Uma investigação inédita feita por uma equipa do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve pode vir a melhorar a eficácia da quimioterapia.
O grupo de investigadores, liderado por Wolfgang Link, acaba de publicar na revista Nature Communications os resultados da sua pesquisa, que permitiu associar a resistência das células cancerígenas ao tratamento químico a uma proteína específica.
Segundo apuraram os cientistas da Universidade do Algarve, «a proteína TRIB2, uma proteína presente no corpo humano, ajuda as células cancerígenas a resistir a diversas drogas quimioterapêuticas usadas atualmente no tratamento de pacientes».
«Tendo realizado testes que provam que níveis elevados da proteína estão associados a um prognóstico negativo para estes doentes, estes investigadores concluíram que uma maior concentração de TRIB2 contribui para a ativação de uma via (PI3K/AKT) que regula a sobrevivência das células cancerígenas, tornando, assim, ineficazes os tratamentos de quimioterapia», segundo a UAlg.
Esta descoberta pode ser um grande avanço no combate ao cancro, tendo em conta que «um número significativo de mortes se deve à resistência intrínseca ou adquirida, ao longo do tempo, à quimioterapia».
«A descoberta, de cariz completamente inédito, permite, assim, contribuir para o desenvolvimento de novas terapias, mais personalizadas, para doentes com altos níveis desta proteína, ajudando a conseguir tratamentos mais eficazes e, consequentemente, aumentando a taxa de sucesso e de sobrevivência associada à doença oncológica», reforçou a universidade algarvia.
O estudo da equipa composta por Richard Hill, Patrícia Madureira, Bibiana Ferreira, Inês Baptista, Laura Colaço Susana Machado e Wolfgang Link, «despertou, inclusivamente, o interesse da gigante Bayer, farmacêutica, que, em 2012, viu potencial no projeto, concedendo-lhe uma bolsa de financiamento».
«A publicação na Nature Communications consagra, assim, um longo processo de estudo que promete revolucionar a eficácia dos tratamentos de quimioterapia e abre portas ao surgimento de uma medicina cada vez mais personalizada», concluiu a Universidade do Algarve.