Os cinemas da Guia, no Algarve Shopping, já não abriram esta quinta-feira, dia 31, e os de Portimão estão fechados desde 2 de janeiro.
A notícia deste encerramento dos cinemas que eram explorados pela Castello-Lopes nos centros comerciais da Sonae Sierra no Algarve foi dada na terça-feira, em primeira mão, pelo Sul Informação e gerou uma onda de protestos nas redes sociais.
Com o fecho das 15 salas de cinema na Guia (Albufeira) e em Portimão, quase metade do Algarve fica reduzido às duas salas dos Cinemas de Portimão, exploradas por um exibidor independente que, por isso mesmo, por ser independente, não tem muitas vezes acesso às estreias dos filmes mais apetitosos… O senhor Matos, que é o dono da Algarcine Cinemas de Portimão, ficará a ganhar com o fecho das restantes salas de cinema no Barlavento algarvio, mas o público não terá assim tanto a ganhar.
O encerramento dos dois espaços coloca desde logo um problema: há oito pessoas que aí trabalhavam e que agora ficaram desempregadas. São mais oito pessoas a engrossar as estatísticas do desemprego num Algarve tristemente recordista.
Mas coloca depois outros problemas, até a nível da economia. É que, no Centro Comercial Continente, de Portimão, muitos dos clientes só lá iam por causa dos cinemas, uma vez que ali a dois passos há um centro comercial mais moderno, com mais lojas e mais oferta e, diga-se a verdade, mais “bonito”…só não tem salas de cinema.
Se os cinemas fecham no CC Continente e se a Sonae Sierra, proprietária desse pequeno centro comercial não arranjar rapidamente uma empresa exibidora que queira tomar conta do negócio, o que fica em causa são também as lojas e os postos de trabalho associados.
O mesmo se passa em relação ao Algarve Shopping, na Guia. Ainda ontem lá fui ao cinema – uma sessão de último dia para ver Django, de Tarantino – e pude constatar que grande parte dos clientes ou, pelo menos, das pessoas que entravam nas lojas, eram gente que, como eu, saía ou se dirigia do cinema. Se não houver salas de cinema na Guia, as lojas e os restaurantes vão ressentir-se e algumas poderão mesmo fechar.
Depois, há a questão da oferta cultural, que não é grande neste nosso Algarve. Se fecham as salas de cinema, que alternativas terão os algarvios, em especial os barlaventinos? Há a Algarcine e o Teatro Municipal de Portimão também vai começar, em fevereiro, sessões quinzenais de filmes tipo cineclube. Mas isso não chega.
Com mais este caso, fica provado à exaustão que o Algarve é periférico e que, dentro da região, a periferia das periferias é o Barlavento. Está na hora de fazermos alguma coisa para mudar isto!
Este é o texto da crónica radiofónica que todas as quintas-feiras assino na Rádio Universitária do Algarve (RUA) e que pode ser ouvida em podcast aqui.