As apresentações públicas do projeto “Corações ao alto”, espetáculo descrito como «uma experiência de canto e escuta», da autoria de Margarida Mestre, vão decorrer na Igreja da Misericórdia de Aljezur, no sábado, dia 28 de maio, às 17h30, e no domingo, 29, às 11h30. A entrada é livre.
“Corações ao alto” é um conjunto de peças vocais, construídas originalmente a partir da experiência da escuta de celebrações religiosas que se praticam na cidade de Lisboa.
Margarida Mestre, a orientadora do coro, foi assistir a essas práticas e, depois, com muito cuidado e sentido musical, irá construindo com o grupo de participantes a partitura musical que compõe a peça.
«De forma geral não compreendemos as palavras mas sentimos como o som das vozes se propaga harmoniosamente no espaço e cada tema desenha a essência e intenção de cada oração», explicam a Tertúlia Associação Sócio – Cultural de Aljezur, que produz o espetáculo a apresentar em Aljezur.
Para chegar a estas duas apresentações ao público, têm estado a decorrer, desde segunda-feira, 23 de Maio, e até 27, os ateliês/ensaios diários de som, escuta e canto, com a participação aberta de pessoas da comunidade, que se inscreveram.
É que esta peça para coro, com cerca de 30 minutos, será interpretada por pessoas que habitem no concelho de Aljezur ou limítrofes e que queiram participar, celebrando musicalmente um encontro de culturas, que passará pela vivência do sentido do religioso de um lugar.
Os participantes são todos aqueles que gostem de cantar: adultos, jovens e crianças maiores de 8 anos, para dar voz a uma partitura musical original (partituras vocais e físicas).
Com esta peça, explica Margarida Mestre, «pretende-se celebrar musicalmente um encontro de culturas que tem maior expressão nas suas práticas religiosas». Os temas são inspirados nas religiões: Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo e Sufismo.
“Corações ao Alto” teve a sua estreia em Setembro de 2013, no âmbito do Festival Todos em Lisboa, e foi reposto em Fevereiro de 2016, no programa VÃO, na Igreja de São Cristóvão, também em Lisboa.
Aljezur, tal como outros locais no Algarve, foi ponto de confluência de várias culturas (a confluência entre o Oriente e o Ocidente, o Islamismo e o Cristianismo). Ainda hoje o é com uma população estrangeira residente e não-residente bastante grande e com credos diferenciados.
Quem é Margarida Mestre?
Margarida Mestre tem formação em Educadora de Infância (Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich), Sonoplastia (IFICT) e Dança pelo Fórum-dança (técnica e composição) e tem o Mestrado em Artes Performativas- Teatro do movimento – pela ESTC de Lisboa.
Tem orientado, em Lisboa e noutras cidades do país, diversos ateliês dentro da área do corpo e da voz, resultante da sua investigação e prática como performer e da sua experiência de cruzamento entre as artes e a pedagogia. Tem sido uma das artistas convidada para o projeto 10X10 da Fundação Calouste Gulbenkian.
Após larga formação e trabalho de interpretação com coreógrafos nacionais e internacionais, foi bolseira em Nova Iorque, onde estudou dança no Mouvement Research e iniciou a sua aprendizagem e experiência em redor do trabalho de voz, no laboratório LOOP do Voice Lab de Lynn Book, onde iniciou o seu trabalho de autoria em redor do corpo e da voz.
Trabalhou na área da orientação ou composição vocal com a coreógrafa Marina Nabais, nas peças “Avesso” e “Por um rio”; na peça “Duas sem três”, com a companhia Raiz di Polón; ou na peça “Íman” e “Força” (Companhia Maior), ambas de Filipa Francisco.
Tem desenvolvido um trabalho de Criação Artística na área da voz/coro junto de comunidades específicas, tais como o “Coral Bestial” em Viseu; o Grupo de Cantares de Espinheiro, Alcanena; a peça “Oxalá”, criada no âmbito do Festival Circular em Vila do Conde (com 6 concertinistas e um grupo do Corpo); a palestra/concerto “Alento”, em Ferreira do Alentejo; a proposta “Corações ao alto”, a partir de sonoridades de várias religiões, integrado no festival Todos, 2013, em Lisboa; ou ainda o “Recital Popular”, Festival Silêncio, 2015.
Estudou voz com Shelley Hirsch e Lynn Book (ambas em Nova Iorque), David Moss, Japp Blonk, Miriam di Palma, Valérie Marestin, Amélia Cunni, Nona Hendrix, Chris Mann, Michiko Hirayama, no Institute for the living voice, e com Phill Minton no “Pheral Choir”- Festival CO-Lab, Porto.
Em 2008, participou no Workshop intensivo de três semanas: “The creative voice”, orientado por Kaya Anderson, Susanne Weins, Albino Bignamini e David Goldsworthy, no Roy Hart International School, Malerargues, França.
E em 2010, no mesmo local, participou no workshop de Jonathan Hart Makwaia e Rosemary Quinn.
Desenvolve um trabalho de pesquisa e experimentação em redor do cruzamento das linguagens do texto, corpo e voz.