O fim do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), para dar lugar ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), «está por semanas», revelou ao Sul Informação o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve Paulo Morgado.
O responsável máximo pela saúde na região deu uma entrevista exclusiva ao nosso jornal, duas semanas depois de ter sido nomeado para o cargo, onde explicou o novo modelo de gestão hospitalar que o Governo se prepara para implementar e porque o considera «o único caminho» para colocar o Serviço Nacional de saúde algarvio nos trilhos.
A transformação do CHA em CHUA é uma certeza desde há algum tempo, mas pouco se sabia sobre o modelo que o Ministério da Saúde quer implantar no Algarve. Paulo Morgado não teve problemas em explicar.
«O que nós estamos a tentar construir aqui no Algarve, o tal Centro Hospitalar Universitário do Algarve a que eu já me referi e o ministro também, é a estratégia certa para a região. O modelo que temos não funcionou! Não tenho qualquer problema em admitir isso: o Centro Hospitalar do Algarve que temos neste momento não funcionou.! Assumindo isso, queremos que este modelo evolua», disse.
Para Paulo Morgado, isso conseguir-se-á com o novo CHUA, que será constituído por quatro polos: «duas unidades hospitalares, uma em Portimão/Lagos e outra em Faro, o Centro de Medicina e Reabilitação Física do Sul e um polo de investigação e de ligação com a Universidade do Algarve».
Esta não será, admite, «uma arquitetura fácil de montar», mas afirma-se comprometido com o novo modelo. «Foi também nessa perspetiva que aceitei o convite do sr. ministro da Saúde para ocupar o cargo, pois era essa a minha ideia e estávamos alinhados».
Outro «desafio grande» é o de conseguir levar este novo navio a bom porto, tendo em conta que a estrutura a criar será ainda maior do que a que hoje existe.
«Só não se torna mais pesado, e esta é a diferença que faz toda a diferença, porque vamos ter quatro unidades que vão trabalhar em conjunto, mas com grande autonomia. Neste momento, isso não existe. Na estrutura atual, está tudo unificado. Mas as chefias intermédias não conseguem chegar a todo o lado. Isso gera grande insatisfação e problemas no dia-a-dia», considerou o presidente da ARS.
No CHUA, continuará a existir um Conselho de Administração, mas que «terá de delegar competências, para uma gestão intermédia eficaz».
«É indiferente aquilo que chamamos [aos novos cargos]. Mas cada unidade terá que ter um gestor, governação clínica e de enfermagem», explicou, referindo-se, igualmente, à polémica em torno da figura de subdiretor clínico, que faz parte do novo regulamento do CHUA.
Aliás, em relação ao relação a esse regulamento, que foi recentemente homologado pela tutela, mas não incluía ainda alguns aspetos, como a integração do Centro de Medicina Física e de Reabilitação de São Brás de Alportel, o presidente da ARS garante que é «passível de ser alterado».
Além da maior autonomia que será conferida às diferentes unidades de saúde do CHUA, este modelo tem outra novidade que Paulo Morgado considera fundamental, a inclusão da dimensão académica. «Fortalecer o curso de Medicina é estratégico para o Algarve. Não queremos perder, de maneira nenhuma, este curso. E só conseguimos fortalecê-lo com uma estrutura hospitalar forte e dinâmica. Esta ligação é benéfica para ambas as partes», acredita.
Esta opinião não é proferida sem bases concretas, tendo em conta desenvolvimentos recentes. «Conseguimos atrair para cá um neurocirurgião que Lisboa não queria deixar vir. É um jovem que está a fazer o doutoramento e acabou por se desvincular do local onde estava, para celebrar um contrato aqui connosco, porque esta ligação à Universidade do Algarve é algo que o atrai. Ele quer acabar o Doutoramento aqui e trabalhar na Faculdade de Medicina [Departamento de Ciência Biomédicas da UAlg]», contou.
«O caminho está traçado e a estratégia é esta. Na minha perspetiva, esta é a única maneira de funcionar e é o melhor para o Algarve», rematou Paulo Morgado, novo presidente da Administração Regional de Saúde algarvia.