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Como era a Terra no Jurássico Inferior

Um estudo internacional em que participou Luís Vítor Duarte, docente e investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), revelou que o fenómeno de anoxia marinha e de perturbação do ciclo de dióxido de carbono ocorrido há cerca de 182 milhões de anos, no Toarciano (Jurássico Inferior), e que provocou uma importante extinção marinha à escala global, terá durado cerca de um milhão de anos.

O estudo, publicado na revista científica Nature Communications, foi desenvolvido nas arribas calcárias da península de Peniche, referência internacional no que respeita ao estudo do Jurássico Inferior, e no furo de sondagem Mochras, País de Gales.

A investigação, liderada pela Universidade de Exeter (Reino Unido), assente no estudo de fragmentos orgânicos de origem continental contidos ao longo da sucessão carbonatada marinha, demonstrou um aumento significativo de materiais carbonosos com indícios de terem sido queimados por incêndios naturais (carvão vegetal), numa posição temporal contemporânea nos dois locais de estudo. Incêndios que, à semelhança da atualidade, só podem ser explicados através da disponibilidade em oxigénio, sendo essa a prova do final do evento anóxico.

Os resultados do estudo mostram que «estamos perante um fenómeno de causa-efeito. Devido ao aumento da concentração de CO2, cuja origem tem sido largamente debatida, os fundos dos oceanos terão ficado pobres em oxigénio e a atmosfera, pela amplificação do efeito de estufa, terá aquecido substancialmente, associando-se a toda esta conjugação de fatores, a extinção de alguns grupos de invertebrados. Com o aumento da concentração do chamado carvão vegetal (charcoal), em sedimentos cerca de um milhão de anos mais recentes do que o início do referido episódio de anoxia, demonstra-se o timing do restabelecimento das condições de oxigenação dos ambientes marinhos e continentais, bem como a recuperação da biosfera», explica Luís Vítor Duarte.

Este estudo, salienta o docente e investigador do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da UC, «decorre de uma série de outros trabalhos que têm sido realizados em Peniche, publicados em várias revistas da especialidade, e que colocam este local como um dos mais importantes no reconhecimento deste evento à escala global».

Esta nova descoberta, conclui o docente da UC, «contribui para a compreensão das interações entre os diversos sistemas terrestres. Considerando a importância que esta temática tem no mundo atual, com as visíveis e sentidas alterações climáticas, os resultados deste estudo ajudam a perceber o funcionamento dos ciclos biogeoquímicos bem como os possíveis efeitos das mudanças rápidas nas emissões de carbono».

Veja e oiça Luís Vítor Duarte a explicar o que aconteceu:

 

Autora: Cristina Pinto – Assessoria de Imprensa – Universidade de Coimbra
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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