A rede pioneira de 20 bicicletas elétricas, com pontos de carregamento em Carvoeiro, Ferragudo e Senhora da Rocha, já está instalada no concelho de Lagoa, mas só entrará em funcionamento em Janeiro. Esta quinta-feira já foi experimentada por um grupo de 20 felizardos, entre os quais se contaram autarcas e jornalistas.
O Sistema de Bicicletas Públicas de Lagoa foi um projeto escolhido pelos cidadãos, através do Orçamento Participativo do concelho de Lagoa e e traz para o concelho mais um atrativo para turistas e residentes.
É que o Sistema de Bicicletas Públicas vai servir tanto para deslocações diárias, como para passeios de lazer, sendo uma forma divertida e saudável de visitar Lagoa, as suas praias e os muitos atrativos culturais.
O Sistema de Bicicletas Públicas de Lagoa é também inovador, por ser o primeiro sistema de smart-bikes elétricas em Portugal e um dos primeiros na Europa.
Toda a tecnologia por trás deste sistema foi criada por uma empresa portuguesa, a Bikeemotion, enquanto as operações do dia-a-dia do sistema serão também asseguradas por uma empresa nacional, a Wegoshare.
As bicicletas elétricas, bem como as estações e docas, em si, são produzidas pela Bewegen Technologies Inc, cujo representante esteve ontem no Algarve para o lançamento deste projeto inovador. Esta empresa, apesar de canadiana, desenvolveu um projeto em parceria com a Universidade de Aveiro, à qual estão ligadas as outras duas empresas.
Daniel Ferreira, diretor geral da Wegoshare, explicou ao Sul Informação que as bicicletas instaladas no concelho de Lagoa são «a quarta geração de bicicletas elétricas, automáticas, inteligentes, dotadas de GPS e comunicações 3G para registo das rotas e proteção anti-roubo, em contacto permanente com o servidor central, e que podem ser utilizadas de forma simples, recorrendo a um smartphone».
«Estas bicicletas são o topo do que se faz neste momento, a nível mundial. Como estas, na Europa, só há na Alemanha…e dentro de duas semanas no Barreiro», revelou Daniel Ferreira.
«Esta mobilidade sustentável e inteligente é o futuro!», garantiu, por seu lado, Francisco Martins, presidente da Câmara de Lagoa e um dos primeiros a experimentar a bicicleta elétrica, em declarações ao Sul Informação.
«Temos vindo a apostar na criação de condições para promover a mobilidade sustentável. Além da criação deste Sistema de Bicicletas Públicas, que resulta de uma ideia apresentada por um munícipe no Orçamento Participativo de Lagoa, vamos também apostar na criação de ciclovias, em todo o concelho», acrescentou o autarca.
Para começar, avançarão duas ciclovias: uma entre Carvoeiro e a Rocha Brava, «para servir os hotéis que existem ao longo dessa estrada, numa extensão de cerca de três quilómetros», e outra, mais curta, entre «a Ponte do Arade e o Parchal». Depois, revelou Francisco Martins, há ainda a ideia de fazer uma terceira ciclovia, ligando a Senhora da Rocha e os Alporchinhos a Vale de Olival e Armação de Pêra. Tudo em nome da mobilidade sustentável.
As bicicletas elétricas da Wegoshare são feitas também a pensar na segurança, por isso, se chover, «o motor terá menos força, para gerar menos velocidade e evitar algum acidente». Por outro lado, pelo facto de estarem dotadas de GPS, «se a bicicleta for a passar, por exemplo, perto de uma escola, de um parque infantil, também diminui a velocidade, por razões de segurança», disse ainda Daniel Ferreira.
A ideia de instalar uma rede de bicicletas elétricas e inteligentes no concelho de Lagoa foi proposta pelo munícipe Luís Cortes, nas reuniões do Orçamento Participativo. «Vim morar para Lagoa e, como não tenho carro e os transportes públicos funcionam mal, pensei que um sistema de bicicletas partilhadas seria uma boa ideia», explicou o jovem Luís Cortes, que ontem experimentou as bicicletas e ainda recebeu das mãos do presidente da Câmara de Lagoa um diploma e uma placa alusiva à concretização do projeto por si proposto.
A partir de Janeiro, a rede estará «totalmente em funcionamento», revelou Daniel Ferreira, mas, durante os primeiros dois meses do ano, enquanto se testar na prática e se acertar os pormenores, estará apenas disponível para ser utilizada pelos residentes no concelho de Lagoa.
«Em Março, estará aberto a todos, residentes e visitantes, em pleno funcionamento para a enchente turística da Páscoa», acrescentou o diretor geral da Wegoshare.
No total, a instalação da rede custa 125 mil euros, dos quais 65 mil euros suportados pela Câmara Municipal de Lagoa e 60 mil pela Wegoshare. «Os custos operacionais, sustentabilidade e futuras expansões do sistema serão financiados por receitas de publicidade e patrocínios, bem como pelas receitas do aluguer das bicicletas», explicou Daniel Ferreira.
E como se pode então andar nestas bicicletas elétricas? Quanto custa? «As bicicletas podem ser automaticamente alugadas usando um cartão de membro (tipo passe) ou através de aplicações móveis para iPhone e Android».
Há uma «discriminação positiva» para os residentes de Lagoa, que terão acesso a subscrições semestrais ou anuais, que permitem o uso ilimitado das bicicletas. Estas subscrições terão um preço especial para residentes, desde 9 euros por mês. Para se inscrever, um residente em Lagoa terá apenas de aceder ao website do sistema, apresentar um comprovativo de residência e preencher o formulário.
Por seu lado, os turistas ou visitantes que estejam de férias em Lagoa terão acesso a um “Passe” que pode ir de um dia a um mês, com preços desde 18 euros por dia. Estarão também disponíveis alugueres horários (1, 2, ou 4 horas), com preços desde 5 euros por hora. Os turistas e visitantes, além de poderem tratar de tudo no website, poderão ainda usar os quiosques eletrónicos que serão instalados em cada uma das estações.
As bicicletas têm uma autonomia de 70 quilómetros. Além de estarem dotadas com GPS, todas as bicicletas e estações de carregamento e parqueamento têm alarmes e mecanismos anti-roubo e anti-vandalismo.
Depois desta primeira apresentação, aos residentes, jornalistas e autarcas, haverá outras ações de demonstração e experimentação das bicicletas junto da comunidade de Lagoa, bem como iniciativas de divulgação específicas para o comércio local e para a hotelaria, para lhes dar a conhecer o sistema e as formas como também o podem usar para obter novas receitas.
«A Wegoshare acredita que este sistema de bicicletas públicas, como outros, é uma enorme mais-valia, tanto para as populações, como para o turismo na região do Algarve», salientou Daniel Ferreira.
«Vai muito além de serem apenas bicicletas de aluguer, tendo tudo para se afirmar como uma alternativa aos transportes públicos de proximidade. Naturalmente que também são um excelente veículo para visitar a região e conhecer tudo o que de bom temos por cá, de forma divertida e saudável», acrescentou.
«Nós estamos muito entusiasmados com este projeto, que esperamos seja a primeira pedra para uma expansão a toda a região algarvia», concluiu o diretor geral da Wegoshare.
Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação