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«Passados três anos de DiVaM, já se nota maior dinâmica nos monumentos do Algarve», afirma Raquel Roxo, técnica superior da Direção Regional de Cultura, entidade que promove, desde 2014, aquele programa destinado a levar as artes aos monumentos da região.

Este domingo, dia 18, o concerto de encerramento de mais um ciclo do DiVaM, o programa de Divulgação e Valorização dos Monumentos do Algarve, levou quase meia centena de pessoas à Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, perto da Raposeira (Vila do Bispo).

Do violino de João Pedro Cunha e do piano de Elena Tsouranova, ouviu-se um «programa eclético», que celebrou o Natal de forma menos óbvia, transmitindo «vários sentimentos, emoções e estados de espírito», como os que Jesus Cristo, «que também teve uma vida muito variada», terá experimentado ao longo da sua vida, como explicou o músico.

Programa do recital de Violino e Piano

Friedrich Handel
Sonata em Ré Maior HWV 371
Largo Maestoso
Allegro
Larghetto
Allegro com brio

Fritz Kreisler
Schön Rosmarin
Marche Miniature Viennoise

Igor Frolov
Romance

Herman Clebanoff
Milionaire’s Hoedown

Sergei Rachmaninoff
Vocalise

Federico Fiorillo
Capricho em Ré

Jules Massenet
Meditação

Astor Piazzolla
Libertango

Vittorio Monti
Czardas

Franz Schubert (extra programa)
Ave Maria

«O DiVaM é um programa especificamente pensado para os nossos monumentos, que não ficam em grandes centros urbanos, mas nas aldeias, para atrair visitantes, sobretudo reforçando os laços com a comunidade local. E é o que se tem passado: de iniciativa para iniciativa, vê-se que há já um público fidelizado, de portugueses ou estrangeiros residentes, que gostam de acompanhar esta programação cultural. Mas também há sempre muitas pessoas que assistem pela primeira vez, ou porque são turistas ou porque estão de visita», explicou Raquel Roxo, responsável pela coordenação do programa.

Ali, na Ermida de Guadalupe, o público espelhava isso mesmo: havia muitos residentes no concelho de Vila do Bispo ou vizinhos, portugueses e estrangeiros, mas também pessoas que ouviram falar do concerto e ali foram para uma espécie de dois em um: conhecer o monumento e ouvir boa música ao final da tarde. Um dos mais atentos espectadores era um senhor que chegou à Ermida de Guadalupe durante a tarde, para a desenhar, e acabou por ficar para o concerto.

E o curioso é que uma das pessoas que ainda não conhecia a pequena igreja de Guadalupe era a própria pianista Elena Tsouranova, que se manifestou «encantada».

Ao fim de três ciclos, o DiVaM apresenta um «balanço muito positivo», garantiu Raquel Roxo, em declarações ao Sul Informação. «Este trabalho de três anos tem-nos servido para afinar e melhorar as estratégias, mas posso dizer que se trata de um programa que já se afirmou, que conseguiu o seu espaço e o seu público».

Para mais porque, além de usar os monumentos como palco ou pretexto para as mais variadas formas de expressão artística – música, dança, teatro, artes plásticas, performances -, o DiVaM permite ainda juntar tudo isso numa dimensão mais completa, dando a descobrir a paisagem e o património natural e histórico-cultural, com passeios, conferências e até experiências. E as propostas partem dos agentes culturais da região, ajudando a consolidar e a financiar o seu trabalho.

É por isso que, ontem mesmo, foram abertas as candidaturas para o novo ciclo de 2017, cujo tema será «Lugares de Globalização».

Raquel Roxo anunciou ainda que, ao mesmo tempo, foram lançadas as normas regulamentares de candidatura, que definem os requisitos e os critérios de seleção. «São normas para ajudar as associações a apresentarem as suas propostas da melhor forma e para nos ajudar, a nós, a avaliar essas propostas de forma mais criteriosa».

É que, explica, «as propostas têm que se adaptar à dimensão patrimonial de cada monumento e até às condições físicas e às suas dinâmicas de funcionamento».

Alexandra Gonçalves, diretora regional de Cultura do Algarve, em entrevista à Rádio Universitária do Algarve (RUA FM), disse que 2016 foi um ano em que «o DivAm se afirmou e consolidou», de modo a «continuar a dar uma dinâmica de novidade, através de programação diversificada, envolvendo vários estilos artísticos».

Ao longo deste ano até houve menos atividades que em 2015 – 53 atividades, no total – mas isso permitiu um recentrar do programa à volta de ciclos temáticos e dias-chave. Foram menos iniciativas, mas «mais centradas nas famílias e nos mais e menos pequenos», que acabaram por criar um público fiel. «As pessoas hoje já nos pedem a programação do DiVaM e já sabem aquilo a que querem ir», salientou Alexandra Gonçalves.

O violinista João Pedro Cunha, que é convidado frequente do DiVaM, salientou, em declarações ao Sul Informação, que o programa é «fantástico» para dar a conhecer os monumentos. «Muitas pessoas desconhecem estes monumentos, mas o facto de haver aqui um concerto, por exemplo, dá-lhes um pretexto para os vir conhecer e depois passam palavra».

Mas, mesmo para os artistas, o uso dos monumentos é algo que lhes dá grande satisfação. «Todos estes locais têm uma carga histórica e emocional muito grande. Tudo isso acaba por transmitir-se na nossa música, porque é muito diferente tocar aqui na Ermida de Guadalupe, com esta acústica maravilhosa e estas pedras que falam, ou tocar num auditório moderno. Acabamos por sentir-nos especiais», frisou João Pedro Cunha.

E especial foi mesmo o concerto, que terminou com a «Ave Maria» de Schubert, que não estava prevista no programa, mas que o violinista sentiu «fazer todo o sentido» naquele templo. E enquanto se ouviam as notas mais delicadas da peça de Schubert, lá fora passava um rebanho de ovelhas, com os seus badalos a fazerem lembrar «água a correr numa ribeira». Uma forma muito bonita de terminar este DiVaM 2016.

 

Veja e oiça aqui João Pedro Cunha e Elena Tsouranova interpretarem «Libertango», de Piazzolla:

 

 

 

 

Fotos e vídeo: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

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