O professor Mário Ruivo recebeu, ontem, o título de doutor Honoris Causa, em Ciências do Mar, da Terra e do Ambiente pela Universidade do Algarve (UAlg), numa cerimónia realizada no Grande Auditório do Campus de Gambelas.
O agraciado foi descrito por João Guerreiro, que o apadrinhou, como alguém «disponível, empenhado, inquieto e racional» e com intervenção em Portugal «ao longo de um período que abrange mais de 10% da história do nosso país».
O também ex-reitor da UAlg fez questão de referir o facto de Mário Ruivo ter criado «no âmbito da secretaria de Estado das Pescas, a Direção Geral de Investigação e da Proteção dos Recursos do Meio Aquático, que mais tarde se haveria de transformar no Instituto Nacional de Investigação das Pescas» que está, agora, «ancorado no Instituto Português do Mar e da Atmosfera».
Já o agraciado com o Honoris Causa disse que esta decisão da UAlg se deve à sua «longa navegação, real e concetual, por mares e Oceano, que cabe agora prover de condições para que novas e futuras gerações a possam aprofundar».
No seu discurso, Mário Ruivo, especialista em assuntos do mar e do Oceano, referiu também que «é no Algarve e nos Açores que se verificou a maior produção científica portuguesa na área da Biologia Marinha e Aquática».
No dia em que a academia algarvia celebrou 37 anos de existência, António Branco, reitor da UAlg, falou, por sua vez, do «enorme potencial tanto na captação de financiamento como de investigadores» do nó nacional do Laboratório Europeu de Recursos Biológicos Marinhos, liderado pelo Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, inaugurado há três dias.
Para António Branco, as Ciências do Mar são uma área na qual a UAlg já ganhou «renome nacional e internacional».
Fazendo uma retrospetiva do que são os estudos sobre os Mares e o Oceano, o professor Mário Ruivo recordou que «1998 poderá ser considerado o ano que marcou uma mudança».
Isto porque «se por um lado constatámos uma mediatização do tema através da organização, por iniciativa de Portugal, da Expo 98, em Lisboa, e da promoção, pelas Nações Unidas, do Ano Internacional dos Oceanos, verificou-se um crescimento assinalável na capacitação da comunidade científica em ciências e tecnologias do mar», considerou o novo Honoris Causa da UAlg.
No entender do professor Mário Ruivo «é de prever que Portugal se venha a afirmar como um dos maiores territórios marítimos do Mundo, nomeadamente mediante o processo de extensão da plataforma continental portuguesa constituindo uma oportunidade e um desafio a longo prazo».
«Torna-se imperioso um verdadeiro incentivo à formação de recursos humanos e à atribuição de condições que garantam a continuidade da investigação com a duração necessária, para que possamos, de facto, afirmar-nos como grande potência marítima mundial. Porque não chega afirmar continuamente que temos potenciais, acrescentou o novo Honoris Causa.
Visivelmente emocionado, o professor Mário Ruivo, atualmente com 89 anos, concluiu a sua intervenção dizendo esperar as palavras «amigas» que ouviu o «ajudem a recarregar baterias».
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Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação
