«Se o céu existe, e eu acredito que sim, então o céu é isto». Foi desta forma que Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, reagiu ao concerto de abertura do Festival de Órgão do Algarve, que este ano, pela primeira vez, teve lugar na Igreja Matriz da capital do Barlavento Algarvio.
O concerto, que teve casa cheia, juntou o organista Nuno Alexandrino e o Coral Adágio, sob a direção do maestro António Alves. E o que se ouviu foi…divino.
Na abertura, ainda antes de soarem as primeiras notas do órgão de tubos datado de 1886, Patrícia Neto Martins, responsável pela organização do Festival que, este ano sai pela primeira vez das igrejas de Faro, salientou a necessidade de o instrumento ser alvo de restauro.
«Este é um órgão que não está nas melhores condições e precisa urgentemente de restauro, é preciso pô-lo a tocar como deve ser», disse Patrícia Neto Martins, perante um público que incluía, na primeira fila, a presidente da Câmara Isilda Gomes, a vereadora da Cultura Ana Fazenda e ainda Alexandra Gonçalves, diretora regional de Cultura do Algarve.
Voltando-se para a assembleia que enchia todos os bancos da igreja, a responsável pelo Festival instou: «este órgão é vosso, é um património vosso, da paróquia, do município, da diocese». Em resposta, no final do concerto, Isilda Gomes deixou a promessa de tentar garantir verbas para o restauro, em 2017, provavelmente envolvendo a população e a economia local.
O concerto foi dividido em duas partes, a primeira com sete peças de seis compositores dos séculos XVII, XVIII e XIX (John Travers, S. Karg-Elert, Johann Sebastian Bach, Georg Philipp Telemann, Louis Nicolas Clérambaut e Maurice Greene), interpretadas apenas, e com mestria (apesar das deficiências anunciadas do órgão de tubos), por Nuno Alexandrino.
Seguiu-se depois a interpretação da peça «Stabat Mater», composta no século XVIII pelo português João Rodrigues Esteves, e aqui apresentada pelo Coral Adágio e pelo organista Nuno Alexandrino.
O maestro António Alves, responsável pelo Coral Adágio, recordou os que, como ele, durante muitos anos ouviram o órgão da igreja matriz de Portimão a acompanhar a liturgia e sublinhou que esta seria «a primeira vez em que o vamos ouvir em contexto de concerto e não de liturgia».
O Festival de Órgão do Algarve ainda voltará a Portimão no dia 11 de Novembro, de novo na Igreja Matriz, com o organista Rafael Reis. O próximo concerto está marcado para 4 de Novembro, na Igreja Matriz de Boliqueime, com João Paulo Janeiro,
Nesta nona edição, pela primeira vez alargada de Faro para os concelhos de Portimão, Loulé a Tavira, haverá 10 concertos, distribuídos por cinco igrejas «com órgãos de tubos em condições (razoáveis) de ser tocados em público». Um conjunto de concertos que a organização considera mesmo ser «uma ousadia».
E ousadia porquê? Pela «dispersão geográfica, com dificuldades acrescidas na calendarização e logística do evento». Pela «dimensão financeira, com obstáculos maiores para ultrapassar e maior número de parceiros para (e ainda por) conquistar». E finalmente «uma ousadia no aliciamento de novo público para um evento de raiz em novos locais».
No concerto de Portimão, entre o público, além de muitos portugueses e estrangeiros residentes em Portimão e nos concelhos limítrofes, ouviu-se também falar outras línguas, nomeadamente francês, de turistas que descobriram o evento e não o quiseram perder.
Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação
Programa – próximos concertos:
FARO
5 de Novembro | Igreja do Carmo | João Paulo Janeiro e Filipa Oliveira (flauta de bisel)
12 de Novembro | Igreja do Carmo | Rafael Reis
19 de Novembro | Igreja da Sé | Tiago Ferreira
26 de Novembro | Igreja da Sé | Tadeu Filipe
PORTIMÃO
11 de Novembro | Igreja Matriz| Rafael Reis
BOLIQUEIME
4 de Novembro | Igreja Matriz | João Paulo Janeiro
18 de Novembro | Igreja Matriz | Nuno Alexandrino
TAVIRA
18 de Novembro | Igreja de Santiago | Tiago Ferreira
25 de Novembro | Igreja da Misericórdia | Tadeu Filipe