No ano em que se assinalam os seis séculos sobre a tomada de Ceuta, esse será o tema da oitava edição do Festival dos Descobrimentos, que vai decorrer em Lagos, entre 30 de Abril e 3 de Maio. É também o mote para as comemorações ao longo de 2015.
A cidade de Lagos vai assim mergulhar no século XV e relembrar a etapa que a historiografia nacional inscreveu como o início da expansão portuguesa – a tomada de Ceuta, em 22 de Agosto de 1415.
Feira dos Descobrimentos, Cortejo Histórico e um ciclo de palestras que se prolonga até Novembro, são os principais eventos marcados para este ano em que se assinalam os seis séculos da tomada daquela praça marroquina no Norte de África.
Maria Fernanda Afonso, vereadora da Cultura da Câmara de Lagos, entidade que organiza este ciclo de eventos, revelou ao Sul Informação que «assinalar os 600 anos da tomada de Ceuta é uma aposta que este executivo fez, para o ano de 2015».
Além dos eventos mais mediáticos – a Feira e o Cortejo Histórico – «começámos já um ciclo de conferências, que vai trazer a Lagos investigadores e historiadores de renome, nomeadamente um que vem mesmo de Ceuta». O ciclo vai terminar no dia 13 de Novembro, data em que se evoca a morte do Infante D. Henrique, figura que, aliás, será o tema da conferência final.
A vereadora acrescentou que a Feira e o Cortejo deverão envolver «mais de 400 pessoas, de escolas, associações culturais, recreativas e desportivas e mesmo de algumas IPSS».
No primeiro dia do Festival (30 de Abril), abrirá também, na Fortaleza Pau da Bandeira, uma exposição de caráter pedagógico e científico sobre os apetrechos bélicos dos séculos XV e XVI. «São reproduções de peças originais, que nos irão mostrar como era uma armadura, que armas eram usadas, no fundo, como era a guerra naqueles tempos», explicou Maria Fernanda Afonso.
Entre as novidades da edição deste ano do Festival dos Descobrimentos, está o facto de a Câmara de Lagos ter «pedido o envolvimento de comércio, da restauração e dos bares do centro histórico da cidade», o que, segundo a autarca, permitirá criar três focos de animação ao longo dos quatro dias. O polo principal será na Praça do Infante, mas o objetivo é «levar o Festival a todas as ruas do Centro Histórico, nomeadamente à Praça Gil Eanes e Praça Luís de Camões.».
Também o grupo «Os amigos da NECI – Núcleo de Educação para o Cidadão Incluso», coordenado pelo Teatro Experimental de Lagos, está a organizar uma atividade para a qual procura voluntários. Trata-se de um Cortejo Real, a acontecer no dia 2 de Maio, às 18h00, com o ponto de partida na Praça Gil Eanes. Para mais informações, os interessados podem contactar com a organização (TEL) através do telefone 963 808 636 ou email: hfcorinne@gmail.com.
Quanto à Feira dos Descobrimentos, tal como nas edições anteriores, os visitantes podem observar e adquirir produtos e iguarias em exposição nas diversas tendas instaladas no recinto, enquanto no Cortejo Histórico, os voluntários, vindos das escolas e instituições diversas do concelho, bem como os autarcas, irão representar as classes sociais da época – Clero, Nobreza, Burguesia e Povo.
Ao longo desses quatro dias, serão recriados episódios como a preparação da Armada para Ceuta, a Tomada da Cidade de Ceuta, a Batalha entre Cristãos e Mouros e o momento em que D. João I arma os seus filhos Cavaleiros.
As Normas de Participação na Feira dos Descobrimentos já estão disponíveis para consulta em www.cm-lagos.pt.
Tomada de Ceuta lançou a expansão
A historiografia nacional inscreveu esta fase da História de Portugal como o início da Expansão Portuguesa.
A partir de Lagos, D. João I, acompanhado pelos seus filho,s deu a conhecer ao País os propósitos de tão grande azáfama de preparativos, tanto na construção de embarcações, recrutamento de homens para as armadas (destacando-se os algarvios que mais tarde, no reinado d’“O Africano” (D. Afonso V) seriam designados como “meus leais e fieis súbditos) como na recolha de alimentos, cujo objetivo apenas seria dado a conhecer na então Vila de Lagos medieval, junto ao que hoje é conhecido como o “Cais das Descobertas”, em plena Praça do Infante D. Henrique.
D. João I fez-se acompanhar pelos seus filhos os príncipes D. Duarte (seu herdeiro), D. Pedro (Duque de Coimbra), D. Henrique (Duque de Viseu), assim como de D. Nuno Álvares Pereira, O Condestável.
Num conjunto de cerca de 20 000 homens e de mais de 200 embarcações (incluindo galés, naus e outras embarcações de pequenas dimensões), a cidade de Ceuta foi tomada pelos portugueses no dia 22 de agosto de 1415.
Dentro da cidade foi hasteada a bandeira portuguesa e D. João I elevou à categoria de cavaleiros os seus filhos que o acompanharam na expedição, no local que anteriormente fora uma mesquita e que doravante seria consagrada à Fé Católica.
Ceuta transforma-se assim, na primeira etapa da expansão portuguesa, mantendo-se Portuguesa até à Restauração, ficando englobada no reino espanhol a partir de 1668.
Ciclo de Palestras:
♦ Dia 09 de Maio | Ceuta pré-portuguesa
Orador: Professor Fernando Villada
♦ Dia 06 de Junho | A arquitetura militar portuguesa no Norte de África.
Orador: Professor Jorge Correia
♦ Dia 19 de Setembro | A vida material em Ceuta
Oradora: Drª Joana Torres
♦ Dia 27 de Outubro | Os italianos e os descobrimentos henriquinos
Oradora: Doutora Nunziatella Alessandrini
♦ Dia 13 de Novembro | O Infante D. Henrique e os Descobrimentos
Orador: Professor Francisco Contente Domingues
Local: Salão nobre dos Antigos Paços do Concelho – Praça Gil Eanes | 15h00 | Entrada livre