Um novo presidente, outras caras novas em lugares de destaque na direção e elementos que estiveram ao longo dos últimos anos na linha da frente da associação, incluindo a ex-presidente Anabela Moutinho. O Cineclube de Faro elegeu uma nova direção há cerca de duas semanas e tem agora como rosto Carlos Rafael Lopes.
Sangue novo há muito pedido por Anabela Moutinho, que passa o testemunho quase 20 anos depois de se ter tornado dirigente da coletividade algarvia. Uma boa altura para fazer um balanço com os que cedem o lugar e perspetivar o futuro com os que o ocupam.
Carlos Rafael Lopes, mais conhecido por Rafa, e Anabela Moutinho foram os convidados desta semana do programa radiofónico «Impressões», dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM.
Em início de mandato, Carlos Rafael preferiu deixar para mais tarde, nomeadamente para abril, altura em que o Cineclube de Faro celebrará 55 anos, o anúncio dos projetos que pretende levar a cabo no próximo biénio. Mas é certo que tudo o que virá a ser feito irá no sentido da renovação.
Carlos Rafael é sócio do Cineclube desde 1998, pouco tempo depois de se ter mudado do centro do país para Faro, para estudar Engenharia Biotecnológica na Universidade do Algarve.
Na visão de Anabela Moutinho, Carlos Rafael «é a pessoa mais do que ideal» para dar início a um novo ciclo no Cineclube, por ser ainda jovem, mas já ter pertencido à direção da associação e «ter os conhecimentos técnicos necessários».
Tendo em conta o cenário atual de crise, um dos desafios que o novo presidente do Cineclube terá de enfrentar é o financiamento da associação. Mas assume outro que «qualquer associação tem de abraçar», o de trazer mais caras novas e jovens para o Cineclube de Faro.
«Um dos objetivos tem de passar, obviamente, por isso. O público do Cineclube, não tendo diminuído de uma forma drástica, nota-se que há uma tendência de queda no público e no número de sócios», disse.
Assim, a nova direção vai tentar «não só tentar trazer de novo alguns dos sócios que se afastaram», mas também caras novas. E admite criar condições para que aqueles que, por exemplo, têm filhos mais novos, possam assistir às sessões, sem preocupações.
Apesar de a nova sede, inaugurada há pouco mais de um ano, ter uma vertente de espaço jovem, que o Cineclube se comprometeu a dinamizar e a proporcionar de forma gratuita aos farenses, ainda não há condições técnicas para o fazer. «O Espaço Internet ainda não está a funcionar, pois os dois computadores que nos foram prometidos pela ANA-Aeroportos ainda não chegaram», disse Anabela Moutinho.
Renovação deve acontecer «a cada 10 ou 15 anos»
«Sempre achei que uma associação devia ter uma renovação na direção a cada 10 ou 15 anos. Porque depois, e eu sentia-me assim, em vez de ser uma cara que represente o dinamismo, a persistência e, às vezes, até a coragem, o presidente acaba por ser um fator de estagnação», considerou Anabela Moutinho.
A ex-presidente do Cineclube acredita mesmo que esse pode ser um dos fatores que justifica que uma associação cultural como o cineclube tenha o mais baixo número de sócios na faixa etária «dos 20 aos 30 anos».
Anabela Moutinho acredita que, no que toca aos universitários e ao seu alheamento das atividades da associação, possa ser a falta de renovação a culpada. «Consciente ou inconscientemente, isso adveio do facto de ser eu o presidente. Para mim isso era muito evidente», disse Anabela Moutinho.
«Representei este Cineclube tempo demais e apresentei demasiados filmes naquela sala do IPJ. Necessariamente tinha de cansar as pessoas», acredita. Certo é que Anabela Moutinho há muito anos que procura passar o testemunho. «Eu já andava atrás do Rafa há muito tempo, para ser o novo presidente. Há quinze anos que me dizia que não sabia se ia cá ficar, mas desta vez não admiti essa desculpa», confessou, a rir, Anabela Moutinho.