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A abrir junho, podemos ver a Lua Cheia logo no dia 4. Mas a efeméride mais marcante deste mês ocorre dois dias depois, e infelizmente não é observável de Portugal – o Trânsito de Vénus.

Para quem puder viajar, pode visitar Inglaterra ou o Nordeste de Espanha, onde o fenómeno termina ao amanhecer. Dentro da Europa, quanto mais para Nordeste viajarem, mais e melhor conseguirão ver.

Este será o último Trânsito de Vénus das nossas vidas, já que o seguinte (que não será visível da Europa) ocorrerá a 11 de dezembro de 2117. O próximo visível de Portugal ocorrerá a 8 de dezembro de 2125.

Os trânsitos planetários são semelhantes a “micro-eclipses”. Por isso são raros, pois é preciso que tanto o Sol (ou outra estrela) como o planeta que transita, estejam perfeitamente alinhados com a Terra.

Quando ocorrem noutras estrelas, os trânsitos podem ser usados para detetar a presença de planetas. Ao medir a pequeníssima diminuição do brilho da estrela provocada pelo “micro-eclipse”, é possível determinar o diâmetro do planeta.

Mas voltando ao céu da Terra, no dia 11 a Lua entra em quarto minguante e atinge a fase de Lua Nova no dia 19.

Dois dias depois ocorre o solstício que marca o início do verão no hemisfério Norte. O dia 21 será por isso o mais comprido do ano, com o Sol acima do horizonte durante cerca de 14h15 na Madeira, mais de 14h45 nos Açores e em Faro, e a ultrapassar as 15h de luz no Norte de Portugal.

Ao longo deste mês Marte aproxima-se de Saturno com ambos, logo ao anoitecer, a ficarem cada vez mais baixos. Entre os dias 25 e 28 estes dois planetas terão ainda a companhia da Lua, em quarto crescente.

A posição da Lua ao anoitecer, entre os dias 25 e 28 de junho. Também indicado na imagem está o movimento de Marte ao longo do mês de junho

Junho também é propício para a observação do enxame de estrelas de Hércules (M13), que logo ao anoitecer está próximo do Zénite (isto é, do ponto mesmo por cima das nossas cabeças).

Os enxames são aglomerados de estrelas que nasceram da mesma nebulosa, praticamente ao mesmo tempo, e por isso estão concentradas no mesmo local.

O enxame de Hércules é globular (isto é, quase esférico) e é composto por cerca de 300.000 estrelas! Mas como está a 25.000 anos-luz de distância, de uma cidade só é observável através de um telescópio. Em locais com céus escuros já se vê com uns binóculos (ou até mesmo a olho nu), mas não é possível distinguir estrelas individuais.

Para o encontrar no céu, basta imaginarem uma reta entre as estrelas Arcturus e Vega, as mais brilhantes das constelações do Boieiro e da Lira, respetivamente. O enxame está sensivelmente a meio, mas um pouco mais próximo de Vega.

Boas observações!

 

Autor: Ricardo Cardoso Reis (CAUP)

Ciência na Imprensa Regional

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