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O conjunto de seis esculturas de “Homenagem aos Corticeiros”, da autoria de Carlos Correia, foi inaugurado no dia do Trabalhador, 1 de Maio, em Silves. As peças, patentes junto à Cruz de Portugal e na rotunda ali perto, têm o objetivo de relembrar um setor (e uma profissão) que fazem parte da identidade daquela cidade.

Estas esculturas, além de representarem a vinda da cortiça para as fábricas, que era transportada por burros, guiados até Silves pelos seus donos, também mostram como trabalhavam os operários, nomeadamente as escolhedoras, que faziam a seleção das rolhas, separando-as conforme a sua qualidade.

Também estão representados os homens que faziam a raspagem da parte exterior das pranchas que chegavam do montado, um dos mais difíceis trabalhos corticeiros, porque era realizado ao ar livre, sendo uma das primeiras etapas da preparação da cortiça.

Rosa Palma, presidente da Câmara de Silves, destacou, no ato solene de inauguração destas esculturas, que «Silves, foi, e ainda é, uma cidade de trabalhadores».

«A indústria corticeira  teve, em Silves, nos séculos XIX e XX, uma das suas principais capitais. Em 1890, 40% dos trabalhadores nacionais desta indústria, em que ainda hoje Portugal é líder mundial, trabalhavam em Silves. Muitos de nós somos filhos ou netos de corticeiros», acrescentou.

A autarca salientou mesmo o facto de que, apesar de esta indústria quase ter desaparecido na atualidade do concelho, «foi da fábrica Amorim em Silves que saíram os aglomerados que espantaram o mundo nas exposições mundiais de Hannover e Xangai, em 2000 e 2010, respetivamente».

Assim, e porque ao longo da história de Silves os trabalhadores corticeiros foram dos que, segundo Rosa Palma, «mais contribuíram para o seu bom nome, para o seu desenvolvimento, para a sua prosperidade económica», considerou a autarquia que seria «da mais elementar justiça homenagear de forma conjunta e simbólica, todos esses homens e mulheres que moldaram de forma indelével a nossa identidade».

Já António Goulart, representante da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), louvou o gesto da Câmara de Silves, que se traduz, na sua opinião, numa verdadeira homenagem aos trabalhadores, em especial aos operários corticeiros, que sempre pugnaram pelos seus direitos laborais.

Na inauguração, grande parte do público era, com efeito, composto por antigos operários.

Carlos Correia, autor da obra, referiu, por sua vez, a importância desta indústria e o gosto que teve em poder representar os homens e mulheres que nela trabalharam, processo que o levou a descobrir muita da história e dos gestos e hábitos associados a esta atividade.

 

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