«O medo em Angola está a diminuir. Há um espevitar. Já se vêem pessoas a discutir em público». Estas foram palavras do rapper luso-angolano Luaty Beirão, opositor ao Governo de José Eduardo dos Santos, numa sessão, de promoção dos direitos humanos, que decorreu esta manhã, dia 19 de Janeiro, no Grande Auditório da Escola Secundária de Loulé.
Entraram com “v” de vitória e saíram de cravo na mão. Luaty Beirão e Marcos Mavungo, dois dos rostos da oposição ao governo Angolano, contaram, perante uma plateia cheia de alunos, histórias das suas lutas.
Criticaram, alertaram, e quiseram deixar uma mensagem: «é urgente» mudar o rumo daquele país.
«Nós sabemos que podemos morrer a qualquer momento, mas sentimos que as pessoas estão a vencer as barreiras do medo. Viver assim, com medo, é viver como um escravo», disse Luaty. «O chefe [José Eduardo dos Santos] está cada vez mais só e triste», acrescentou.
«O dinheiro angolano que é investido em Portugal mina a democracia portuguesa», considerou Mavungo. «É preciso publicitar e levantar um debate acerca do que se está a passar, tanto nas instituições portuguesas, como a nível mundial e europeu, com a União Europeia», defendeu.
Já Luaty Beirão afirmou que «têm de ser vocês, os portugueses, a exigir ao Estado Português que se cumpra um mínimo que é ético». Isto porque, no entender do rapper, «o Estado Português é vosso empregado. Foram vocês que os elegeram para vos representar».
Numa sessão onde os aplausos foram recorrentes, foram dadas algumas luzes do que poderá ser o futuro de Angola: «aquele regime vai cair por si só», considerou Luaty. Já a revolta ou revolução… «acontecerá quando houver liberdade». «Nós estamos a trabalhar nisso. O que é queremos é defender o que é correto», concluiu Luaty.
Esta sessão foi promovida pelo Grupo de Estudantes da Escola Secundária de Loulé da Amnistia Internacional.
Fotos: Pedro Lemos|Sul Informação
NOTA: Fique atento/a à reportagem em vídeo sobre esta sessão que amanhã publicaremos