anos seguintes. É um investimento muito importante para salvaguardar e proteger as pessoas», explica.
Entre as várias sugestões de obras que foram apresentadas encontram-se, por exemplo, a criação de um “mini-túnel” na zona da Praia do Inatel, que também fará descargas das águas pluviais diretamente no mar, para evitar problemas naquela zona.
No entanto, o planeamento das restantes intervenções vai depender de vários fatores, como explicou Saldanha Matos. «Há medidas de curto prazo, que são disseminadas por todo o território e que, são para o período 2017-2020. Depois há outras obras de longo prazo, 2020-2030, que são medidas para os próximos 15 anos. As mais urgentes e prioritárias, que trazem maior benefício face ao custo, são aquelas que avançam primeiro, as outras são relegadas, e se forem necessárias faz-se, se não forem necessárias não se faz».
Também Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara de Albufeira, definiu duas fases para a aplicação do Plano de Drenagem de Albufeira. Depois da construção do grande túnel, «com valores na ordem dos 15 milhões de euros, haverá uma série de obras complementares, para a recolha de águas pluvais, que consistirá no aproveitamento das infraestruturas antigas, nomeadamente o túnel já existente».
Segundo o autarca, «a primeira fase não causará incómodo à cidade, é tudo por baixo de chão, mas a segunda fase implica obras de superfície, que criarão transtorno e, por isso, serão para ser feitas gradualmente».
De acordo com Saldanha Matos, a aplicação no terreno do Plano de Drenagem de Albufeira pode custar «entre 30 e 40 milhões de euros», ressalvando, no entanto, que «são investimentos para 100 anos».
Um valor que poderá ter que sair inteiramente dos cofres do Município, porque Carlos Silva e Sousa garante que não vai esperar por apoios que podem não chegar. «Estamos a contar com nossas finanças. Não vamos contar com algo que não sabemos se irá ou não acontecer. Estou a falar quer de fundos do Estado português, quer de fundos europeus. Tentaremos que seja remetido para Albufeira, o mais que pudermos, para sacrificarmos o menos possível as finanças locais. Mas não iremos aguardar por ninguém para que se inicie a obra. Temos o dinheiro para iniciar a obra e concluí-la, se necessário. Não queremos, nem desejamos isso, seria até injusto, mas não será a questão das finanças que nos vai impedir de começar a obra e executá-la até ao fim».
Carlos Silva e Sousa quer que a obra do túnel esteja pronta o mais rápidamente possível e aponta a dois anos para a sua conclusão. No entanto, «não posso definir prazos exatos. Estou dependente da conclusão do projeto, e do concurso. O meu desejo é começar amanhã, mas estou dependente da parte técnica e da contratação pública», concluiu.