O processo de classificação, com um grau nacional, da «Fábrica do Inglês, incluindo os seus jardins e o património móvel integrado, onde se inclui o do Museu da Cortiça» de Silves, ou seja, o seu espólio, já foi aberto pela Direção-Geral do Património Cultural (DGCP). O anúncio da abertura do procedimento foi publicado em Diário da República, a 14 de abril.
A intenção de avançar para este processo de classificação nacional tinha sido anunciada em Fevereiro, pelo diretor do Serviço de Bens Culturais da Direção Regional de Cultura do Algarve, durante o Fórum «O Futuro do Museu da Cortiça», que decorreu em Silves, tal como o Sul Informação então revelou em primeira mão.
Ao que o nosso jornal apurou, o grau exato da classificação da Fábrica, do antigo Museu e do seu espólio, com um estatuto que poderá ser de bem imóvel de interesse nacional ou de interesse público, em ambos os casos nas categorias de monumento ou conjunto, será decidido pelo Conselho Nacional de Cultura, por proposta da DGPC. A decisão final será do ministro da Cultura, por portaria ou decreto.
Neste caso, visto que se trata de um procedimento de classificação com um grau nacional, apesar de serem obrigatoriamente consultados, os proprietários, mesmo que se oponham, não impedem que o processo avance. Aliás, os prazos para apresentação de reclamação e de recurso são, respetivamente, os dias 6 de maio e 30 de maio.
Daí que, mesmo que a empresa do Grupo Nogueira atual proprietária do espólio do Museu da Cortiça de Silves se oponha à classificação, não conseguirá emperrar o avanço do procedimento, como aconteceu antes, quando a Câmara de Silves fez uma primeira tentativa de classificar a coleção da estrutura museológica, como de interesse municipal.
Enquanto durar o procedimento nacional, lançado pela DGPC, «os bens em vias de classificação e os bens imóveis localizados na zona geral de proteção (50 metros contados a partir dos seus limites externos)» não podem sofrer qualquer alteração.
O mais curioso nesta questão é que, quanto ao espólio do Museu da Cortiça, comprado em Maio de 2014 por uma empresa do Grupo Nogueira, há neste momento dois processos de classificação a decorrer: um lançado pela Câmara de Silves em Outubro passado (é a sua segunda tentativa), como de interesse municipal; e este, lançado pela DGPC, após proposta da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI) e da Direção Regional de Cultura do Algarve, como de interesse nacional.
O facto de ter sido dado início a este segundo processo, da responsabilidade da DGPC (ex-Igespar), não fez parar o que a autarquia silvense tinha começado, antes o reforça.