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São já 90 anos de vida «completa e conturbada», marcada por anos de luta contra o fascismo, mas também de atividade política e de cidadania ativa. O percurso de Carlos Brito, desde o seu nascimento até aos dias de hoje, pode ser revisitado numa exposição que foi inaugurada no dia 11, sábado, na praça da República, em Alcoutim.

No mesmo dia, foi apresentada a mais recente obra de Carlos Brito, o livro “Estar Presente”, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Alcoutim.

A mostra foto-biográfica “Carlos Brito – Vida e Obra” foi lançada apenas dois dias depois do 90º aniversário do combatente contra o fascismo e antiga figura de proa do Partido Comunista Português.

Na inauguração da exposição, Calos Brito confessou que recebeu uma prenda de aniversário como «nunca poderia imaginar que iria alguma vez receber (risos)».

«Sinto-me, por um lado, muito comovido e sensibilizado, mas também, naturalmente, muito honrado, sobretudo por ser uma homenagem que me é prestada pelo município de Alcoutim e pela comunidade à qual estou profunda e inteiramente ligado, como sempre quis», disse ao Sul Informação Carlos Brito.

 

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Montar esta exposição, confessa Jorge Palma, técnico da Câmara de Alcoutim responsável pela coordenação da mostra, não foi fácil.

«Deu muito trabalho, até porque não é nada fácil resumir uma vida tão completa e conturbada como a do sr. Carlos Brito. Mas com a colaboração dele, que se disponibilizou a ajudar desde o primeiro momento, facilitou-nos o trabalho», revelou.

«Podemos ver aqui as diferentes fases da sua vida, desde o seu nascimento. Carlos Brito nasceu em Moçambique, mas veio muito novo para Alcoutim, com 4 anos. A mostra fala da sua infância, as lutas políticas pela liberdade, os anos que passou preso e foi torturado. Também temos o pós-25 de Abril, em que ele foi deputado e líder parlamentar do PCP, tendo recebido várias condecorações», descreveu Jorge Palma.

«E temos o regresso a Alcoutim, em 1999, quando se reformou, onde continuou ativo nas suas reivindicações e lutas políticas, bem como na vida cultural e social do concelho, através do tecido associativo. Atualmente é um dos principais embaixadores e será a personalidade mais marcante do concelho», concluiu.

Do longo currículo de Carlos Brito, destacam-se os cargos de liderança no PCP e os 16 anos como deputado à Assembleia da República, 15 dos quais como líder parlamentar deste partido, ao qual deixou de estar filiado em 2003, devido a divergências políticas e ideológicas. Também foi candidato à Presidência da República, em 1980, tendo desistido da candidatura em prol do General Ramalho Eanes.

Já depois de se ter reformado, em 1999, regressou a Alcoutim, onde se tornou um membro ativo da comunidade, tendo pertencido aos órgãos sociais de várias associações locais e fundado o Jornal do Baixo Guadiana. Também foi membro da Assembleia Municipal de Alcoutim.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 

Quem é Carlos Brito?

Carlos Alfredo de Brito nasceu em Lourenço Marques, atual Maputo (Moçambique), a 9 de Fevereiro de 1933, indo residir para Alcoutim com 4 anos, onde frequentou o ensino primário. Em 1946 transferiu-se para Lisboa, matriculou-se na Escola Veiga Beirão e estudou Contabilidade no Instituto Comercial de Lisboa.

A partir de 1950, envolveu-se na luta oposicionista contra a ditadura, sendo preso pela primeira vez pela PIDE em 1953, por integrar a direção universitária do Movimento de Unidade Democrática (MUD Juvenil). Após sair da prisão foi convidado para militante do Partido Comunista Português (PCP), passando a viver na clandestinidade como funcionário do partido.

Voltou a ser preso em 1956 (durante sete meses) e em 1959 (ao longo de 7 anos e 2 meses), acusado de ser membro, funcionário e desempenhar funções de direção no PCP. Voltou à clandestinidade e estudou, durante um ano, em Moscovo, na escola do Partido Comunista da União Soviética para quadros estrangeiros.

Em 1967, integrou o comité central do PCP e passados três anos ingressou na sua comissão executiva, o principal organismo de direção do partido no interior do país. Após o 25 de Abril de 1974 incorporou a comissão política do comité central do partido.

Durante 16 anos desempenhou as funções de deputado. Primeiro, na Assembleia Constituinte, onde foi vice-presidente do grupo comunista e, depois, na Assembleia da República, onde ao longo de 15 anos foi líder parlamentar do PCP. Em 1980 foi candidato à presidência da República tendo desistido, nas vésperas do ato eleitoral, a favor da candidatura do general Ramalho Eanes.

Em 1999, fixou residência em Alcoutim, onde se inseriu ativamente na vida local. Pertenceu aos corpos sociais de algumas agremiações, fundou o Jornal do Baixo Guadiana (em 2000) e foi membro da Assembleia Municipal.

No ano de 2003, devido a divergências políticas e ideológicas, quebrou a sua relação com o PCP, continuando a manter as suas ideologias, apesar de fomentar um espírito de mudança e renovação.

Iniciou-se muito jovem na atividade literária, publicando poemas e artigos em revistas de cultura e na imprensa diária e regional. Em 1992 foi nomeado diretor do jornal «Avante», cargo que ocupou durante 6 anos. A sua obra literária reflete o seu intenso e longo empenhamento político, mas só começou a publicar os seus livros, além de textos de intervenção política, quando cessou as funções de líder parlamentar, em 1991. Tem quase duas dezenas de livros publicados, entre poesia, ficção, memórias e sobre a problemática do desenvolvimento regional.

Colaborou igualmente em várias obras coletivas e está representado em diversas antologias.

Ao longo do seu percurso de vida foi agraciado com diferentes condecorações, nomeadamente a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1997), grande oficial da Ordem da Liberdade (2004), pelo Presidente da República, a medalha de mérito municipal, grau prata (1996) e a medalha de honra (2019), ambas pela Câmara de Alcoutim.

 

 

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