Um estudo publicado na revista The Lancet, apresentado na reunião anual do Colégio Americano de Cardiologia, concluiu que uma nova terapia à base de células estaminais pode melhorar significativamente a saúde das pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca severa e em fase terminal.
A investigação concluiu que os doentes tratados com células estaminais obtidas da sua própria medula óssea apresentaram menos mortes e hospitalizações devido a doenças cardiovasculares, comparativamente ao grupo de controlo.
“A insuficiência cardíaca é um dos principais motivos de internamento hospitalar nos idosos acima dos 65 anos e apresenta uma taxa de mortalidade superior a alguns cancros. Estima-se que a prevalência da doença aumente significativamente nos próximos anos, fruto do envelhecimento da população e do aumento da taxa de sobrevivência após enfarte do miocárdio. Apesar de ser uma condição com uma prevalência considerável, não têm existido grandes inovações terapêuticas nos últimos anos, pelo que este estudo do The Lancet tem vindo a ser recebido com grande entusiasmo pela comunidade médica e científica”, explica Patrícia Cruz, diretora do Banco de Tecidos e Células – Laboratório Cytothera.
A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração não consegue bombear sangue suficiente para o restante organismo, tendendo a agravar-se com o tempo. Divide-se em várias classes, consoante a sua gravidade: I, II (menos graves), III e IV (graves).
Os principais sintomas são falta de ar e cansaço e entre os maiores fatores de risco estão o colesterol elevado, diabetes, obesidade e sedentarismo. Ter hipertensão ou ter tido um enfarte do miocárdio são as condições que mais frequentemente levam à insuficiência cardíaca.
Calcula-se que mais de 4% dos portugueses sofram de insuficiência cardíaca, sendo que, no escalão acima dos 80 anos, a prevalência é de 16%.
O estudo publicado no The Lancet concentrou-se nas classes III e IV de insuficiência cardíaca e utilizou uma nova técnica, a ixmyelocel-T.
Esta técnica consiste na extração de uma amostra de medula óssea do paciente, processando-a de modo a que se dê a produção de células estaminais benéficas. As células resultantes foram injetadas no músculo cardíaco do mesmo paciente.
O ensaio clínico da fase 2 incluiu um número mais abrangente de pacientes (109) com insuficiência cardíaca III e IV.
Os pacientes foram divididos em dois grupos: a um foi administrado placebo e o segundo grupo recebeu transplante de células estaminais.
Após 12 semanas foi possível apurar que a ocorrência de eventos cardíacos deu-se 49% das vezes no grupo de controlo e 39% no grupo tratado com terapia celular, uma diferença de 10%.
Verificou-se, ainda, que os números de mortes foram superiores no grupo de controlo, bem como o rápido agravamento dos sintomas.
A Cytothera é uma empresa de biotecnologia pertencente ao Grupo Farmacêutico Medinfar, 100% portuguesa, que desenvolve a atividade de criopreservação em Portugal desde 2005.
Foi o primeiro laboratório em Portugal e na Europa a disponibilizar o serviço de isolamento e criopreservação de células estaminais do tecido do cordão umbilical.
Por ser um Banco Privado, as células estaminais que são confiadas à Cytothera pertencem ao bebé. Os pais ficam responsáveis pelas células estaminais dos seus filhos, até que estes atinjam a maioridade.