A situação de caos no serviço de urgências do Hospital de Portimão denunciada por uma reportagem emitida na SIC, no dia 1 de Dezembro, reavivou a questão da falta de profissionais e de consumíveis no Centro Hospitalar do Algarve.
Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, reagiu no Facebook, considerando que as imagens transmitidas «são chocantes e próprias de um país subdesenvolvido» e disse que o ministro da Saúde lhe garantiu, na sequência da reportagem, que é tempo de «passar das palavras aos atos».
A oposição concelhia acusa a autarca de aproveitamento político da situação e os deputados do CDS-PP já questionaram o ministro Adalberto Fernandes sobre se, de facto, assumiu o compromisso revelado por Isilda Gomes e em que consiste.
Na reportagem da SIC, que mostra imagens de um vídeo amador, é denunciada a falta de médicos, a falta de enfermeiros, a falta de lençóis, cobertores, de macas, e até de copos para dar água aos doentes, sendo utilizados copos de recolha de urina para este fim.
Isilda Gomes, no Facebook, mostrou-se indignada com a situação e pediu a separação do Hospital de Portimão e do Hospital de Faro. A autarca revelou que o ministro da Saúde «tem-me transmitido a necessidade de avaliar o atual modelo, tendo-se comprometido a tomar uma posição até ao final do presente ano. Perante o que acabámos de assistir, creio que não restarão dúvidas de que a fusão do Hospital de Portimão com o Hospital de Faro, com a consequente criação do CHA, foi um erro grave que urge corrigir».
Para a presidente da Câmara de Portimão, «é mais do que tempo de passarmos das palavras aos atos e foi essa a garantia que me foi dada telefonicamente há momentos pelo dr. Adalberto Fernandes. Enquanto autarca, mas também enquanto utente, não descansarei até que veja reposta a qualidade de prestação de cuidados de saúde em Portimão».
As palavras de Isilda Gomes mereceram resposta da oposição concelhia, nomeadamente da coligação Servir Portimão, composta pelo CDS-PP, MPT e PPM. Em comunicado, assinado por José Pedro Caçorino, vereador eleito por esta coligação, a Servir Portimão diz que «a degradação das condições de prestação de cuidados de saúde na região do Algarve só será motivo de surpresa ou de choque para aqueles que têm andado distraídos ou que só se preocupam com este tipo de problemas em véspera de eleições!»
Sem nunca referir Isilda Gomes, o documento assinado por José Pedro Caçorino considera que, «mais do invocar uma aparente proximidade junto do sr. ministro da Saúde (estranha, porque totalmente ineficaz no último ano para contrariar a degradação da saúde na região!), há que tomar medidas urgentes!».
Além disso, a coligação diz não aceitar «a demagogia e o aproveitamento político de quem, de forma serôdia, usa e abusa do assunto da saúde em Portimão para tentar ganhar votos! Seja com providências cautelares inconsequentes, que constituem um lamentável show-off pré-eleitoral, seja com mensagens nas redes sociais, cujas utilizações, aliás, tanto criticam nos outros agentes políticos!».
Depois de, em Fevereiro, o CDS-PP ter enviado um conjunto de questões sobre a situação dos serviços de saúde no Algarve ao ministro, os deputados centristas, na sequência desta reportagem e da publicação de Isilda Gomes no Facebook, voltaram a questionar o Governo.
Além de pedirem a confirmação dos factos emitidos na reportagem da SIC, relativos ao Serviço de Urgência no Hospital de Portimão, os deputados do CDS pedem ao ministro que comente as declarações publicadas nas redes sociais por Isilda Gomes, que alega ter o compromisso de Adalberto Fernandes de resolver a situação, e querem saber em que consiste esse compromisso.
Os deputados do CDS-PP perguntam também que medidas pretende tomar o Governo, «de imediato, para acautelar e garantir a qualidade da prestação de cuidados de saúde neste Hospital, que está manifestamente ameaçada», ou se o Ministério da Saúde pretende «rever o modelo de gestão do Centro Hospitalar do Algarve» ou fazer uma auditoria à administração do CHA.
A juntar às posições políticas, um grupo de cidadãos agendou para o próximo sábado, às 15h00, uma manifestação «pela melhoria das condições de saúde no Hospital de Portimão».