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Quais foram os mais relevantes resultados científicos na área da Astronomia, obtidos em 2012?

Este texto apresenta uma seleção daqueles que, a nosso ver, foram de importância maior. Naturalmente, uma seleção é sempre subjetiva, tendo como base um enorme manancial de informação. Em 2012, publicaram-se mais de 12000 artigos científicos na área da Astronomia e Astrofísica.

Assim, o que aqui se apresenta é uma escolha pessoal. Outras seriam possíveis. E a nossa escolha recai sobre três acontecimentos e/ou resultados, cada um envolvendo diferentes instituições mundiais: Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN), a agência espacial norte americana (NASA) e o Observatório Europeu do Sul (ESO).

Esta escolha é propositadamente repartida por várias instituições transnacionais como marca do que é hoje em dia a investigação nesta área: um esforço mundial, envolvendo muitos recursos humanos e tecnológicos.

 

O CERN e o bosão de Higgs

 

No dia 4 de Julho, o CERN anunciou a descoberta de uma nova partícula com características previstas por um físico inglês Peter Ware Higgs há quase 50 anos, e que ficou universalmente conhecido como bosão de HIGGS.

Não sendo um resultado diretamente ligado à Astronomia, tem um enorme impacto no que hoje pensamos saber sobre a formação do Universo. E um dos problemas que residia nessa explicação era (ou é) a existência de partículas de diferentes massas. O bosão de Higgs, a confirmar-se, é a peça que permite justificar a massa das partículas ou seja do Universo tal como o conhecemos.

Uma das dificuldades da deteção deste bosão tinha não só a ver com a sua alta energia, mas também com o facto de ter um tempo de vida muito curto.

Esta descoberta (que deverá ser ainda confirmado por mais resultados) foi obtida pelo instrumento do CERN Large Hadron Collider – LHC (mais informações em http://press.web.cern.ch/press-releases/2012/07/cern-experiments-observe-particle-consistent-long-sought-higgs-boson).

 

A Curiosity pousou em Marte

 

No dia 6 de Agosto, pelas 5 da manhã (hora de Greenwich), o Rover Curiosity pousou em Marte (mais concretamente na Cratera Gale), numa missão da responsabilidade da NASA, que havia saído do Cabo Canaveral a 26 de Novembro de 2011, com o objetivo geral de estudar o solo marciano.

Esta missão espacial levava também objetivos específicos que se repartiram em diferentes vertentes: procura de indícios para a eventualidade de Marte, alguma vez, ter sido um local com Vida; análise da composição química e mineralógica do solo marciano; estudo do papel que a água teve/tem na superfície do planeta; análise da radiação recebida à superfície vinda do exterior, por exemplo do Sol; etc..

Este Rover é um autêntico laboratório ambulante, cujos resultados permitirão responder a várias das dúvidas que atualmente se colocam sobre o Planeta Vermelho.

O esclarecimento destas dúvidas poderá ser muito importante quando for equacionada a já famosa e muitas vezes anunciada viagem tripulada a Marte (mais informações em http://mars.nasa.gov/msl/).

 

Um planeta semelhante à Terra na órbita da estrela alpha Centauri B

 

No dia 16 de Outubro, um grupo de astrónomos (que inclui portugueses) anunciou a descoberta de um planeta que orbita uma das estrelas mais próximas de nós, a alpha Centauri B.

O que os astrónomos mediram foi a variação periódica do movimento da estrela, variação esta que podemos associar a uma perturbação na velocidade da estrela provocada por um planeta de massa ligeiramente maior do que a Terra.

Neste caso, a perturbação no movimento da estrela é da ordem de 2 km/h, o que corresponde à velocidade de corrida de uma criança de 4 anos. O extraordinário foi ter detetado esta pequeníssima perturbação a 4 anos-luz, que é a distância que nos separa de alpha Centauri B.

Esta descoberta foi feita utilizando um telescópio de 3.6 metros do ESO e é um sinal de esperança na futura deteção de planetas extra solares com condições semelhantes à da Terra (mais informações em http://www.eso.org/public/portugal/news/eso1241/).

Ficam aqui três exemplos do extraordinário interesse que a Astronomia despertou no ano de 2012. Repetindo-me, haveria tantas escolhas como astrónomos.

Uma coisa é certa: a Astronomia pode esperar com entusiasmo os resultados que virão em 2013. Sim, porque não é um qualquer calendário maia, alinhamento cósmico, asteróide desabrido ou qualquer outra charlatanice que impedirá a Humanidade de viver mais um ano pleno de descobertas científicas. Assim sendo … Feliz 2013 para todos.

 

Autor: João Fernandes é diretor do Observatório Astronómico e Professor no Departamento de Matemática da UC.

 

Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems

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