A candidatura «Lugares de Globalização», que pretende valorizar o legado do Infante D. Henrique no Algarve e integra os concelhos de Vila do Bispo, Lagos, Aljezur, Monchique e Silves, também foi integrada na lista indicativa de Portugal ao Património Mundial, divulgada na segunda-feira pela Comissão Nacional da UNESCO.
Apresentada no final de 2015, a candidatura dos «Lugares de Globalização» integra, assim, a lista indicativa dos 22 bens e «reúne, agora, todas as condições necessárias para a candidatura a Património Mundial», salientam o presidente da Região de Turismo do Algarve e a diretora regional de Cultura, responsáveis pelas duas principais entidades promotoras da candidatura.
A candidatura, que pretende reconhecer o valor universal dos lugares associados às viagens da Expansão Marítima Portuguesa, integra elementos patrimoniais, mas também a história associada aos lugares.
O Algarve alberga vários locais, símbolos, mitos e personagens que é fundamental salvaguardar na narrativa da história de Portugal e do Mundo. Estes Lugares da Primeira Globalização, que se prendem com o período de abertura da expansão marítima das rotas comerciais, estão na génese de um novo modo de conceção do mundo e de relações entre os povos e detêm, assim, um valor universal a preservar. Estes lugares protagonizam o lançamento da civilização europeia no seu caminho para o projeto global que iria definir o mundo moderno e consideram-se pontos de partida para a transformação do mundo na era global atual.
Uma revisão dos lugares inicialmente incluídos circunscreveu a candidatura aos concelhos de Vila do Bispo, Lagos, Aljezur, Monchique e Silves. «O Arquipélago da Madeira e o Arquipélago dos Açores, assim como, Cabo Verde, Ceuta, Mauritânia e Marrocos seriam outros dos territórios a integrar a candidatura numa verdadeira rede universal de conhecimento e de descoberta», mas, para já, ficaram de parte.
Desidério Silva e Alexandra Gonçalves salientam, em comunicado, que «o trabalho, agora iniciado, continuará a carecer do apoio de todos para chegar ao resultado desejado de inscrição na lista do Património Mundial da UNESCO».
A Região de Turismo e a Direção Regional de Cultura contaram com o apoio de uma rede de parceiros, que se mobilizou em torno da candidatura e que tornou possível este resultado, incluindo a Universidade do Algarve, a Direção Regional de Cultura dos Açores e a Direção Regional de Cultura da Madeira e os municípios algarvios envolvidos (Vila do Bispo, Lagos, Aljezur, Monchique, Silves, Portimão, Tavira e Castro Marim).
Aqueles responsáveis destacam ainda o apoio científico à candidatura pelo investigador e professor universitário Rui Loureiro e a atenção especial do de Guilherme d’Oliveira Martins e de Lídia Jorge, padrinhos deste empreendimento.
O Algarve teve, entre Lagos e Sagres, “o cais primeiro” das viagens de descobrimento, conhecendo desde este território os primeiros grandes contactos transnacionais com a realidade africana e a abertura a um “novo Mundo”.
A partir do século XV «estabeleceu-se um mosaico de culturas, uma sociedade dinâmica de complementaridade cultural, linguística, religiosa, técnica, comercial e política. Valores, ideias e práticas provindos das ligações com outros povos foram geradores de soluções adequadas aos múltiplos problemas com que as sociedades africanas se confrontaram no multissecular percurso da sua história».
O projeto tem como objetivo promover valores de tolerância, aumentar o conhecimento sobre o património e a diversidade cultural, promover a preservação do património histórico, assim como fomentar melhores relações entre os povos.
A RTA, cuja missão está centrada na valorização turística da região, encabeça esta proposta de candidatura, tendo em conta o papel fulcral do turismo na preservação do património cultural, natural, material e imaterial.
Entre os 22 bens incluídos nesta nova Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial, além da candidatura algarvia «Lugares de Globalização», estão ainda integradas as candidaturas de Mértola, da Costa Sudoeste e da Paisagem Cultural do Montado de Sobro, para referir apenas as mais ligadas ao Sul do país.
Datando de 2004 a anterior Lista Indicativa, a Comissão Nacional da UNESCO iniciou, em finais de 2013, o processo conducente à sua atualização, no período coincidente com o mandato de Portugal no Comité do Património Mundial (2013-2017).
Conduzido pela Comissão Nacional da UNESCO, entidade responsável pelo acompanhamento no nosso país da Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural, o processo decorreu da recomendação da UNESCO de que as Listas Indicativas dos Estados parte na Convenção do Património Mundial sejam atualizadas a cada 10 anos. As Listas Indicativas constituem um pré-requisito indispensável para a candidatura de Bens a Património Mundial.
A Lista indicativa atualizada integra os seguintes 22 Bens:
Aqueduto das Águas Livres
Baixa Pombalina de Lisboa
Caminhos Portugueses de Peregrinação a Santiago de Compostela
Centro Histórico de Guimarães e Zona de Couros (extensão)
Complexo Industrial Romano de Salga e Conserva de Peixe em Tróia
Conjunto de Obras Arquitetónicas de Alvaro Siza em Portugal
Costa Sudoeste
Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace-Hotel no Bussaco
Dorsal Médio-Atlântica
Edifício-sede e Parque da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa
Fortalezas Abaluartadas da Raia
Icnitos de Dinossáurios da Península Ibérica
Ilhas Selvagens
Levadas da Madeira
Lisboa Histórica, Cidade Global
Lugares de Globalização
Mértola
Montado, Paisagem Cultural
Palácio e Tapada Nacionais de Mafra e Jardim do Cerco
Rota de Magalhães. Primeira à volta do Mundo
Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga
Vila Viçosa, Vila ducal renascentista