Com o início do novo ano letivo, as nossas crianças deparam-se com muitas novidades no seio escolar. Mas há um aspeto que teima em repetir-se de ano para ano: os piolhos!
Companheiros de evolução, os piolhos, insetos parasitas sugadores de sangue, sem asas, continuam a parasitar-nos por maior que seja a tecnologia e medicina de que disponhamos.
A espécie humana é parasitada por três espécies: o piolho da cabeça (Pediculus humanus capitis), o do corpo (Pediculus humanus humanus) e o piolho da zona púbica (Phthirus pubis). Qual deles o mais chato?!
Em idade escolar, pela maior extensão do contacto físico direto entre muitas crianças no mesmo espaço físico, é comum este parasita infestar o couro cabeludo da criançada. É que o piolho não escolhe cabeças, afetando indiscriminadamente infantes de todas as classes sociais e intelectuais, independentemente do seu cabelo, da sua cor de pele, simpatia política ou crença religiosa paternal.
A sua atração é pelo sangue humano, de que são específicos. E todos os cabelos são bons para ancorar as suas lêndeas.
Como estes insetos de corpo achatado não possuem asas, está excluída a sua transmissão por via aérea.
Acrescente-se que a sua presença não é sinónimo de falta de higiene, mas sim de que houve um contacto direto entre um portador e o novo hospedeiro.
Basta que exista uma criança contaminada para que a disseminação ocorra, sendo que a única forma de travar a infestação é a de uma ação de desparasitação coletiva, sem exceções.
Assim, os avisos da deteção de piolhos numa determinada classe escolar devem ser levados a sério e com a necessária consciência de responsabilidade social e de higiene pública, por todos os encarregados de educação, sem exceção.
Basta a incúria de um para que todos continuem parasitados com os piolhos da sub-ordem Anoplura.
Consequências? Vergonha pública é a menor das consequências. Pediculose, incómodo devido à comichão e prurido que pode infetar secundariamente com Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes.
Mas o efeito mais imediato é o do eventual menor rendimento escolar por noites mal dormidas, devido a comichão intensa, o que aumenta a sonolência da criança durante as aulas e testes. Ironicamente, um piolho da cabeça não suga conhecimento, mas pode contribuir para uma negativa numa prova.
Pelo bem-estar de todos, assuma a sua responsabilidade social e ajude as suas crianças a eliminar esses chatos bichinhos parasitas!
Autor: António Piedade
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva