São bonitas, mas abafam todas as outras plantas. Por isso, a acácia, originária da Austrália, é considerada uma planta invasora e, como tal, deve ser controlada, para a sua presença no território não se transformar num problema sem solução, causando graves danos ambientais e económicos.
O Centro de Ecologia Funcional do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra tem no terreno um projeto inovador, que convida os cidadãos a serem “cientistas” e colaborarem no mapeamento de uma das espécies de plantas invasoras mais problemáticas no território nacional: a acácia ou mimosa.
Esta é a altura do ano em que a acácias começam a florir e, como tal, a equipa de trabalho quis aproveitar esta visibilidade acrescida para proceder a um levantamento tão exaustivo quanto possível do número destas plantas invasoras em Portugal.
Na prática, todas as pessoas são convidadas a participarem neste projeto, através de um mapa virtual de avistamentos, onde podem identificar as acácias invasoras que encontram na sua região.
O mapa encontra-se no site www.invasoras.pt, e existe mesmo uma aplicação para Android criada para o efeito, que pode ser descarregada no mesmo site.
O objetivo desta ação é alertar para o problema das plantas invasoras e motivar todos os cidadãos-cientistas a colaborar no mapeamento das plantas invasoras através da plataforma de ciência-cidadã disponibilizada online.
Todos os dados recolhidos na plataforma estarão disponíveis para quem tiver interesse em utilizá-los.
Plantas invasoras são plantas que foram trazidas de outros locais do mundo, adaptaram-se no nosso território e, hoje em dia, reproduzem-se e dispersam-se pelos seus próprios meios para longe dos locais onde foram introduzidas pelo homem, causando impactos ambientais e económicos negativos.
Atualmente estão referenciadas em Portugal continental 667 espécies exóticas, pertencentes a 124 famílias, o que corresponde a aproximadamente 18% da flora nativa. Entre as piores plantas invasoras em Portugal encontram-se as mimosas e outras espécies de acácias.
Não são precisas muitas acácias para alterar um ecossistema. Apenas uma pode alterar os solos, através de interações invisíveis, e a uma distância muito maior do que o pensado.
A espécie, trazida do sul da Austrália e da Tasmânia para Portugal para fins ornamentais e fixar os solos, tornou-se numa ameaça descontrolada, uma vez que compete com as plantas nativas pelos recursos, nomeadamente pela água, e altera o funcionamento do solo.
A Câmara de Olhão, que divulgou o apelo do Centro de Ecologia Funcional, exorta os cidadãos olhanenses a participar no projeto, um desafio que o Sul Informação estende a todos os seus leitores.
No Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano, o projeto LIFE Charcos tem como uma das suas tarefas o arranque de invasoras como as acácias, tendo já sido promovidas algumas ações nesse âmbito.