Um concerto de Né Ladeiras, marcado para sábado, dia 1 de Setembro, às 22h00, no palco da Praça da República, é o ponto alto dos últimos dias da programação do “Verão em Tavira 2012”.
Na cidade algarvia, ao ar livre, Né Ladeiras apresenta “Céu da Boca”, novo espetáculo apresentado pela primeira vez no Festival Intercéltico de Sendim 2011, e que tem viajado um pouco por todo o mundo, onde a artista é acompanhada em palco por seis músicos, dois dos quais integram o coletivo Blasted Mechanism.
São eles Pedro Afonso (baixo), Rui Cunha (bouzouki), André Pinto (percussionista), Miguel Ribeiro (gaiteiro e flautista) e ainda Gonçalo Almeida (guitarras folk e braguesa).
O Ccncerto é constituído por um reportório essencialmente de músicas tradicionais, gravadas ao longo dos seus seis álbuns de originais, mas revestidas agora de novas fusões sonoras, onde se juntam linhas melódicas do passado e do presente, além do seu “portfolio”.
A artista revisita ainda temas como “Argila de Luz” da Banda do Casaco, “Manifiesto” do chileno Victor Jara, “Benditos” de Zeca Afonso, “Monção” da Sétima Legião ou até “song of the Sybil” dos míticos Dead Can Dance, a par ainda com sonoridades tão variadas de influência judaica, portuguesa e afro-brasileira.
Uma longa carreira
Né Ladeiras, é o nome artístico da cantora portuguesa Maria de Nazaré de Azevedo Sobral Ladeiras, nascida no Porto, a 10 de agosto de 1959.
Nasceu numa família com grandes afinidades com a música. A mãe cantava em programas de rádio, o pai tocava viola e o avô materno tocava guitarra portuguesa, braguesa, cavaquinho e instrumentos de percussão. Com 6 anos participa no Festival dos Pequenos Cantores da Figueira da Foz. Durante a sua adolescência integra vários projetos musicais, entre os quais um duo acústico formado com uma amiga da escola.
A sua carreira musical começou realmente com a fundação, em 1974, com diversos amigos, da Brigada Victor Jara. Né Ladeiras passou depois pelos Trovante, com o qual grava o single Toca a Reunir, ainda antes de o grupo se tornar um sucesso, seguindo-se a Banda do Casaco.
Em 1984, Né Ladeiras grava aquele que viria a ser o seu maior sucesso, o álbum Sonho Azul, com produção de Pedro Ayres Magalhães (membro dos Heróis do Mar e futuro mentor dos Madredeus e Resistência), que também assina as letras e partilha, com Né Ladeiras, a composição das músicas. O disco é dedicado a todas as pessoas que fizeram do cinzento um “Sonho azul” e ao filho Miguel. Dos oito temas, os que obtém maior notoriedade são: Sonho Azul, Em Coimbra Serei Tua e Tu e Eu.
Em 1988, integra o projeto Ana E Suas Irmãs. Em 1993, participa nas gravações de «Matar Saudades», tema bónus incluído na edição em CD do disco «Banda do Casaco com Ti Chitas».
Em 1994, edita o seu terceiro álbum, «Traz-os-Montes», que resulta de dois anos de pesquisa de material relacionado com a música e a cultura tradicionais transmontanas (onde veio a descobrir raízes na família), nomeadamente as recolhas efetuadas por Michel Giacometti e por Jorge e Margot Dias. O disco recebeu o Prémio José Afonso.
A qualidade de temas como Çarandilheira e Beijai o Menino fazem deste disco, que é a revisitação de temas tradicionais transmontanos interpretados em dialeto mirandês, a sua obra-prima e um dos melhores discos de sempre da música portuguesa.
No Natal de 1995 é editado o disco «Espanta Espíritos», disco de Natal idealizado e produzido por Manuel Faria (seu colega nos tempos dos Trovante), no qual participam diversos artistas, entre os quais se destaca Né Ladeiras que interpreta o tema “Estrela do Mar”.
Em 1997, edita o álbum «Todo este Céu», inteiramente dedicado às canções de Fausto.
Na Expo98. partilha «Afinidades» com Chico César numa iniciativa que “desafia cantoras nacionais a conceberem um espetáculo para o qual convidam um ou uma vocalista que seja para elas uma referência”. Edita ainda o álbum «Da Minha Voz» (2001), «Anamar, Né Ladeiras e Pilar – Ao Vivo» (2002).