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O peixe zebra consegue regenerar a sua barbatana caudal, apesar desta ser feita de tecido e osso como os membros dos demais animais e, claro, dos seres humanos. Uma particularidade que foi investigada pelo grupo Bioskel, do Centro de Ciências do Mar (CCMar) do Algarve, e que pode vir a dar pistas decisivas para a criação de terapias que permitam combater diferentes doenças ósseas, entre as quais a osteoporose.

Os resultados do estudo realizado pelo grupo de investigadores deste laboratório do CCMar foram publicados recentemente na revista Cientific Reports. A investigação focou-se na identificação e teste de moléculas ou compostos que potenciam a regeneração e aumentam a taxa de formação óssea.

«O peixe zebra tem a capacidade de regenerar a sua barbatana caudal, que é composta, essencialmente, por osso. Então, nós estamos a usá-lo como modelo, para tentar perceber como é que este animal consegue regenerar osso. A nossa investigação tem uma aplicação, que não é direta, em biomedicina», explicou ao Sul Informação o investigador João Cardeira, que desenvolveu o estudo no âmbito do seu projeto de Doutoramento, em conjunto com a equipa do Bioskel.

«Há um grande interesse em descobrir os mecanismos que podem ser manipulados num ser humano de forma a promover mais osso, para aplicar em doenças degenerativas do osso, como a osteoporose. Por outro lado, o que estamos a tentar é desenvolver estratégias técnicas para identificar agentes com o potencial osteogénico, ou seja, com a capacidade para produzir osso», acrescentou.

 

 

O trabalho publicado, salienta João Cardeira, é investigação de base, mas pode dar elementos muito importantes aos investigadores em biomedicina para o desenvolvimento de novas terapias de combate às doenças degenerativas dos ossos.

«O estudo não aponta como curar a osteoporose, claro, mas serve para tentar perceber quais os mecanismos genéticos que podemos seguir para tentar encontrar terapêuticas efetivas no tratamento deste tipo de doenças», precisou o cientista nas suas declarações ao Sul Informação.

O grupo Bioskel publicou um primeiro estudo, mas continua a produzir conhecimento, nesta área. «Neste momento, estamos a seguir uma linha de investigação baseada nos mecanismos de regeneração de osso. Já conseguimos algumas descobertas relevantes, mas está tudo numa fase muito preliminar. Mas acredito que isto possa permitir  avanços decisivos, no futuro. Aliás, já foram feitas algumas descobertas na regeneração, em geral, e especificamente em relação à regeneração de osso, utilizando este modelo», disse o investigador do grupo Bioskel.

 

E será que também se pode estar a dar os primeiros passos para a regeneração de membros do corpo humano? «Isso acredito que ainda está um pouco longe de acontecer (risos). Aí não estamos a falar da regeneração de um tecido só, trata-se de um órgão completo, que envolve muitos tecidos. E a capacidade regenerativa dos humanos é muito baixa, comparativamente com estes peixes, por várias razões», disse João Cardeira.

Tal não significa que não se possa sonhar com o dia em que alguém que perca um membro possa ver a ciência reconstrui-lo. «Claro que nós tentamos perceber como é que diferentes organismos conseguem fazê-lo, sempre com a visão de um dia o poder aplicar aos seres humanos. O objetivo último é sempre esse. No nosso caso, fazemos uma ciência mais fundamental», considerou.

Além de João Cardeira, assinam este artigo os investigadores Paulo J. Gavaia, Ignacio Fernández, Ibrahim Fatih Cengiz, Joana Moreira-Silva, Joaquim Miguel Oliveira, Rui L. Reis, Leonor Cancela e Vincent Laizé.

 

sulinformacao

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