Um grupo de investigadores da Universidade do Algarve, liderado pelo Wolfgang Link, identificou um biomarcador para o diagnóstico de melanoma, que também prevê a resposta a tratamentos quimioterapêuticos.
O mesmo grupo, que pertence ao Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da UAlg, foi recentemente distinguido pela Associação Laço, no âmbito da sua investigação sobre o papel da proteína TRIB2 na formação e progressão do cancro da mama e na resistência à terapêutica.
No que diz respeito ao melanoma, sabe-se que é a forma mais letal de cancro da pele. Melanomas primários diagnosticados precocemente podem, muitas vezes, ser tratados com sucesso, através de excisão cirúrgica.
No entanto, os melanomas em estágios avançados são difíceis de tratar e a maioria dos pacientes desenvolve a doença metastática letal.
O melanoma é originado a partir de células produtoras de pigmentos, os melanócitos. Como a presença do pigmento melanina pode ser observado diretamente, o melanoma é um dos cancros mais fáceis de diagnosticar.
O problema é que as células de melanoma podem espalhar-se por todo o corpo em estágios iniciais da doença e, em muitos casos, formam metástases resistentes a terapias. A incidência de melanoma metastático tem aumentado ao longo das últimas três décadas, com uma taxa de mortalidade que continua a aumentar mais rapidamente do que quase todos os outros tipos de cancro.
Por tudo isto, há uma necessidade urgente de conseguir melhores marcadores moleculares para diagnosticar o estágio da doença com maior precisão, determinar o seu risco de progressão e prever com precisão a resposta à terapia.
Por exemplo, explica Wolfgang Link, “seria muito útil ter um biomarcador para distinguir os pacientes que podem ser tratados com sucesso apenas com cirurgia e os que necessitam de um tratamento mais agressivo com radiação ou quimioterapia”.
Na opinião do investigador, “isso evitaria não só que muitos pacientes sofressem desnecessariamente os efeitos colaterais desses tratamentos, mas também pouparia dinheiro ao Sistema Nacional de Saúde”.
É neste sentido que este grupo de investigação tem vindo a trabalhar, tendo identificado, recentemente, uma proteína que pode ser capaz de prever o risco de progressão do melanoma com mais precisão do que os biomarcadores de melanoma atualmente conhecidos/ estabelecidos.
Este estudo acabou de ser publicado na prestigiada revista “Carcinogenesis” e mostra que a quantidade da proteína TRIB2 se encontra significativamente aumentada em nevos benignos e melanoma, sendo que a sua expressão (quantidade) é maior em amostras de pacientes com melanoma metastático.
O grupo de investigação comparou a proteína TRIB2 com outros biomarcadores conhecidos para o melanoma metastático e demonstrou que a sua quantidade é indicativa de presença do melanoma, do estágio da doença e da sua resposta à terapia.
Richard Hill, o primeiro autor do artigo afirma que este trabalho estabelece as bases para futuros estudos por forma a melhorar a gestão da doença agressiva que resiste a todos os tratamentos padrões atuais.
Investigadores premiados no âmbito da investigação sobre o cancro da mama
Foi a mesma proteína, a TRIB2, que é também objeto de estudo deste grupo na formação e progressão do cancro da mama e, ainda, na resistência à terapêutica, que fez com que Wolfgang Link fosse distinguido pela Associação Laço, com o valor pecuniário de 25 mil euros, para que, através desta investigação, se consiga personalizar mais o tratamento, através de novas formas de abordagem do cancro da mama metastático.
Em relação ao montante do prémio, o investigador considera que é sempre bom para ajudar a manter a investigação, mas considera que não chega para manter os padrões que estão na génese de uma investigação complexa.
“É bastante importante que sejamos reconhecidos pelo nosso trabalho, para que possamos manter o alto padrão de investigação da UAlg e do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina. Nestes tempos de crise, este prémio pelo menos permite continuarmos a investigar e, isso, é o mais importante!”
Wolfgang Link realça o facto de, num curto espaço de tempo, três investigadores da UAlg terem sido distinguidos pela investigação desenvolvida em torno do cancro, o que, na sua opinião, “reflete a alta qualidade da investigação desenvolvida nesta Universidade”.