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Seja bem-vindo/a ao grupo das pessoas que gostam de observar o céu.  Há quem diga que as observações astronómicas são a contemplação da natureza na sua escala mais ampla. Todos temos de começar por algum lado e ninguém nasceu ensinado. Mas pode aprender-se a conhecer o céu e é muito mais fácil do que possa parecer à primeira vista. Vamos ver como proceder.

Está mesmo a começar, na estaca zero? Não se preocupe nem se sinta constrangido/a ou embaraçado/a por isso. Lembre-se de um facto simples: todas as pessoas passaram por essa fase, mesmo os maiores conhecedores do céu.

Na época da tecnologia, pode parecer estranho começar por olhar o céu a olho nu, mas há vantagens em começar deste modo. Não vá logo a correr comprar um telescópio, nem sequer um binóculo.

Nesta fase de iniciação, esses instrumentos de observação de pouco lhe serviriam: para onde apontar o telescópio? Talvez desse para ver a Lua e pouco mais. Procure, em vez disso, habituar-se a ver o céu a olho nu (para ter um grande campo visual), conhecer as constelações relacionando-as entre si e identificar as estrelas mais brilhantes em cada uma dessas constelações. Pratique o método dos alinhamentos de estrelas.

As constelações irão servir-lhe como marcos de referência muito úteis. Convém saber que 10 a 15 minutos por noite, praticados com alguma regularidade, darão resultados surpreendentes em poucas semanas. Procure estar à vontade com o céu, habitue-se a reconhecer as constelações em diferentes orientações em relação ao horizonte (a nascer, na posição mais alta e no ocaso). Veja que constelações se observam a este, antes do nascer do Sol, e a oeste pouco depois do pôr do Sol. Observe como isso se modifica ao longo dos meses. Inscreva-se num grupo de Astronomia.

Socorra-se de um planisfério celeste e de mapas com informações práticas. Utilize, por exemplo, o livro “O Céu nas Pontas dos Dedos” (Plátano Editora, Lisboa, 2013), que inclui um prático planisfério celeste multifuncional, e complete-o com o Roteiro do Céu (Plátano Editora, Lisboa, 2010).

À medida que a sua experiência aumenta, procure locais de céu escuro com muito baixa poluição luminosa, onde o céu nocturno se mostra magnífico e imponente. Ainda existem em Portugal, felizmente, alguns locais com essas características. Mantenha-se nesta fase até ter acumulado umas 25 a 30 horas de observação.

Quando for capaz de localizar umas 25 constelações e identificar outras tantas estrelas pelos seus nomes, “apontando-as a dedo”, está apto para a fase seguinte, que será objecto do próximo artigo: observar o céu com um binóculo.

 

Autor: Guilherme de Almeida

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

Guilherme de Almeida nasceu em 1950. É licenciado em Física pela Faculdade de Ciências de Lisboa e foi professor desta disciplina, tendo incluído Astronomia na sua formação universitária. Realizou mais de 80 palestras e comunicações sobre Astronomia, observações astronómicas e Física, em escolas, universidades e no Observatório Astronómico de Lisboa. Utiliza telescópios mas defende a primazia do conhecimento do céu a olho nu antes da utilização de instrumentos de observação. Escreveu mais de 90 artigos de Astronomia e Física. É autor de oito livros: Sistema Internacional de Unidades; Itens e Problemas de Física–Mecânica (co-autor); Introdução à Astronomia e às Observações Astronómicas (co-autor); Roteiro do Céu; Observar o Céu Profundo (co-autor); Telescópios; Galileu Galilei; O Céu nas Pontas dos Dedos. A obra Roteiro do Céu foi publicada em inglês, sob o título “Navigating the Night Sky (Springer Verlag–London). O livro Galileu Galilei também está publicado em castelhano e catalão.

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