Somos bombardeados todos os segundos com mensagens vindas do espaço.
Sim. Pelo menos desde que os primeiros satélites de comunicação passaram a orbitar o nosso planeta, que passamos a receber mensagens a partir do espaço.
É claro que são mensagens retransmitidas. Enviadas por seres humanos de alguma parte do planeta e retransmitidas por um satélite de comunicação específico, para lá do horizonte, para o outro lado do planeta, para que outros seres humanos as possam receber quase em simultâneo.
Desde quando? O primeiro satélite de comunicação, do tipo designado por passivo, foi o Echo 1A, lançado a 12 de Agosto de 1950. Mas a primeira retransmissão transatlântica, por sinal, de imagens de televisão, foi efetuada a 23 de Julho de 1962 pelo “Telstar 1”, satélite lançado pela NASA a 10 de Julho de 1962. Este foi o primeiro satélite de comunicação do tipo ativo.
Assim, há pouco mais de 50 anos, seres humanos de um e outro lado do Atlântico puderam receber pela primeira vez mensagens televisivas “refletidas” no espaço pelo Telstar 1.
Na realidade, todas as mensagens de rádio, televisão, telefone, fax, internet, que são retransmitidas pelos satélites de comunicação, viajam também em direção às estrelas, à velocidade da luz no vácuo. É que uma parte de todos as emissões de feixes hertzianos a partir da Terra, e que transportam as mensagens que queremos retransmitir, trespassam os satélites em direção ao céu profundo.
Do espaço, recebemos outras mensagens enviadas por telescópios espaciais e sondas que exploram o nosso sistema solar.
Os atuais e modernos telescópios espaciais, como o Hubble (existem dezenas de outros), que orbitam o planeta, enviam-nos mensagens como nunca sobre a informação que captam do Universo. No seu conjunto, constituem uma espécie de retina sensível a toda a gama de radiação electromagnética, que captam do Universo mais próximo ou mais distante, no tempo e no espaço.
Depois, enviam-nos essas mensagens de espanto sobre os primeiros segundos do Universo, sobre a explosão de uma supernova, sobre o pulsar de uma estrela de neutrões.
O nosso progressivo conhecimento do sistema solar tem sido feito através das mensagens que recebemos das sondas que o engenho humano desenvolveu, construiu e enviou para o espaço.
Depois de 500 anos, as novas caravelas exploradoras do espaço sideral enviam-nos mensagens com informação sobre os novos mundos.
(continua)
António Piedade
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva